quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Ocupação/Campo do Meio/MG: Despejo, não/Audiência Pública/ALMG/Vídeo 4/D...



Acampamentos do MST, em Campo do Meio: Despejo, não. Audiência Pública/ALMG – Vídeo 4/Dr. Willian Santos: “Não vai haver derramamento de sangue, como em Felisburgo”. 22/11/2018.


Audiência Pública foi realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir a Liminar de Reintegração de Posse expedida por Juiz da Vara Agrária contra o Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, sul de Minas. Trata-se de um conflito agrário que se arrasta há anos, desde que a antiga Usina de Ariadnópolis decretou falência, deixando trabalhadores sem receber salários, somando mais de 300 milhões de dívidas trabalhistas. Os trabalhadores decidiram ocupar as terras abandonadas, ociosas e nelas continuarem trabalhando e produzindo, como forma de garantir seus direitos. Essa arbitrária e injusta decisão judicial, se mantida, terá consequências desastrosas e desumanas: serão destruídos 1.200 hectares de lavoura de milho, feijão e mandioca, 40 hectares de horta e 520 hectares de café. A produção agroecológica, orgânica é o diferencial do trabalho nessas terras. Além disso, centenas de casas, currais e quilômetros de cerca serão derrubados. Tudo o que os camponeses e camponesas do Quilombo Campo Grande (11 Acampamentos) do MST construíram em décadas de trabalho será destruído. São 3.900 hectares com quase 2.000 trabalhadores/as fazendo a terra produzir. São 450 familias totalmente integradas nessas terras, onde tem, inclusive, uma Escola Estadual em pleno funcionamento. Não restam dúvidas de que essa liminar de reintegração de posse é imoral, ilegal, e fere totalmente o principio da dignidade humana ao desconsiderar a vida dessas famílias no Quilombo Campo Grande, durante 20 anos. Nesse vídeo, a intervenção do Dr. Willian Santos, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG, que afirmou que documentos apresentados pelas famílias sobre seu trabalho e a produtividade das terras serão utilizados para reforçar o Agravo de Instrumento pela revisão da decisão judicial. Dr. Willian foi também incisivo ao afirmar que “não vai haver derramamento de sangue”, lembrando o massacre de Felisburgo/MG.
*Vídeo original das gravações do streaming da TV Assembleia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Divulgação de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CPT e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 22/11/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Quilombo Campo Grande/MST/MG: A terra produz e reergue Campo do Meio/Víd...









Quilombo Campo Grande, do MST, em Campo do Meio/MG: Fazendo a terra produzir, a Ocupação reergueu a cidade de Campo do Meio. Audiência Pública na ALMG. Vídeo 3: Fala de Tiãozinho do MST. 22/11/2018.

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou no dia 22/11/2018, no Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira, Audiência Pública para debater a gravíssima e injusta ameaça de despejo das 450 famílias de Sem Terra do Quilombo Campo Grande (11 Acampamentos), do MST, que ocupam há 20 anos o mega latifúndio da antiga usina Ariadnópolis (3.900 hectares), em Campo do Meio, sul de Minas Gerais. A Usina Ariadnópolis, que faliu em 1996, deixou milhares de trabalhadores/as sem receber salários e os direitos trabalhistas e deixou também a terra abandonada, sem cumprir qualquer função social. As dívidas ultrapassam 300 milhões de reais. Com a Ocupação, trabalhadores e trabalhadoras buscaram a garantia dos seus direitos. São 11 Acampamentos em um latifúndio de 3.900 hectares, com quase 2.000 trabalhadores/as que cultivam na terra o café orgânico Guaií e diversos outros produtos, sem agrotóxicos, de forma agroecológica. Nesse vídeo, a intervenção do vereador Sebastião Mélia Marques, o Tiãozinho do MST, que reafirmou a produtividade da terra com o trabalho dos camponeses e camponesas, lembrando que essa produção é que fez reerguer a cidade de Campo do Meio, movimentando a economia, contribuindo para o seu desenvolvimento em todos os setores.
*Vídeo original das gravações do streaming da TV Assembleia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Divulgação de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CPT e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 22/11/2018.
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quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Ocupação Chico Rei/Ouro Preto/MG: O direito à moradia com segurança e di...





Ocupação Chico Rei, em Ouro Preto/MG: O direito à moradia com segurança e dignidade. 04/7/2018.

Aproximadamente 70 famílias fazem parte da Ocupação Chico Rei, em Ouro Preto, MG, acompanhada pela Central de Movimentos Populares (CMP). A Ocupação Chico Rei começou em 25/12/2015, com a ocupação das terras da siderúrgica Novelis, antiga Alcan, transnacional produtora de alumínio. Vale ressaltar que as terras foram cedidas à Noveli, pelo município, como incentivo à geração de empregos. Como a empresa fechou as portas, o justo é que as terra retornem ao município, ao povo. As famílias permaneceram nesse terreno por um mês e migraram para o terreno da antiga FEBEM (Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor) de Ouro Preto, onde permanecem. As terras da antiga FEBEM pertencem ao Estado de Minas Gerais e estão cedidas à Prefeitura de Ouro Preto, em regime de comodato, desde 1999. A Prefeitura abandonou tudo e as terras, em sua maioria, foram griladas. A Ocupação está instalada em uma pequena parte da área. As famílias lutam pelo direito de construir suas moradias com segurança e dignidade nessas terras e fazer desse espaço um bairro novo, bem planejado, uma vez que Ouro Preto, cidade patrimônio cultural da humanidade, empurra os pobres para áreas de risco, já que não oferece política pública de moradias populares e um grande número de famílias não consegue sobreviver sob a pesadíssima cruz do aluguel. O nome da Ocupação - Chico Rei - é em homenagem a uma grande liderança negra. Chico era rei de uma tribo na África, foi capturado, trazido para o Brasil, feito escravo, juntou dinheiro e comprou sua liberdade e de seus companheiros. É justo, ético e necessário que o Governo de Minas Gerais e a Prefeitura de Ouro Preto se posicionem em favor das famílias da Ocupação Chico Rei, que exercem seu legítimo direito de lutar pela moradia em terras públicas e ociosas, para que essas terras cumpram sua função social e lhes garantam viver com segurança e dignidade. O Poder Público não deve e não pode render-se a interesses do capital, à especulação imobiliária. É preciso servir ao bem comum e respeitar o direito fundamental e sagrado a que todas e todos têm direito: a moradia.

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Ouro Preto, MG, 04/7/2018.
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Quilombo Campo Grande/MST/MG: a terra produz e reergue Campo do Meio/Víd...





Quilombo Campo Grande, do MST, em Campo do Meio/MG: Fazendo a terra produzir, a Ocupação reergueu a cidade de Campo do Meio. Audiência Pública na ALMG/Vídeo 3: Fala de Tiãozinho do MST. 22/11/2018.

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou no dia 22/11/2018, no Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira, Audiência Pública para debater a gravíssima e injusta ameaça de despejo das 450 famílias de Sem Terra do Quilombo Campo Grande (11 Acampamentos), do MST, que ocupam há 20 anos o mega latifúndio da antiga usina Ariadnópolis (3.900 hectares), em Campo do Meio, sul de Minas Gerais. A Usina Ariadnópolis, que faliu em 1996, deixou milhares de trabalhadores sem receber salários e os direitos trabalhistas e deixou também a terra abandonada, sem cumprir qualquer função social. As dívidas ultrapassam 300 milhões de reais. Com a Ocupação, trabalhadores e trabalhadores buscaram a garantia dos seus direitos. São 11 Acampamentos em um latifúndio de 3.900 hectares, com quase 2.000 trabalhadoras que cultivam na terra o café orgânico Guaií e diversos outros produtos, sem agrotóxicos, de forma agroecológica. Nesse vídeo, a intervenção do vereador Sebastião Mélia Marques, o Tiãozinho do MST, que reafirmou a produtividade da terra com o trabalho de quase 2.000 camponeses e camponesas, lembrando que essa produção que fez reerguer a cidade de Campo do Meio, em todos os setores, movimentando a economia, contribuindo para o seu desenvolvimento em todos os setores.

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 22/11/2018.
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Vem ai os 40 anos da CPT-MG (1979 a 2019): Tributo a Alvimar e Tiãozinho...





Vem ai os 40 anos da CPT-MG (1979 a 2019): Tributo a Alvimar Ribeiro e Tiãozinho (in memorian), ambos da CPT/MG. 21/11/2018.

No dia 21 de novembro de 2018, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou Audiência Pública em homenagem aos 40 anos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Minas Gerais. Na audência, foi ressaltado o importante atuação da CPT em Minas Gerais e em todo o Brasil na luta pela terra, junto aos camponeses e camponesas, trabalhadores e trabalhadoras rurais, agricultores familiares, comunidades tradicionais como quilombolas e povos indígenas, além de sua atuação também em defesa das águas e da terra e de toda biodiversidade da vida. Na audiência, a CPT-MG foi representada por frei Gilvander Moreira que, em seu pronunciamento, destacou que a CPT completa 40 anos em um cenário que indica que os próximos 40 serão também de muita luta. “Temos mais do que a convicção, temos a experiência e a história da luta do campesinato para demonstrar que enquanto continuar a injustiça agrária, não teremos justiça social”, afirmou. Nesse vídeo, exibido durante a audiência, a homenagem da CPT-MG (in memorian) a Alvimar Ribeiro e Sebastião Clemente de Souza, o Tiãozinho, grandes agentes de pastoral da Comissão Pastoral da Terra, que, com seu testemunho profético, deixaram grandes exemplos a serem seguidos nessa luta pela terra e por direitos.

*Vídeos originais gravados por frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 21/11/2018.

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Famílias das Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte, tiveram casas dest...



Famílias das Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte, tiveram casas destelhadas. Ajude! 24/11/2018.

Kely, um de seus filhos, e Josi, da coordenação da Ocupação
 Helena Greco, na Izidora, em BH. foto: frei Gilvander

Muitas famílias das Ocupações-comunidades da Izidora em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG (Rosa Leão, Esperança, Vitória e Helena Greco) tiveram suas casas destelhadas pelas fortes chuvas e fortes rajadas de ventos nos últimos dias. Nesses últimos dias, fortes temporais causaram destruição e até mesmo mortes na cidade de Belo Horizonte. Na região da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, muitos moradores tiveram suas casas destelhadas, entre outros estragos, e passam por sérias dificuldades. São famílias sem recursos financeiros para colocar novas telhas ou endividadas por tentar fazer os reparos necessários, sem condições de quitar as dívidas, já que o pouco que ganham é insuficiente até mesmo para sua sobrevivência diária. Essas famílias precisam de ajuda urgente e contam com a solidariedade de pessoas de boa vontade para que, dentro do menor prazo possível, possam reconstruir o telhado de suas casas e retomar sua rotina de luta e resistência com o abrigo necessário. Nesse vídeo, o depoimento de moradores das Ocupações-Comunidades da Izidora sobre os estragos causados pelos temporais, suas dificuldades, seu apelo. Entre os depoimentos, também a intervenção de Charlene, da coordenação da Ocupação-Comunidade Rosa Leão, que fala da situação da Ocupação após os temporais e muito nos sensibiliza ao falar também do apoio à luta das 450 famílias do Quilombo Campo Grande (11 Acampamentos do MST) em Campo do Meio, sul de Minas Gerais, e da ajuda que essas famílias prestaram às Ocupações- Comunidades da Izidora, em tempos ainda mais difíceis de resistência, fornecendo-lhes grande quantidade e variedade de alimentos produzidos nas terras dos Acampamentos. Muitas famílias da região da Izidora, em Belo Horizonte, MG, precisam de socorro urgente. Faça a sua parte nessa corrente de solidariedade.

Quem puder ajudar as famílias das Ocupações da Izidora, favor entrar em contato com:
*Josi (Ocupação Helena Greco) - WhatsApp: 0xx31 98748 1736 *Charlene - (Ocupação Rosa Leão) - WhatsApp: 0xx31 98575 5745 *Édna - (Ocupação Esperança) - WhatsApp: 0xx31 98541 2758
*Lu - (Ocupação Vitória) - WhatsApp: 0xx31 98965 6115

ou com frei Gilvander (gilvanderlm@gmail.com)

“Solidariedade é o amor em movimento.”

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 24/11/2018.
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terça-feira, 27 de novembro de 2018

Kely, seus filhos e outras famílias na Izidora/BH, precisam de ajuda. Se...



Kely, seus filhos e outras famílias das Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte, MG, precisam de ajudar. Seja solidário/a - 24/11/ 2018.


Muitas famílias nas Ocupações-comunidades da Izidora (Rosa Leão, Esperança, Vitória e Helena Greco), em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, tiveram suas casas ou barracos destelhados pelas fortes chuvas e fortes rajadas de vento nos últimos dias na capital mineira. Eis um exemplo concreto, abaixo. Na divisa entre a Ocupação-Comunidade Helena Greco e Ocupação –Comunidade Rosa Leão, em Belo Horizonte, MG, uma família precisa de ajuda urgente. Trata-se de Kely e seus dois filhos, Keven, de 4 anos e meio, e Kawê, de 3 anos. Kely é portadora de pênfigo, doença popularmente conhecida como “fogo selvagem” e, por isso, recebe o Benefício de Prestação Continuada – LOAS, no valor de um salário mínimo. E é com esse salário mínimo que Kely sobrevive. A família mora em um barracão pelo qual paga 250,00 por mês. Cômodo único, sem banheiro, cheio de rachaduras e mofo, essa moradia deixa Kely e seus filhos em situação de maior vulnerabilidade ainda. Solidária, a Coordenação da Ocupação-Comunidade Helena Greco, por meio da Josi, uma das Coordenadoras, ofereceu moradia para Kely e seus filhos na Ocupação. Entretanto, o barraco disponibilizado ficou destelhado devido às fortes chuvas que ocorreram em Belo Horizonte, nos últimos dias. São necessárias 12 telhas para cobrir o barraco, no custo de, aproximadamente, 500 reais. A Comunidade não tem esse dinheiro para comprar as telhas. É urgente, portanto, a solidariedade das pessoas de boa vontade. Nesse vídeo, o depoimento comovente de Kely e da Josi, da Coordenação da Ocupação-Comunidade Helena Greco. É necessário o socorro urgente para doação de telhas.

Quem puder ajudar, favor entrar em contato com:
- Josi (Ocupação Helena Greco - 0xx31 98748 1736),
- Charlene (da Ocupação Rosa Leão - 0xx31 98575 5745),
- Edna (da Ocupação Esperança, zap n. 31 985412758)
ou Lu (da Ocupação Vitória - n. zap: 31 989656115)
ou com frei Gilvander (gilvanderlm@gmail.com) https://www.facebook.com/freigilvande...

“Solidariedade é a dor do outro doendo na gente.” (frei Gilvander)

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 24/11/2018.
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sábado, 24 de novembro de 2018

Ocupação do MST/Campo do Meio/MG: despejo, NÃO! ALMG/Dr. Afonso Henrique...





Ocupação do MST em Campo do Meio/MG: na ALMG - Dr. Afonso Henrique, procurador do MP/MG: "Trabalhadores rurais transformam terra abandonada em vida digna". Vídeo 2. 22/11/2018.

Aconteceu dia 22 de novembro de 2018, uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo deputado Cristiano Silveira (PT). O assunto: ameaça gravíssima e profundamente injusta de despejo de 450 famílias de Sem Terra do MST, acampadas há 20 anos no latifúndio de 3.900 hectares da ex-usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais. Essas 450 famílias estão totalmente inseridas na terra, da qual sobrevivem e fazem girar a economia da região, com produção agroecológica de diversos produtos, inclusive o Café Guaií, principal produto cultivado, que tem o diferencial de ser totalmente agroecológico. Moradores da Ocupação lotaram o Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira na ALMG, local da audiência, para pedir apoio contra a ordem de reintegração de posse e garantir sua permanência na terra. Nesse vídeo, a intervenção do Dr. Afonso Henrique de Miranda Teixeira, Procurador de Justiça e Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Conflitos Agrários, que defendeu os trabalhadores e as trabalhadoras rurais do Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, sul de Minas Gerais. Dr. Afonso Henrique foi enfático ao afirmar que o acampamento é um exemplo a ser seguido no Brasil, já que os trabalhadores “transformaram uma terra abandonada em vida e vida digna.” O Procurador de Justiça afirmou ainda que o Ministério Público vai atuar no sentido de reverter a decisão do TJMG.
*Vídeo original das gravações da TV Assembleia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Divulgação de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.
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Quilombo Campo Grande do MST/Sul de MG/ALMG/Dep. Rogério Correia/Vídeo 1...





Quilombo Campo Grande do MST, ameaça de despejo no sul de MG. Na ALMG, Dep. Rogério Correia - Vídeo 1. 21/11/2018.

A Comissão de Direitos Humanos, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em atendimento ao requerimento do Dep. Estadual Rogério Correia, do PT, realizou Audiência Pública no dia 22/11/2018 para debater sobre Ação de Reintegração de Posse do latifúndio da massa falida da ex- usina Ariadnópolis, ocupado por 450 famílias do Quilombo Campo Grande (11 Acampamentos do MST), em Campo do Meio, sul de Minas. Moradores da Ocupação lotaram o Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira na ALMG, local da audiência, para pedir apoio contra a ordem de reintegração de posse e garantir sua permanência na terra onde produzem grande quantidade de alimentos agroecológicos e têm sua vida inserida na terra, inclusive com Escola Estadual lá instalada. Nesse vídeo, a intervenção do Deputado Rogério Correia (PT), que defendeu um acordo entre as instituições para que a liminar de reintegração seja derrubada e as famílias tenham respeitado seu direito de permanecer na terra. Para ele, já se passaram duas décadas do início da ocupação, as famílias já estão estabelecidas, fizeram construções, produzem no local, e não é justo despejá-las agora.
*Vídeo original das gravações da TV Assembleia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Divulgação de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho,
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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Justo é assentar as 450 famílias do MST, em Campo do Meio, MG, no latifúndio da Ariadnópolis, e jamais despejar

Sem Terra do MST do latifúndio da ex-usina Ariadnópolis,
participando de Audiência Pública na Assembleia Legislativa
de Minas Gerais, em Belo Horizonte, dia 22/11/2018.
Foto: Wiliam Santos.



Justo é assentar as 450 famílias do MST, em Campo do Meio, MG, no latifúndio da Ariadnópolis, e jamais despejar. Por Gilvander Moreira[1]


Aconteceu ontem, dia 22 de novembro de 2018, uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo deputado Cristiano Silveira (PT). O assunto: ameaça gravíssima e profundamente injusta de despejo de 450 famílias de Sem Terra do MST, acampadas há 20 anos no latifúndio de 3.900 hectares da ex-usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais.
Em nome da Comissão Pastoral da Terra (CPT), eu disse lá ... “Agradecemos ao Deputado Rogério Correia e ao deputado Cristiano Silveira, ambos do PT, por terem realizado, dia 21 de novembro de 2018, Audiência Pública na ALMG em homenagem aos 40 anos da CPT/MG, ocasião em que apresentamos o livro anual da CPT “Conflitos no Campo Brasil”, relativo a 2017, e, emocionados, prestamos mais um Tributo aos Companheiros Alvimar Ribeiro e Tiãozinho (In memorian), ambos da CPT/MG.”
Sou testemunha da justeza e da legitimidade da luta pela terra em Campo do Meio, no latifúndio da ex-usina Ariadnópolis, pois acompanho a luta do MST no sul de Minas há mais de 10 anos. Já divulgamos vários textos, entrevistas e vídeos ecoando a voz e a luta dos Sem Terra do MST, acampados há 20 anos no mega latifúndio da ex-usina Ariadnópolis, que, após perpetrar grande devastação socioambiental, faliu em 1996, deixando milhares de trabalhadores sem receber salário e os direitos trabalhistas. Fiz uma Tese de Doutorado, na Faculdade de Educação da UFMG sobre a Luta pela Terra enquanto Pedagogia de Emancipação Humana. Uma das minhas experiências concretas de pesquisa foi justamente a Luta pela Terra em Campo do Meio. Se for preciso, podem arrolar minha Tese como documento que também atesta a legitimidade da luta das 450 famílias do MST no latifúndio da Ariadnópolis (A tese de Gilvander Luís Moreira sobre a Luta pela Terra está disponível no link http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-AVDG5Z/tese_de_gilvander_na_fae_ufmg___05_6_2017_texto_final.pdf?sequence=1 )

Estamos na Semana da Consciência Negra, em que celebramos Zumbi e Dandara, do Quilombo dos Palmares, de Alagoas, que, em 1670, contava com mais de 20 mil pessoas e resistiu por mais de 100 anos ao sistema escravista. Recentemente, os 11 Acampamentos do MST, em Campo do Meio, MG, em homenagem à resistência quilombola no estado de Minas Gerais, batizou o nome da sua luta de “Quilombo Campo Grande”, em que cada Sem Terra é outro Zumbi e outra Dandara. O Quilombo dos Palmares é considerado um grande símbolo nacional de luta, mas é importante também ressaltar que a antiga Confederação dos Quilombos Campo Grande vem sendo considerada por historiadores ainda muito maior do que foi o Quilombo dos Palmares, tendo sido composta por, pelo menos, 27 núcleos de resistência, espalhados por territórios que abrangem hoje, em Minas Gerais, o Centro-oeste, o Alto São Francisco, o Sudoeste e o Triângulo Mineiro e , em 1752, segundo o pesquisador Diogo de Vasconcelos, chegou a possuir vinte mil habitantes. Os líderes quilombolas Ambrósio e Pedro Angola da Confederação do Quilombo Campo Grande devem ser também lembrados por todos da luta. Na segunda metade do século XVIII, houve várias investidas repressivas que visavam desbaratar os principais núcleos quilombolas. A perseguição e a matança de negros escravizados foi grande e hedionda. O capitão do mato, Bartolomeu Bueno Prado, fez questão de trazer para mostrar ao governador da capitania de Minas Gerais 3.900 pares de orelhas de negros escravizados assassinados. Apesar da intensa perseguição, muitas pessoas quilombolas conseguiram fugir para as matas, pois a existência de rotas de fuga antes da chegada das milícias saqueadoras e repressivas era uma forte estratégia de resistência negra. A história oficial divulgou o extermínio total dos quilombolas, da mesma maneira que dizia não haver mais indígenas nas matas e nas vilas! Muitos indígenas e quilombolas se mantiveram na invisibilidade como forma de resistência ao sistema repressor e ao preconceito racial e social. Todavia, atualmente muitas comunidades remanescentes de quilombolas que estão se organizando e lutando por seus direitos em Minas Gerais têm a sua raiz na belíssima história dessa grande Confederação de Quilombos Campo Grande. Uma história que foi por muito tempo escondida pelos poderosos e que temos o dever de revelar e de divulgar!
A luta nesta região é, pois, muito antiga, e as perseguições por parte dos latifundiários e empresários do agronegócio continuam. Quem está insistindo no despejo das 450 famílias está incitando a violência e serão responsáveis caso ocorra massacre. A CPT/MG alertou o Estado de Minas Gerais 1,5 ano antes do massacre de Felisburgo, ocorrido dia 20 de novembro de 2004. Entretanto, o Estado permaneceu cúmplice do latifúndio e acabou acontecendo o massacre de Felisburgo. Será preciso ocorrer outro massacre de Sem Terra em Minas Gerais como o de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 17 de abril de 1996? Os Sem Terra de Campo do Meio já sofreram 11 despejos e estão determinados a não aceitar mais nenhum despejo. A luta dos Sem Terra do MST em Campo do Meio busca resgatar uma imensa dívida histórica com o povo negro e camponês, inúmeras vezes submetidos à situação análoga à escravidão no sul de Minas Gerais. Agentes de pastoral da CPT/MG atuaram no sul de MG ainda nas décadas de 1980 e 1990, ao lado de 15 sindicatos de Trabalhadores Rurais combativos, combatendo o trabalho escravo. Em Campos Gerais, próximo a Campo do Meio, na manifestação contra o despejo nas terras da Ariadnópolis, dia 7 de novembro último (2018), ficamos felizes ao encontrarmos ex-agentes da CPT/MG, hoje integrantes da Cooperativa Camponesa, que acolhe a produção orgânica, agroecológica das 450 famílias da Ariadnópolis, o Café Guaií inclusive, principal produto da Cooperativa, que tem o diferencial de ser totalmente puro.
Vários “acidentes” – crimes premeditados – ceifaram a vida de muitos trabalhadores boias-frias no sul de MG sendo transportados para a colheita do café, enquanto eram transportados em caminhões de boias-frias ou em ônibus velhos. No Município de Antônio do Amparo, na BR 381, um caminhão com 32 boias-frias tombou dia 19 de agosto de 2008. Resultado: 14 morreram na hora e outros 18 ficaram gravemente feridos. Campo do Meio já foi palco de luta contra a escravidão. Portanto, a luta pela terra em Campo do Meio nas terras da ex-usina Ariadnópolis é também para saldar um pouco essa imensa dívida histórica com o povo negro e camponês.
Recordo também que a desembargadora Márcia Maria Milanez, presente na audiência pública, quando era 3ª vice-presidenta do TJMG, ajudou a evitar o despejo da Ocupação Dandara, em Belo Horizonte, hoje com 2.500 famílias assentadas. Ela defendeu em uma postura sensata na época: “Quando se tem que despejar, deve-se despejar no início da ocupação e não depois que o povo já está enraizado”. Logo, como despejar 450 famílias que ocupam o latifúndio da Ariadnópolis há 20 anos, onde já estão mais do que enraizados? Onze despejos já foram feitos lá no latifúndio da Ariadnópolis, mas o povo reocupou. Recordo também que quando as 9 mil famílias das Ocupações-Comunidades da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, estavam sob gravíssima ameaça de despejo, em agosto de 2014, um grupo de Sem Terra do MST de Campo do Meio trouxe e partilhou com as famílias das Ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória) um caminhão de alimentos produzidos nos 11 Acampamentos do latifúndio da Ariadnópolis. Esse gesto de solidariedade nunca será esquecido pelo povo das Ocupações-Comunidades da Izidora que também se somarão na luta para impedir o despejo das 450 famílias em Campo do Meio. Portanto, mexer com o MST em Campo do Meio significa mexer também com as Ocupações da Izidora, na capital mineira.
Uma das bem-aventuranças de Jesus diz: “Felizes os humildes, porque conquistarão a terra” (Mateus 5,5). Eu digo: “Felizes vocês, Sem Terra do MST, que ocupam o latifúndio da Ariadnópolis há 20 anos, porque vocês conquistarão esta terra”. Por outro lado, é preciso dizer: malditos os que insistem em despejar os Sem Terra e egoisticamente só maquinam para continuar reproduzindo a privatização da mãe terra. A quem diz que “a lei e as decisões judiciais precisam ser respeitadas”, alertamos que a Lei Maior, a Constituição Brasileira de 1988, precisa, sim, ser respeitada, pois ela prescreve direito à terra, desapropriação de latifúndios que não cumprem a função social, como era o caso do latifúndio da ex-usina Ariadnópolis ao ser ocupado. Defender simplesmente o direito à propriedade é evocar a Constituição Imperial de 1824, a que prescrevia direito absoluto à propriedade. Isso não é mais tolerável no nosso país. Precisamos recordar que o Deus da Vida não é neutro e nem cúmplice de nenhuma opressão e nem discriminação. Ao criar tudo, o Deus da vida, nas ondas da evolução, criou a mãe terra para todos, não fez cerca e nem passou escritura de terra para ninguém. Como diz sensatamente o filósofo Rousseau, o mal entrou no mundo quando alguém resolveu cercar um pedaço de terra e dizer “isso é meu” e os vizinhos, de braços cruzados e resignados, aceitaram. Assim nasceu o latifúndio, a propriedade capitalista da terra, que é algo satânico e diabólico, pois no regime de agronegócio e monoculturas, mais do que commodities e acumulação de capital, os latifúndios e os grandes empresários do campo produzem desertificação do nosso território, epidemia de câncer e Alzheimer, além de expulsar o campesinato para as periferias das grandes cidades e engendrarem a violação dos direitos humanos fundamentais nas cidades. Por tudo isso, faremos o possível e o impossível para que a liminar de reintegração de posse seja suspensa e o assentamento definitivo das 450 famílias do MST aconteça na mãe terra de Ariadnópolis. Isso é o justo e pelo justo sempre lutaremos! “Nossos direitos vêm, nossos direitos vêm. Se não vêm nossos direitos, o Brasil perde também ...”

BH, 23/11/2018.

Obs.: Abaixo, vídeos que mostram Acampados do MST de Campo do Meio, do latifúndio da Ariadnópolis, trazendo um caminhão de alimentos para as ocupações da Izidora, em Belo Horizonte.

1 - MST doa um caminhão de alimento para as Ocupações do Isidoro. Apoio firme. 22/08/2014.


2 - MST e Povo das Ocupações urbanas unidos na luta por terra e moradia. 23/08/2014.



3 - MST reforçando a luta das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória. 22/08/2014.



4 - Palavra Ética, na TVC/BH: Adolescentes das Ocupações. MST apoia ocupações da Izidora. 20/09/2014.



Obs.: Abaixo, fotos da Audiência Pública na ALMG, dia 22/11/2018. Foto: Wiliam Santos.


[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.
E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Sem Médicos/as Cubanos/as, a dignidade de 28 milhões de pessoas pobres será agredida.

Médico Cubano cumprindo sua missão em zona rural do Brasil.



Sem Médicos/as Cubanos/as, a dignidade de 28 milhões de pessoas pobres será agredida.
Por Gilvander Moreira[1]


Na República Federativa do Brasil, segundo o Art. 1º, III, da Constituição brasileira, de 1988 (CF/88), um dos fundamentos é princípio da dignidade da pessoa humana. E, segundo o Art. 3º, III, da CF/88, um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. O que significa a saída dos Médicos Cubanos do Programa Mais Médicos?
As afirmações preconceituosas sobre Cuba e novas condições inaceitáveis impostas por Bolsonaro para a continuidade dos 11.429 médicos cubanos no Programa Mais Médicos são inconstitucionais, pois violentam a dignidade da pessoa humana de 28 milhões de brasileiros empobrecidos que só tinham os médicos cubanos para lhes atender em caso de doença. E vai na contramão de um dos principais objetivos da República Federativa que é erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. Óbvio que o Governo Cubano e o povo cubano, que desde 1959 vivem de cabeça erguida diante do império dos Estados Unidos e do capital, não aceitariam as condições inaceitáveis e iriam romper com o Programa Mais Médicos.
Eu tive a alegria de conhecer e conversar muitas vezes com muitos/as Médicos/as Cubanos/as no Brasil, na Venezuela e em Cuba. E já fui bem atendido várias vezes por Médicos/as Cubanos/as, inclusive. Conheço vários/as jovens do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que cursaram medicina na Escola Latino-Americana de Ciências Médicas (ELAM), em Cuba. Sou testemunha da competência, da dedicação e do amor ao próximo com que os/as Médicos/as Cubanos/as cumprem sua profissão, aliás, sua vocação à medicina. Peregrinando por inúmeras cidades mineiras e em outros estados, o que tenho ouvido é que “os Médicos Cubanos são melhores que os médicos brasileiros. Atendem o povo com muito amor, competência e dedicação.” É claro que toda regra tem exceção. Há no Brasil muitos/as Médicos/as com letra maiúscula, Médicos/as por vocação, mas também é verdade que há muitos médicos/as que usam a medicina como meio para acumular capital. Estou comovido com os 28 milhões de brasileiros pobres que entrarão para a história como os primeiros a sentirem no próprio corpo as consequências da eleição de 2018 e indignado com a postura de Bolsonaro que levou Cuba a sair do Programa Mais Médicos.
Em Cuba, na ELAM, criada em 1999, milhares de jovens latino-americanos já se formaram em Medicina. O estado cubano custeia tudo: além dos professores e da manutenção da universidade, oferece hospedagem, alimentação, livros, cadernos e ainda dá uma ajuda de custo mensal. Os livros usados são devolvidos ao final de cada ano para que outros estudantes possam estudar neles. É interessante registrar: enquanto nos Estados Unidos gastam-se 350 mil dólares para formar um/a médico/a, em Cuba 120 mil dólares é o suficiente.
“Cuba é uma fábrica de médicos”, ouvi de Mongui, um cubano que se sente embaixador popular do Brasil em Havana. A excelência cubana na medicina tem o seguinte objetivo: conquistar os melhores remédios para todas as pessoas com o custo mais econômico possível e de forma sustentável. Em Cuba, o Ministério da Saúde, as faculdades de medicina e os médicos incentivam e incluem cada vez mais todos os tipos de medicina alternativos e naturistas – homeopatia, geoterapia, ervas medicinais, massagem etc. Prioriza-se muito a medicina preventiva que passa necessariamente por uma alimentação saudável, sem agrotóxicos. Existem mais de 60 mil Médicos Cubanos trabalhando voluntariamente em missões internacionalistas, em 69 países, contribuindo com o resgate da saúde de milhões de pessoas. Só na Venezuela estão mais de 20 mil cuidando da saúde pública do povo nas periferias e garantindo, em contrapartida, o envio de petróleo venezuelano para movimentar 11 milhões de cubanos/as em Cuba. Em 69 países, os/as Médicos/as Cubanos/as são responsáveis pelo atendimento primário da população, algo parecido com o médico de família. Estão nas favelas e bairros pobres; lá vivem e atendem com competência e dedicação os pobres. Recordo-me de ter ouvido em Caracas, no 6º Fórum Social Mundial, três jovens camelôs dizendo com veemência: "Por mais de 50 anos, os médicos venezuelanos recém-formados se recusaram a ir para interior, para os bairros, para a periferia. Só queriam ficar na capital, ganhar dinheiro à custa da dor. Agora, a partir do Governo de Hugo Chávez, eles tiveram sua chance de ajudar o povo. Não quiseram. Então foi preciso apelar para a solidariedade cubana. Vieram os Médicos de Cuba e estamos tendo acesso à saúde nos lugares mais distantes e pobres". O mesmo ocorreu no Brasil.
É ridículo dizer que por não estarem ficando com a integralidade dos seus salários, os/as Médicos/as Cubanos/as estariam trabalhando como escravos. Isso é julgar com régua capitalista o povo cubano que se rege por princípios socialistas. Em Cuba, há, de fato, a garantia para toda a população, via sistema público, de infraestrutura e rede de saúde, educação e segurança. Em conversa com várias Médicas e Médicos Cubanos, ouvi o seguinte: “Não viemos aqui no Brasil para ganhar dinheiro, mas por amor ao próximo. Estudamos medicina para cuidar das pessoas, nunca para ganhar dinheiro. Quando terminamos o curso de medicina em Cuba, fazemos um juramento de cuidar sempre da vida ameaçada em Cuba e em qualquer país do mundo. Quando se é de esquerda, socialista, somos mais cristãos, pensamos mais no próximo. Todo o povo do mundo é nosso próximo, é nossa família. Somos e devemos nos comportar todos como irmãos e irmãs. Vivemos para servir a sociedade a partir da nossa vocação e profissão”. No Brasil, grande parte dos médicos/as é formado/a em Universidades públicas, com orçamento público bancado pelo povo e depois muitos se tornam empresários na área de saúde. Cadê a contrapartida social de todo o estudo feito em universidades públicas à custa do povo, em última instância?
Mesmo com as dificuldades internas para a produção de alimentos, em Cuba, todas as crianças de 0 dia a 7 anos de idade e as gestantes têm garantido um litro de leite por dia. Cuba é administrada considerando todos os cubanos como sendo uma só família. Em Cuba, há prioridades que devem ser satisfeitas: alimentação, saúde, educação, transporte público, cultura e esporte. As reivindicações pessoais são atendidas, desde que sejam viáveis e no interesse de todos. O povo cubano é um povo sadio. Come-se o necessário para viver, sem exageros. Não vi sequer uma pessoa obesa em Cuba. A alimentação é orientada por nutricionistas e contém todos os nutrientes necessários para uma boa saúde.
Em Cuba, vimos que a agricultura está diretamente associada à saúde. Via de regra, em Cuba, os alimentos são produzidos de forma orgânica e agroecológica, usa-se poucos agrotóxicos na agricultura. É uma tremenda contradição colocar como ministra do Ministério da Agricultura uma ruralista “rainha do veneno”, deputada que, como vassala do agronegócio, insiste em aumentar a quantidade de agrotóxicos na agricultura brasileira. Isso aumenta ainda mais a já existente “epidemia” de câncer, alzheimer e outras doenças.
Eticamente só se pode mudar o que existe se for para substituir por algo melhor. Maquinar para retirar milhares de Médicos/as Cubanos/as sem antes apresentar substitutos/as semelhantes ou melhores é, enfim, violar o fundamento da “dignidade da pessoa humana” e um dos principais objetivos da República Federativa do Brasil, que é “erradicar a pobreza ... e reduzir as desigualdades”. Quantas vidas custarão essa postura e as palavras preconceituosas de Bolsonaro que levaram o Governo Cubano a romper com o Programa Mais Médicos? Na prática, Bolsonaro está criando o Programa Menos Médicos, que causará mais mortes e mais lucro para os empresários dos planos de saúde.
BH, 21/11/2018.

1 – Médico cubano do Programa Mais Médicos enfatiza a necessidade de medicina humanista no Brasil



2 - Médicos Cubanos atenderam milhares de comunidades indígenas pelo Brasil


3 - Médicos Cubanos vão nas casas dos pacientes em favelas do Rio de Janeiro




[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.
E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

domingo, 18 de novembro de 2018

Povo Indígena Kiriri em Caldas, sul de MG: de boia-fria à luta pela te...





Povo Indígena Kiriri em Caldas, sul de MG: de boia-fria à luta pela terra. Noite de 06/11/2018.

Desde março de 2017, 16 famílias do Povo Kiriri, vindas do Oeste da Bahia, moram em uma área situada no bairro rural do Rio Verde, distante 7 km da sede de Caldas, no sul de Minas Gerais. Assim que a área foi ocupada, o Povo Indígena Kiriri foi notificado de Liminar de Reintegração de Posse, reivindicada pela UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Governo de Minas Gerais. Em outubro de 2018, eles receberam um novo mandado de reintegração de posse que determinava que saíssem do local até o fim de outubro. A área onde os Kiriri estão possui cerca de 60 hectares, dos quais informam que estão ocupando apenas 26 hectares. É que há mais de dez famílias não índias ocupando parte da área, com casas de alvenaria muito boa, inclusive. Mesmo não tendo título de propriedade, essas famílias não indígenas não foram objeto de liminar de reintegração de posse. Percebe-se, pois, aí, mais uma discriminação institucional contra os indígenas. Os Kiriri já fincaram raízes nessa terra: estão já com 13 casas de pau a pique e barro construídas, plantando lavouras na linha da agroecologia sem agrotóxicos, vivendo em comunidade e cultivando a inspiradora mística e espiritualidade Kiriri. Graças à luta do Povo Indígena Kiriri e à Rede de Apoio que se formou, a UEMG mudou seu posicionamento e, em reunião no Ministério Público Federal, em Pouso Alegre, no dia 06/11/2018, manifestou-se por meio da Professora Joana Beatriz Barros Pereira, Diretora da UEMG em Campanha, representando a reitora Lavínia Rosa Rodrigues, com acordo de cessão das terras aos Kiriri. Nova reunião deve ser marcada como Governo de Minas Gerais para firmar os termos desse acordo. Nesse vídeo, o depoimento de indígenas da Aldeia Kiriri sobre sua luta diária pela sobrevivência, como boias-frias, na sofrida colheita de batatas em fazendas da região, enquanto aguardam o momento da colheita do que plantaram e, com esperança, a posse da terra.
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Caldas/MG, 06/11/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Povo Indígena Kiriri no MPF, em Pouso Alegre, MG: A conquista da terra é...




Povo Indígena Kiriri no MPF, em Pouso Alegre, MG: Para os Povos Indígenas, a conquista da terra é vida. 06/11/2018.

Lideranças e apoiadores do Povo Indígena Kariri, da Aldeia Indígena Kiriri, em Caldas, MG, em retomada de terras do Governo do Estado de Minas Gerais, em nome da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais), participaram, no dia 06/11/2018, de reunião no Ministério Público Federal, em Pouso Alegre/MG, para discutir a situação da tribo Kiriri . Atualmente, 38 índios ocupam uma área destinada à Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) em Caldas (MG). Segundo o MP, já foi feito um pedido de suspensão da liminar que dava a reintegração de posse à UEMG. O caso está na justiça desde março de 2017, quando os índios chegaram do interior da Bahia ao Sul de Minas. Em outubro de 2018, eles receberam um novo mandado de reintegração de posse que determinava que saíssem do local até o fim de outubro. Segundo a Professora Joana Beatriz Barros Pereira, Diretora da UEMG em Caldas, sul de Minas, que na reunião representou a Reitora da Universidade, Professora Lavínia Rosa Rodrigues, a área de 60 hectares deve permanecer com a tribo. Uma nova reunião de conciliação deve ser marcada entre os kiriri e o Governo do Estado para definir os detalhes do acordo de cessão das terras.

Comunidade do Rio Verde, vizinha à Ocupação do Povo
Indígena Kiriri, se mobiliza apoiando a permanência dos
Kiriri na terra ocupada no município de Caldas, no sul de Minas
 Gerais. Foto: André Luiz.

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Pouso Alegre/MG, 06/11/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Direito à terra é de quem nela trabalha: Quilombo Campo Grande/MST/Campo...







O direito à terra é de quem
nela trabalha. Quilombo Campo Grande, do MST, em Campo do Meio, sul de MG:
Despejo, não. 3ª Parte. 07/11/2018.

Determinação judicial
absurda, injusta, imoral e inconstitucional de reintegração de posse,
autorizada na quarta-feira, 07/11/2018, coloca o Quilombo Campo Grande,
constituído de 11 Acampamentos do MST, em Campo do Meio, sul de Minas Gerais,
sob ameaça iminente de despejo. São, aproximadamente, 500 famílias que vivem e
trabalham há quase 20 anos, onde antes só tinha monocultura da cana para
produção de álcool e açúcar, cujas terras ficaram improdutivas após a falência
da Usina Ariadnópolis, em 1983. Apenas entre 2017 e 2018, as famílias sem
terra, do Quilombo Campo Grande, produziram mais de 8.500 mil sacas de café, 55
mil sacas de milho e 500 toneladas de feijão, além de uma diversificada
produção de hortaliças, verduras, legumes, galinhas, porcos, gado e leite, tudo
produzido sem uso de agrotóxicos, oferecendo assim uma alimentação saudável aos
consumidores além de movimentar a economia da cidade de Campo do Meio e região,
no sul de Minas Gerais. As famílias vivem na área da usina falida Ariadnópolis,
reivindicada pelo espólio da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (CAPIA), que
encerrou suas atividades em 1996, e ainda possui dívidas trabalhistas que
ultrapassam R$ 300 milhões de reais. As terras valem em torno de 90 milhões de
reais. A comunidade já havia conquistado do Governador de Minas Gerais,
Fernando Pimentel, a assinatura de dois decretos de desapropriação de duas
áreas da Ariadnópolis para fins de Reforma Agrária. Entretanto , um lobby de
deputados ruralistas e do agronegócio conseguiu junto ao poder judiciário a
derrubada dos decretos de desapropriação e um juiz substituto da Vara Agrária
de Minas decidiu restabelecer Liminar de Reintegração. Um absurdo jurídico e
inconstitucional. A terra é sagrada e o direito à terra é de quem nela
trabalha. As famílias que vivem no Quilombo Campo Grande (11 Acampamentos de
Sem Terra do MST), a partir da terra, constroem sua vida com dignidade,
exercitando sua cidadania, gerando renda, na luta coletiva do dia a dia e nas
relações com a sociedade em geral. Luta e resistência se fortalecem com grande
Rede de Apoio e Solidariedade aos Sem Terra de Campo do Meio. Nesse vídeo, a 3ª
parte da reportagem feita em frente ao Fórum da Comarca de Campos Gerais, onde
aconteceu grande mobilização popular em defesa do Quilombo Campo Grande, com
depoimentos de Sem Terra e apoiadores, no dia da audiência em que foi confirmada
a decisão judicial de reintegração de posse, no dia 07 de novembro de 2018.
*Reportagem em vídeo de frei
Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora
da CPT-MG. Campos Gerais, 07/11/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no
Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander,
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terça-feira, 13 de novembro de 2018

Resistência e clamor por justiça: Quilombo Campo Grande/MST, em Campo do...



Resistência e clamor por justiça. Despejo, não. Quilombo Campo Grande (MST), em Campo do Meio, sul de MG. 2ª Parte/07/11/2018.

Aproximadamente quinhentas famílias do MST, há 20 anos dando função social a um latifúndio de 4 mil hectares, terra da ex-usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, sul de MG, correm o risco de serem despejadas, por decisão judicial injusta e inconstitucional. Essas famílias, distribuídas em 11 Acampamentos, integram o Quilombo Campo Grande, e já contam com infraestrutura de energia elétrica, casas de alvenaria e produzem uma grande diversidade de produção agroecológica A decisão judicial de reintegração de posse, além de desalojar cerca de 500 famílias, causará a destruição de 1200 hectares de lavoura de milho, feijão, mandioca e abóbora - 40 hectares de horta agroecológica e 520 hectares de café, centenas de casas, currais, quilômetros de cercas e 20 anos de histórias de luta pela terra. Em 25 de setembro de 2015, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, assinou o decreto n. 365/2015 desapropriando por interesse social a maior parte do latifúndio da ex-usina Ariadnópolis, pavimentando juridicamente o caminho para a conquista da integralidade das terras da Ariadnópolis pelo MST. Dia 09 de março de 2016, aconteceu mais uma conquista: o governador Pimentel assinou um 2º decreto (n. 107/2016) desapropriando outra área da Ariadnópolis para fins de reforma agrária. Entretanto, a queda de braço entre Latifúndio e Sem Terra, que acontece há muitas décadas, continuou. Dia 23 de novembro de 2016, o Órgão Superior do TJMG rejeitou o Mandado de Segurança que questionava o Decreto n. 365/2015 do Governador Pimentel. Contudo, um lobby de deputados ruralistas e do agronegócio conseguiu junto ao judiciário a derrubada dos decretos de desapropriação e um juiz substituto da Vara Agrária de Minas decidiu restabelecer Liminar de Reintegração. Um absurdo jurídico e inconstitucional. Nesse vídeo, a segunda parte da reportagem feita com depoimentos de Sem Terra e apoiadores em mobilização à porta do Fórum da Comarca de Campos Gerais, onde foi realizada a audiência em que foi confirmada a ação de reintegração de posse, no dia 07 de novembro de 2018.

Manifestação dos Sem Terra do MST do Quilombo
Campo Grande, em Campos Gerais, sul de MG, dia 07/11/2918,
contra o despejo determinado pela Vara Agrária de MG.
Foto: Douglas Mansur.

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Campos Gerais, 07/11/2018.
* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Aldeia Maracanã: símbolo de mística e de resistência Indígena em contexto urbano

Imagem 1 - Aldeia Maracanã, na capital Rio de
Janeiro, RJ. Foto: Alenice Baeta, Nov. de 2012.

Aldeia Maracanã: símbolo de mística e de resistência Indígena em contexto urbano
Por Alenice Baeta[1]


Para quem se interessa pelo tema história e organização indígena nas grandes cidades ou urbes, impossível não ter lido algo sobre a emblemática e fascinante história da luta dos indígenas da aldeia Maraká’nà ou Maracanã, situada no bairro homônimo, na capital Rio de Janeiro, RJ. O território hoje abrangido pelos antigos bairros Imperial de São Cristovão e Maracanã foram originariamente assentamentos indígenas de povos Tamoios que se aliaram aos franceses que buscavam também se estabelecer nas terras fluminenses durante o século XVI, todavia, estes teriam sido expulsos e/ou dizimados pelos colonizadores portugueses e suas tropas militares, que por sua vez, utilizando as inimizades históricas entre os povos indígenas tiveram o auxílio dos índios Temiminó nos combates. Estes, no ano de 1567, quando houve o embate definitivo conhecido como ‘Uruçumirim’, estabeleceram-se nesta região fundando novas aldeias indígenas sobre as dos Povos Indígenas Tamoio.  Segundo M. Pimentel, entre flechas e chamas teria então nascido a cidade do Rio de Janeiro, “... em meio a dezenas de incêndios (cerca de 160 aldeias indígenas foram queimadas), a milhares de flechas e tiros de canhão e outras armas de fogo –, o céu enfumaçado se tingiu de cinza e as águas da Guanabara, de vermelho sangue. [...] Eles tiveram suas cabeças espetadas em estacas e os poucos índios sobreviventes fugiram, buscando abrigo nas serras.”[2]
A efetiva colonização desta localidade teria ocorrido somente ao longo do século XVII, sobretudo a partir 1627 com a fundação da Igreja de São Cristovão, local onde ainda eram atracadas as embarcações de pescadores e que também interligava São Sebastião do Rio de Janeiro aos engenhos de açúcar, roças e demais áreas de cultivo do entorno.
Com a vinda da família real e a sua comitiva para a colônia no início do século XIX, esta localidade foi escolhida para abrigar o Paço Imperial Quinta de São Cristovão que serviria para a sua residência (1808 a 1821). Posteriormente, foi morada oficial da família imperial (1822 a 1889) na qualidade de Palácio Imperial (Quinta da Boa Vista), tendo sediado, inclusive, a primeira Assembleia Constituinte Republicana, de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso como Museu Nacional, em 1892. Em terreno circunvizinho ao Palácio Imperial teria sido construído em 1862 um palacete pelo Duque de Saxe, oficial da Marinha austro-húngara e almirante da Armada Imperial Brasileira que ao se casar com a Princesa Leopoldina de Bragança teria recebido a área como dote por ter contraído matrimônio com uma das filhas do D. Pedro II.
Pouco depois de sua construção, em 1865, o imóvel foi doado pelo genro do imperador ao governo, após uma fase de constantes rebeliões populares acirradas pela crise do sistema escravagista. Segundo o termo de doação, o local deveria ser para “destinação ad eternum à preservação das sementes e das culturas indígenas”. Este ato reconheceu que o terreno tinha a origem indígena e que este deveria ser o seu real destino.
O uso da edificação foi requisitado pelo primeiro diretor como sede do Serviço de Proteção ao Índio (SPI)[3], Marechal Rondon, que na ocasião pertencia ao Ministério da Agricultura e Colonização. Em 1953 se tornou abrigo do recém-criado Museu do Índio por solicitação do antropólogo Darcy Ribeiro que idealizou este centro de referência da memória e da cultura indígena. Mas em 1978, sob a ditadura militar, a sede do Museu foi transferida de forma arbitrária para uma edificação no bairro Botafogo, e o antigo palacete, repatriado por decreto, portanto, de forma autoritária e ilegítima, como patrimônio da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que, como uma empresa, teria mais facilidade na alienação do patrimônio público, ratificada, também por decreto, no início da década de 1980, pelo então presidente do Brasil José Sarney.
O prédio fica então abandonado desde 1978, porém, moradores da região relatam que o local teria sido utilizado de forma clandestina por grupos militares e paramilitares em sessões de tortura e execução de pessoas. De fato, há marcas características na edificação que confirmam tais denúncias, tais como reformas fora do padrão construtivo, que visavam blindar o porão do prédio, por exemplo.
No início do século XXI, o território passa a ser pretendido pelo movimento indígena, denominado “Instituto Tamoio dos Povos Originários”, sendo que algumas das lideranças seriam também advogados, antropólogos e historiadores, o que certamente fortaleceu a luta e a organização da retomada, sendo que a maioria de seus membros seriam indígenas moradores da região metropolitana do Rio de Janeiro, oriundos de bairros periféricos, favelas ou situações de rua. Afonso Guajajara, advogado indígena e membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), cumpria uma intensa agenda política entre Brasília e Rio de Janeiro, sendo auxiliado por seu irmão, professor no ensino fundamental e mestrando em línguas indígenas, na época, que o auxiliava nas tarefas políticas (REBUZZI, 2014: 74).
Após a realização de um congresso na Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), (vizinha do antigo prédio do Museu do índio), em 2006, a “Confederação Tamui” com o apoio de diversas entidades e organizações ocupa a edificação definitivamente, quando batiza o local posteriormente com o nome “Aldeia Maracanã” (Teko Haw Maraká’nà), reivindicando por Ação Civil Pública (ACP), a posse, gestão e manejo indígena do território, como espaço de uso indígena, voltado para a convivência espiritual comunitária de diversas etnocosmovisões com a criação de um Centro de Etnoconhecimento Socioambiental (CESAC).  A Aldeia é constituída como pluriétnica, sendo composta por integrantes de várias etnias, entre elas, Guajajara, Xavante, Pataxó, Fulni-ô, Apurinã, Tukano, Xucuru, Puri, Way-Way, além de inúmeros visitantes tribais de várias partes do país e do planeta.

 

Imagem 2 - Aldeia Maracanã. Ao fundo prédio histórico do Museu do Índio. Rio de Janeiro-RJ. Foto: Alenice Baeta, Nov. de 2012.

Visando manter um bom relacionamento com a vizinhança e o seu apoio permanente, buscando ainda provar a “condição de índios”, quebrando assim as barreiras do preconceito e da intolerância, os indígenas desenvolvem inúmeros eventos programados onde realizam rituais religiosos, entre eles, o toré, rezas, contação de histórias, danças, cantos e aulas públicas. Estas atividades vêm fortalecendo o local como espaço de referência da mística indígena se tornando um importante centro de resistência cultural indígena na cidade do Rio de Janeiro e no país, um verdadeiro ‘museu vivo’, como pretendido por seus idealizadores (REBUZZI, 2014: 73).
Com os preparativos da Copa do Mundo, de 2014, e das Olimpíadas, de 2016, começa mais um capítulo tenebroso de perseguição à Aldeia Maracanã e às suas lideranças por parte de empreiteiras consorciadas e dos governos federal e estadual. O terreno passa a ser requerido pelo Estado do Rio de Janeiro como espaço agregado ao projeto do ‘Complexo Desportivo-Empresarial do Maracanã’ para a construção de um estacionamento.
Segundo texto do site do Laboratório de Cartografia Indígena[4], a CONAB teria alienado o patrimônio público federal para o estado do Rio de Janeiro de forma ilegal, por 60 milhões de reais. A operação de compra e venda do espaço ocupado de moradia e uso de dezenas de famílias indígenas não é precedido de qualquer oitiva ‘com as partes interessadas’. A Aldeia Maracanã chegou assim a receber uma notificação da Procuradoria Geral do Estado que estabelecia um prazo de dez dias para que eles se retirassem do local, mas de acordo com Carlos Tukano, uma das lideranças da Aldeia, eles foram orientados pela Defensoria Pública da União, e optaram por não assinar o recebimento do documento. A empresa de licitação já havia sido contratada em 2013, mas a Aldeia Maracanã resistiu bravamente a uma informal ‘ordem de despejo’ no início desse ano, mesmo com a tropa de choque da polícia militar em sua porta. Mas em 22 de março deste mesmo ano a polícia voltou, desta vez com ordem judicial, com operação militar especial, com orientação para remoção da Aldeia. Eclodiram então confrontos sucessivos com os indígenas, ativistas, estudantes, moradores e apoiadores em geral, que tentaram ocupar as ruas em frente à Aldeia em sua defesa. A polícia militar usou de extrema violência contra os indígenas e demais manifestantes. “Pisou na cabeça do advogado da Aldeia sob o asfalto com seu coturno, além de algemá-lo. Uso de gás de “efeito moral” até contra crianças, idosos… Foi um ato de Terrorismo Institucionalizado de Estado...”[5].
As bilionárias obras de engenharia no estádio Maracanã e no seu entorno comprometeram o antigo território Maracanã que teve inúmeras árvores cortadas, benfeitorias destruídas e áreas pavimentadas com asfalto, comprometendo a situação ecológica do espaço e os projetos ambientais e agroecológicos da comunidade, o degradando severamente. Mas em reação, a Aldeia promoveu mutirões de recuperação ecológica e preservação do prédio histórico.
Ainda segundo dados apresentados pelo site do Laboratório de Cartografia Indígena, em dezembro deste mesmo ano, as empreiteiras lideradas pela Odebrecht, começam a demolir uma das edificações do antigo complexo de pesquisa do antigo Ministério da Agricultura e Colonização, mas o movimento indígena, com o apoio, inclusive de trabalhadores e atingidos pelas operações de reurbanização da cidade, ocupa uma destas edificações em protesto contra as demolições e em defesa do patrimônio público-comunitário indígena material e imaterial.
“A Tropa de Choque invade o prédio ocupado sem mandado, expulsa parte dos ocupantes e mantêm três lideranças indígenas em situação de detenção coercitiva por toda a madrugada, vigiados por dezenas de militares. Às 6h da manhã do dia seguinte, a PM, novamente sem mandado judicial, invade o território ocupado pelos indígenas e o interior do prédio, e retira seus ocupantes à força, arrastados sob escadarias em ruínas, sob o uso de gás de pimenta, imobilizados, sob socos e pontapés e golpes de cassetetes, alguns são detidos, de forma exemplar.”[6]
Apesar das inúmeras denúncias e manifestações em outras localidades da capital, quatro prédios e galpões foram lamentavelmente demolidos pelas empreiteiras e pela gestão público-privada do Consórcio Maracanã, tendo só sobrado, ao final, o prédio tombado do antigo Museu do Índio.
A ACP supracitada foi novamente movimentada pelas lideranças indígenas em 2016, quando foi reconhecida na sentença de juízo federal, o direito de uso, de manejo indígena do imóvel ou território. Espera-se que os órgãos de defesa dos direitos indígenas, como o Ministério Público Federal, a FUNAI e a Polícia Federal, cumpram o seu papel institucional neste processo, garantindo tais direitos na prática.
As atrocidades que ocorreram na aldeia Maracanã foram denunciadas e encaminhadas pela organização Justiça Global para diversas plataformas internacionais de Direitos Humanos. Estas serão também analisadas pelo Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre as injustiças foram listadas uso indiscriminado do spray de pimenta e de bombas de efeito moral pelo batalhão de choque da polícia militar do Rio de Janeiro, além da prisão de pelo menos seis manifestantes sem justificativas ou permissão de acompanhamento de advogados. As lideranças indígenas solicitam ainda explicações formais às autoridades brasileiras sobre a utilização de acusações de desobediência e desacato como instrumento de criminalização de protestos dos povos tradicionais. Reiteram que a liberdade de expressão deveria ter sido assegurada aos indígenas e apoiadores, sendo um direito presente na Constituição Federal e na Declaração Universal sobre os Direitos Humanos. Lembraram ainda da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da ONU, sobre povos indígenas e tribais, ratificada em 2004 pelo Brasil que garante a noção de territorialidade específica e etnicamente construída, além da promoção à plena efetividade dos direitos sociais, econômicos, culturais, respeitando a sua identidade social, cultural, os seus costumes, tradições e suas instituições.
Uma das atividades culturais e de pesquisa que a Aldeia Maracanã (também considerada “Embaixada Indígena” ou “Acampamento Revolucionário Indígena”) desenvolvia no vizinho Museu Nacional era no Centro de Documentação de Línguas Indígenas, o CELIN, que preservava referências de povos indígenas documentadas há pelo menos duzentos anos, com escritos, fotografias, vídeos e gravações de línguas faladas por muitas tribos, inclusive algumas consideradas extintas, com registros de cantos, discursos e histórias, muitos ainda inéditos.  Alguns indígenas da Aldeia, historiadores e pesquisadores da cultura dos povos originários do Brasil passaram assim boa parte dos últimos anos debruçados sobre o acervo etnológico e indígena em laboratórios desta instituição.
Mas infelizmente, mais um momento trágico assola a Aldeia Maracanã e todo o país no dia 02 de setembro de 2018, com um incêndio inaceitável do prédio histórico do Museu Nacional. Segundo os moradores da Aldeia, assim que avistaram as chamas, correram para o local, mas o fogo já teria consumido tudo. Em entrevista para a Revista Piaui[7], o historiador Daniel Tutushamum Puri, de 42 anos, conta que assistiu em silêncio às labaredas que consumiam objetos, fotografias e registros orais de seu povo, os Puri, que já foram considerados extintos pela FUNAI. “O material que estava ali servia de base para pesquisas do nosso povo e de muitos outros povos nativos do Brasil. Era uma forma de ter reconhecida nossa cultura e afirmar nossa existência. Sem eles, é como se fôssemos extintos novamente”, disse Tutushamum, que é mestre em Educação pela USP.
Para José Urutau Guajajara, de 57 anos: “Isso é a morte da memória dos povos originários, uma negligência com o nosso patrimônio. A memória de todas as línguas da América Latina estava aqui. Tínhamos registros sonoros e escritos de povos que já não existem. Estamos vendo a cultura indígena sendo apagada. Uma perda irreparável”, disse Urutau Guajajara, mestre em Linguística e Língua Indígena pela UFRJ. Integrante da tribo Tenetehara-Guajajara, Urutau fez sua tese sobre a estrutura do Ze’egté, sua língua ancestral, no Museu Nacional. Segundo Tutushamum, “a sensação é que nos odeiam... É mais uma destruição para a nossa cultura. Temos a destruição das nossas línguas, dos nossos costumes, das nossas terras e até mesmo dos nossos indivíduos. Então, esse incêndio no Museu Nacional parece parte da mesma agressão. É o que a gente sente,” conclui a liderança em sua entrevista para a revista.
Desde o inexplicável incêndio no Museu Nacional, indígenas da Aldeia Maracanã vem realizando inúmeros rituais, tanto na Aldeia quanto nas proximidades do prédio do Museu em memória ao acervo destruído, pois o imaterial ali permanece... “Rezas para os espíritos ancestrais vem sendo realizadas...” como explica o indígena Dario Jurema Xucuru.
Outra atividade de luta e de expressão deste importante núcleo indígena urbano é a organização da terceira edição do Congresso Intercultural de Resistência dos Povos Indígenas e Tradicionais do Maraka´nà, que busca promover a articulação dos povos tradicionais em torno da luta pela autodemarcação do território, do saber e do seu protagonismo.
 Luto sim, contra estas injustiças e tragédias... em permanente Luta. Sigamos.

 

Imagem 3 - Foto enviada por Dario Jurema da Aldeia Maracanã de uma manifestação de indígenas e ativistas no Rio de Janeiro onde se denuncia o trágico incêndio do Museu Nacional e a destruição total de acervo e de documentação indígena. Outubro de 2018.

Referências.

Artigo citado:
REBUZZI, D. C. Aldeia Maracanã: um movimento contra o índio arquivado. Revista de Antropologia da UFSCAR, 6 (2) Jul/Dez de 2014.

Sites /Matérias Consultadas:
Belo Horizonte, MG, 12 de novembro de 2018.



Entre os dias 15 e 19 de Novembro de 2018 ocorrerá o COIREM - Congresso Intercultural de Resistência dos Povos Indígenas e Tradicionais do Maraka´nà.
“Após enormes ataques sofridos e remoções truculentas, a ‘ReXistência’ da Aldeia Maraka'nà  completa 12 anos desde a nossa retomada e frente ao quadro nacional de brutais ataques contra os povos indígenas, convocamos todos guerreiros e guerreiras à realização do III Congresso Intercultural da ‘ReXistência’ dos Povos Indígenas e Tradicionais do Maraka'nà. Este Congresso visa promover a articulação dos povos tradicionais em torno da luta pela autodemarcação do saber e do território. Vivemos num dos poucos países do continente onde não existe uma universidade indígena. Nosso protagonismo sempre foi negado e é ferramenta fundamental para avançarmos em nossa luta por garantia de nossa dignidade como povos soberanos.”
https://www.facebook.com/events/255345975185846/

[1] Doutora em Arqueologia e Historiadora. Membro do Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES); e-mail: alenicebaeta@yahoo.com.br

[3]O SPI foi sucedido pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), em 1967.
[6] Cf. Nota 2  ( Site do Laboratório de Cartografia Indígena)
[7] Entrevista para Camila Zarur em 3 de Setembro de 2018.