terça-feira, 25 de outubro de 2016

Palavra Ética com Gilvander Moreira | Thais Lopes (Advogada popular)


Nota da Comissão Episcopal Pastoral Para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz
SCJP - Nº. 0683 /16

“Nenhuma família sem casa, 
Nenhum camponês sem terra, 
Nenhum trabalhador sem direitos,
Nenhuma pessoa sem dignidade”. 
Papa Francisco.

Nós, Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, e bispos referenciais das Pastorais Sociais, da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, reunidos em Brasília, nos dias 18 e 19 de outubro de 2016, manifestamos nossa preocupação com o cenário de retrocessos dos direitos sociais em curso no Brasil.
Entendemos que as propostas de reforma trabalhista e terceirização, reforma do Ensino Médio, reforma da Previdência Social e, sobretudo, a Proposta de Emenda Constitucional, PEC 241/2016, que estabelece teto nos recursos públicos para as políticas sociais, por 20 anos, colocam em risco os direitos sociais do povo brasileiro, sobretudo dos empobrecidos. 
Em sintonia com a Doutrina Social da Igreja Católica, não se pode equilibrar as contas cortando os investimentos nos serviços públicos que atendem aos mais pobres de nossa nação. Não é justo que os pobres paguem essa conta, enquanto outros setores continuam lucrando com a crise. 
Afirmamos nossa solidariedade com os Movimentos Sociais, principalmente de trabalhadores e trabalhadoras, e com a juventude, que manifestam seu descontentamento com as propostas do governo, bem como todas as organizações que lutam na defesa dos direitos da população.
Encorajamos as Pastorais Sociais a participarem, com os demais movimentos e organizações populares, na defesa das conquistas sociais garantidas na Constituição Federal de 1988, na qual a CNBB tanto se empenhou no final da década de 1980. Não desanimemos diante das dificuldades. Somos povo da esperança!
Com compromisso profético, denunciamos, como fez o Profeta Amós: “Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível” (Am 2,6-7). 
O Espírito do Senhor nos anima no serviço da Caridade, da Justiça e da Paz. Com Maria cantamos a grandeza de Deus que “derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes; enche de bens os famintos e manda embora os ricos de mãos vazias” (Lc 1, 51s). 
             
Brasília, 19 de Outubro de 2016. 


Dom Guilherme Werlang
Bispo de Ipameri - GO
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para
o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Decisão judicial, de 2011, sobre Ocupação em Uberaba, MG, pode inspirar solução justa para o Conflito das Ocupações da Izidora.

Decisão judicial, de 2011, sobre Ocupação em Uberaba, MG, pode inspirar solução justa para o Conflito das Ocupações da Izidora.
Por frei Gilvander Luís Moreira.


O conflito fundiário e social das ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, conflito que envolve diretamente cerca de 8.000 famílias (cerca de 30.000 pessoas) que em 3,5 anos já construíram mais de 5.000 casas de alvenaria e, por isso, se tornaram comunidades-bairros em franco processo de consolidação, se tornou o maior conflito por terra da América Afrolatíndia e um dos sete maiores conflitos de luta pela terra do mundo. Uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas (TJMG), confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, em 19 de dezembro de 2011, aponta o rumo de uma resolução justa para esse gravíssimo problema social que jamais se resolverá pacificamente com polícia e repressão. Eis, abaixo, a decisão sobre pedido de reintegração de posse em uma área ocupada pelo MST, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, MG, ocupação que se tornou o Bairro Estrela da Vitória.
O teor da DECISÃO do ministro Luís Felipe Salomão, relator do caso, da 4ª turma do STJ diz: “Confirmada decisão que negou reintegração de posse contra bairro de Uberaba. Diante da impossibilidade prática para cumprimento da ordem de reintegração de posse, o provimento jurisdicional pode ser convertido em perdas e danos.” Com esse entendimento, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) referendou decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) em processo envolvendo pedido de reintegração de uma área que se transformou em populoso bairro da cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, MG. A empresa Centro-Oeste Empreendimentos Imobiliários Ltda tinha ajuizado ação de reintegração de posse de imóvel situado nas margens da Rodovia Uberaba-Campo Florido. A área tinha sido ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e posteriormente se tornou um bairro consolidado onde vivem centenas de famílias devidamente atendidas pelo serviço público municipal.
A justiça mineira reconheceu o direito do recorrente, mas diante da existência de inúmeras edificações e moradores no local, após tantos anos de disputa judicial, negou o direito à reintegração de posse em prevalência do interesse público, social e coletivo. Diante desse quadro, converteu a medida reintegratória em perdas e danos, devendo o valor ser apurado em posterior liquidação por arbitramento (procedimento em que se apura o montante devido mediante perito, que indicará o preço do imóvel). A empresa recorreu ao STJ sustentando, entre outros pontos, que ao determinar a prevalência do direito social sobre o individual, o acórdão recorrido teria legitimado a ação dos ocupantes e violado o estado de direito. Alegou, ainda, que a conversão em perdas e danos não foi sequer solicitada pela autora, que sempre buscou a efetiva proteção possessória.
Em voto repleto de doutrinas, teses e precedentes, o ministro Luis Felipe Salomão discorreu sobre os princípios da proporcionalidade e da ponderação como forma de o Judiciário dar aos litígios solução justa, serena e eficiente. O relator ressaltou que o imóvel originalmente reivindicado não existe mais, já que no lugar do terreno antes objeto de comodato surgiu um bairro com vida própria e dotado de infraestrutura urbana.
Segundo o ministro Salomão, não pode ser desconsiderado o surgimento do bairro, onde inúmeras famílias construíram suas vidas, sob pena de cometer-se injustiça maior a pretexto de fazer justiça. “É justamente com base nessas ideias que, na ponderação entre a proteção e efetivação dos direitos à moradia, ao mínimo existencial e, última análise, mas não menos relevante, do direito à vida com dignidade, que se chega à conclusão pela impossibilidade, no caso concreto, da reintegração da posse”, enfatizou o relator ministro Salomão.
Para o ministro Luis Felipe Salomão, consideradas as peculiaridades do caso concreto e as circunstâncias fáticas narradas no acórdão, é fácil perceber que a retirada dos atuais ocupantes da área proporcionaria mais danos, além de consequências imprevisíveis e indesejáveis.
A votação no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, que rejeitou o recurso especial e manteve a decisão que negou a reintegração de posse e converteu-a em perdas e danos foi unânime na 4ª turma do STJ. Esta notícia[1] refere-se ao processo: REsp 1302736.
Eis um raio de luz como a estrela de Belém apontando um caminho a ser seguido para a resolução justa e pacífica do gravíssimo conflito da Izidora, sem que aconteça um grande massacre.


terça-feira, 18 de outubro de 2016

DEPOIS DE QUASE 1 ANO, GOVERNO PIMENTEL SE REÚNE COM REPRESENTANTES DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA.

DEPOIS DE QUASE 1 ANO, GOVERNO PIMENTEL SE REÚNE COM REPRESENTANTES DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA.                    

Hoje, dia 18/10/2016, após mais uma Marcha do Povo das ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), das 10:00h às 12:30h, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, MG, após muita insistência, quase 1 ano de lutas e a recente decisão do Tribunal de (IN)justiça de Minas Gerais (tjmg) determinando o despejo das comunidades da Izidora – 8.000 famílias (cerca de 30.000 pessoas, com mais de 5.000 casas de alvenaria construídas -, a Mesa de Negociação do Estado de Minas Gerais, em reunião presidida por Lígia Maria Alves Pereira, chefa de gabinete da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG), foi reaberta com as ocupações Esperança, Vitória e Rosa Leão, da região da Izidora, nas cidade de BH e Santa Luzia/MG. Estiveram presentes representantes do Governo de Minas de várias secretariais, mandatos dos deputados Rogério Correia (estadual) e Padre João (Federal), a deputada estadual Marília Campos, representante da Construtora Direcional e da empresa Granja Werneck S.A, a professora Viviane, da PUC MINAS, Dra. Cleide Nepomuceno, da Defensoria Pública de MG, Dra. Cláudia Amaral, do Ministério Público de MG, coordenações das comunidades da Izidora e militantes do MLB, CPT e Brigadas Populares, além de advogados do Coletivo Margarida Alves. Foi encaminhado que haverá cadastramento socioeconômico pelo Estado de Minas Gerais, em conjunto com as coordenações, movimentos sociais e demais interessados, para assim se verificar as condições das comunidades, aferindo-as as premissas para a realização da negociação, que terão reuniões semanais para tratar desse cadastramento e demais detalhes da negociação. Para isso foi criado uma Câmara Setorial do Cadastro que será integrada por representantes do Governo de MG, das Universidades, dos movimentos populares e das coordenações da Izidora. Ficou também acertado que representantes do Governo de Minas Gerais fará uma visita às comunidades em data próxima a ser definida.                        Infelizmente, mais uma vez o Prefeito Márcio Lacerda não mandou nenhum representante, mostrando sua intransigência e indisposição de diálogo com o povo. O representante da Direcional e da Granja Werneck insistiu que está de pé o projeto de Construção do MCMV no local. Contudo, não está afastada nenhuma hipótese de despejo, já que o mandado de despejo não está suspenso. Esperamos que esse processo de negociação seja justo e digno, pois do contrário, se a Polícia Militar for tentar despejar, haverá um massacre de grandes proporções, já que a Izidora é o maior conflito fundiário e social da América Latina e um dos sete maiores do Mundo, conforme já reconhecido pelo Tribunal Popular Internacional de Despejos, em Quito, no Equador, ontem, dia 17/10/2016.
Por fim, alertamos que nada está ganho, pois o Estado capitalista jamais cedeu nada se não se estivesse diante da mobilização forte e coesa do povo trabalhador.    
    
ENQUANTO MORAR DIGNAMENTE FOR UM PRIVILÉGIO, OCUPAR É UM DIREITO!

#ResisteIzidora     
        
Assinam essa nota pública: 
Coordenações das comunidades Rosa Leão, Vitória e Esperança, Brigadas Populares (BPs), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e Coletivo Margarida Alves.

Belo Horizonte/MG, 18 de Outubro de 2016.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Ocupações-comunidades-bairros da Izidora, de Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, no Julgamento no Tribunal Internacional dos Despejos em Quito, no Equador.

   Ocupações-comunidades-bairros da Izidora, de Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, no Julgamento do Tribunal Internacional dos Despejos em Quito, no Equador.

     As ocupações-comunidades-bairros da Izidora, de Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, no Julgamento no Tribunal Internacional dos Despejos em Quito, no Equador, hoje, dia 17/10/2016. O conflito fundiário e social da Izidora se tornou o maior da América Latina e um dos 7 maiores do mundo. O mundo está de olho na Izidora. O povo da Izidora já avisou mil vezes que não aceita despejo das 8.000 famílias. Se forem tentar despejar, será um massacre de proporções inimagináveis. Negociação justa e idônea, sim.














Veja, se forme e se emocione, compartilhe os belos vídeos das POM (Pontifícias Obras Missionárias) para o Mês Missionário 2016 - campanha missionária - https://www.youtube.com/user/PomBrasil/featured
Ajude na coleta nas celebrações do fim de semana de 22 e 23 de outubro!!!

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Ocupações da Izidora, em BH, em busca de negociação justa e idônea Cada...

ANO JUBILAR MARIANO
Aberto pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) o Ano Jubilar Mariano que se somando aos festejos pelos 300 anos de descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no Rio Paraíba, entre Guaratinguetá e Aparecida no estado de São Paulo, visa ser forte momento de espiritualidade, evangelização e ação pastoral.
Veja mensagem da CNBB - http://www.cnbb.org.br/index.php…
Participe do Mês Missionário das POM (Pontifícias Obras Missionárias)
Acesse o link - www.pom.org.br e veja os subsídios para esse ano.
- ajude na Campanha Missionária 2016, faça sua oferta nas coletas nas celebrações do fim de semana 23 e 23 de outubro.
Ajude @s missionári@s a evangelizar!!!
ATENÇÃO: ADIANTE SEUS RELÓGIOS EM 01 (UMA) HORA
- na virada deste sábado 15/10 para 16/10

V APD (Assembleia do Povo de Deus) da Arquidiocese de Belo Horizonte/MG

Ofereçamos nossas orações pelo bom êxito e as decisões que se tomaram neste sábado 15/10, na etapa arquidiocesana da V APD (Assembleia do Povo de Deus) da Arquidiocese de Belo Horizonte/MG.
Deus Uni-Trino guie nossa Igreja Particular nas ações pastorais eleitas para 2016-2019.

Despejar as Ocupações da Izidora, em BH, não é humano. Edna Gonçalves e ...

Ocupações da Izidora. Profa. Rita Liberato e frei Gilvander: SEJAM SENSÍ...

#resisteizidora - REUNIÃO DA MESA NEGOCIADORA do Governo de MG com as Ocupações da Izidora. "Depois do despejo, não será cadastro, mas sim contagem de mortos".

#resisteizidora - REUNIÃO DA MESA NEGOCIADORA do Governo de MG com as Ocupações da Izidora. "Depois do despejo, não será cadastro, mas sim contagem de mortos".

Quinta-feira, 13/10, na Assembleia Legislativa de MG, a chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG), Lígia Maria Alves Pereira, sinalizou que o Estado irá apresentar uma proposta de cadastro das famílias das ocupações da Izidora no dia 18/10. A resposta veio após a Prefeitura de Belo Horizonte se negar a realizar o cadastro e a participar de qualquer negociação.
Segundo a representante do Estado, esse cadastro poderá ser feito antes, durante ou depois do despejo, o que não dá nenhuma garantia de segurança às 30 mil pessoas que fazem parte das ocupações-comunidades-bairros da Izidora.
A moradora Charlene Egídio, da Ocupação Rosa Leão, coloca bem a gravidade da situação: "Depois do despejo não será cadastro, mas sim contagem de mortos".
Participaram da Mesa Negociadora as coordenações das ocupações da Izidora, Brigadas PopularesMLB - Minas GeraisCPT-MG Comissão Pastoral da Terra Minas Gerais, a deputada Marilia Campos, professores, representantes da Sedese e Casa Civil assessoria jurídica do Governo.
Exigimos cadastro justo e negociado dos moradores e a PBH.

Obs.: Se for acontecer o cadastro, só será cadastrado as famílias que estiverem morando em barracos de lona, de madeirite ou em casa de alvenaria.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Bispo dom Joaquim Mol com as Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte/MG....

JFC na luta com as Ocupações da Izidora, em BH e Santa Luzia, MG.

JFC na luta com as Ocupações da Izidora, em BH e Santa Luzia, MG.
#resisteizidora - Cerca de 30.000 pessoas das três Ocupações da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG (8.000 famílias) estão sob ameaça muito grave de despejo, mas já são 3,5 anos de luta e o povo já construiu mais de 5.000 casas de alvenaria. São comunidades-bairros em franco processo de consolidação. Assista e divulgue o vídeo no link, abaixo, em apoio à luta justa e necessária por moradia própria e digna. #resisteizidora

https://www.youtube.com/watch?v=GwOaBSYz7us&feature=youtu.be


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Dep. Jô Moraes (PCdoB-MG) se diz preocupada com despejo de famílias em B...

Nota técnica da ASF - Arquitetos Sem Fronteiras Brasil – contra os despejos das Ocupações-comunidades da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG.

Nota técnica da ASF - Arquitetos Sem Fronteiras Brasil – contra os despejos das Ocupações-comunidades da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG.


À Prefeita de Santa Luzia, MG, Roseli Pimentel
A seus/as secretárias/os e procurador.

Argumentos contra o despejo das Ocupações-comunidades da  Izidora:
1)   O fato é em si inominável: jogar no chão cerca de 5000 casas, expulsar cerca de 8000 famílias.

2)   Ao autoproduzir o espaço, os moradores das ocupações da Izidora mostram-nos que, para sobreviver, não podem depender nem da produção imobiliária formal nem daquela de iniciativa estatal, ambas inacessíveis - a eles e a muitos outros, sem casa, isto é, a única solução para a sua moradia é, nas circunstâncias, de fato a que autoproduziram: não fosse assim, não haveria ocupações urbanas.

3)    De 2013 a 2016 os moradores da Izidora construíram sozinhos, com seus próprios recursos e esforços, mais unidades habitacionais do que duas gestões sucessivas da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, com verbas federais.  Não há garantia, portanto, a despeito do que se possa argumentar, de que o poder público tenha a capacidade de dar solução para a moradia daquelas pessoas, uma vez despejadas.

4)   Despejos forçados no Brasil, além de violentos em si, a despeito de medidas chamadas humanitárias, resultam em mais pessoas sem-casa, na piora e não na melhoria das condições de moradia e de vida dos despejados.   


5)   Os impactos do despejo forçado daquelas milhares de famílias serão sentidos nos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.  Os moradores despejados irão buscar moradia nas regiões próximas, onde o aluguel é mais barato ou onde há áreas vazias ou subutilizadas. Assim, trata-se, apenas de deslocar o problema, que apenas se agrava. O déficit habitacional da Região Metropolitana de Belo Horizonte e a pressão por habitação social aumentarão exponencialmente, com a constituição de periferias cada vez mais precárias e reprodutoras da exclusão social e econômica.

6)   Os parcos serviços públicos oferecidos na região, densamente ocupada e insuficientemente servida, serão sobrecarregados com o aprofundamento das carências relativas à saúde, à assistência social, à educação, à segurança pública, com graves consequências associadas à violência urbana.


7)   Do ponto vista do campo da Arquitetura e do Urbanismo, a melhor solução para o caso Izidora seria manter ali aquelas famílias, qualificando-se o seu espaço, por que:

- toda demolição de edificações é insustentável; implica no desperdício tanto dos recursos materiais e energéticos consumidos para a sua construção, quanto do próprio processo de transformação do território para a sua inserção, isto é, a demolição de casas, equipamentos comunitários, ruas e largos, independente do seu padrão, representa um enorme prejuízo ambiental, enquanto sua qualificação representa um ganho, na medida em que todos – moradores da metrópole e do planeta- nos beneficiamos do aproveitamento dos recursos ali já empregados;

- as ocupações Esperança, Rosa Leão e Vitória, dadas as suas organizações socioespaciais, não se distinguem do que denominamos bairros, exceto pelo seu não reconhecimento pelo Estado;

- o espaço autoproduzido, como o é o das ocupações urbanas, guarda, ao contrário do que se possa pensar, um enorme potencial de recuperação ambiental, diferente do espaço da chamada cidade formal, onde a urbanização completa dá-se segundo um modelo de saneamento que conduz à degradação ambiental: do solo, da água, do ar, com alta geração de resíduos e prejuízos à vida;

- existem políticas públicas urbanas e habitacionais para reconhecer, qualificar e consolidar ocupações como áreas de interesse social (vide a Política Municipal de Habitação de Belo Horizonte).

8)   A noção função social da propriedade, trazida na Constituição Brasileira de 1988 e regulamentada na Lei Federal Estatuto da Cidade, é reconhecida e legitimada pelos planos diretores dos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A manutenção de áreas vazias ou subutilizadas na cidade é criminosa. Até agora, os moradores das ocupações estão dando utilidade àquele território, mantido vazio por cerca de 70 anos.
9)   A Operação Urbana Simplificada do Isidoro não é o instrumento adequado para a ocupação sustentável daquela região, a maior e última extensão de área natural pouco transformada, em vetor de expansão e de adensamento urbanos, com alta vulnerabilidade social. Qualquer instrumento de política urbana para aquela região deve considerar a sua cabal realidade, e envolver todos os agentes interessados e afetados, entre os quais a Prefeitura Municipal de Santa Luzia, até agora alijada da negociação em curso. O modelo de transformação do território colocado pelo empreendimento e expresso no próprio licenciamento ambiental não condizem com os avanços do planejamento ambiental urbano, em especial a consideração da bacia hidrográfica como principal unidade de planejamento.

Documento da ASS – Arquitetos Sem Fronteiras Brasil -, protocolado na Prefeitura de Santa Luzia na manhã do dia 05/10/2016.


Santa Luzia, MG, Brasil, 05 de outubro de 2016.

35 anos de aluguel e agora libertado da cruz do aluguel na Ocupação Vitó...

35 anos de aluguel e agora libertado da cruz do aluguel na Ocupação Vitó...

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O POVO DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA ACAMPOU NA PORTA DA PREFEITURA DE SANTA LUZIA, MG, hoje, 2f., 03/10/2016.

O POVO DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA ACAMPOU NA PORTA DA PREFEITURA DE SANTA LUZIA, MG, hoje, 2f., 03/10/2016.
Santa Luzia, MG, Brasil, 03/10/2016, às 20:17h.



 O povo das Ocupações da Izidora, de BH e Santa Luzia, MG, hoje, 2f., 03/10/2016, marchou, cerca de 15 Kms a pé, das Ocupações-comunidades da Izidora até a Prefeitura de Santa Luzia, MG, para cobrar da prefeita de Santa Luzia, Roseli, compromisso com uma solução negociada, justa e pacífica para as 8.000 famílias (30.000 pessoas) das Ocupações da Izidora. Havia uma reunião marcada com técnicos da prefeitura de Santa Luzia e técnicos que acompanham as ocupações da Izidora para as 15:30h, mas a prefeita e nem nenhum representante da prefeita Roseli recebeu o povo, nem uma Comissão. Covardemente, colocaram correntes nas árvores que estão na praça diante da prefeitura, barrando o povo a mais de 100 metros distante da prefeitura. Dezenas de viaturas da PM estavam na parte interna da prefeitura. E dezenas de guardas municipais fazendo barreira. O povo esperou mais de 4 horas e não foi recebido por ninguém da prefeitura de Santa Luzia. O povo ultrapassou o cordão de isolamento e se aproximou da porta da prefeitura. O Chefe da guarda municipal e outro que se dizia chefe da Defesa Civil ficaram enrolando o povo até depois das 18:00hs, quando apareceu um que se identificou como Diego, dizendo que era procurador do município de Santa Luzia e queria apenas receber os ofícios dos nossos técnicos e dizendo que estava ali na porta da prefeitura para ouvir as lideranças. Teve inclusive que passar passar pelo constrangimento de ver no meio do povo defendendo as comunidades da Izidora uma ex-professora dele. Mas não teve a dignidade de receber uma Comissão em uma das salas da prefeitura. Após muitas manobras tentando enrolar o povo, sem receber uma Comissão de lideranças, o POVO DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA RESOLVEU ACAMPAR NA PORTA DA PREFEITURA DE SANTA LUZIA, MG, POR TEMPO INDETERMINADO ATÉ SER ATENDIDO PELA PREFEITA ROSELI E OBTER DELA COMPROMISSO COM A RESOLUÇÃO JUSTA E PACÍFICA DO GRAVÍSSIMO CONFLITO DA IZIDORA.
Inacreditável a crueldade da prefeita Roseli, que no 1º dia após ser eleita mandou os funcionários irem embora antes do horário, cercou a prefeitura de correntes e não recebeu nem uma Comissão das Ocupações da Izidora, mesmo já tendo sido informada há 2,5 anos atrás, em reunião de 3,5 horas com o ex-prefeito Calixto, ela como vice e mais sete secretários, que existem nas três ocupações da Izidora três territórios (um em cada uma das Ocupações) que pertencem ao município de Santa Luzia, onde estão atualmente mais de 1.000 famílias em 1.000 casas de alvenaria construídas, sendo áreas consolidadas. Alertamos pela milésima vez que a crueldade das autoridades e a insensibilidade humana e social estão jogando gasolina em um dos sete maiores conflitos fundiários e sociais do mundo: 8.000 famílias das Ocupações da Izidora que já formam três bairros irmãos em franco processo de consolidação.
A juíza Luzia Divina, da 6a Vara Pública municipal de BH, mandou despejar as 3 ocupações estando as mesmas parcialmente no município de Santa Luzia. Isso é um absurdo ilegal e injusto. Isso está comprovado na Ação Civil Pública do Ministério Público de MG, ACP não julgada em 3,5 anos. Logo, a prefeita de Santa Luzia precisa entrar no processo judicial, pois uma juíza pública de BH está mandando despejar cerca de mil famílias no município de Santa Luzia. Competente para julgar seria um/a juiz/a de uma Vara Pública Estadual, pois se trata de conflito que envolve diretamente dois municípios. E exigimos também compromisso da prefeita de Santa Luzia, Roseli, com a regularização/urbanização das 3 partes das Ocupações que estão em Santa Luzia, colocando inclusive rede de energia, água e saneamento. NEGOCIAÇÃO, SIM! DESPEJO, NEM PENSAR!
Clamamos pela milésima vez que as autoridades se abram para diálogo e negociação justa e que quem está sendo omisso (= cúmplice) se posicione antes que aconteça um massacre de proporções inimagináveis na Izidora. Uma das faixas da marcha e do acampamento diz: “Preferimos morrer na luta que aceitar despejo e voltar para a cruz do aluguel.”
Quem puder apoiar e participar do Acampamento das Ocupações da Izidora na Porta da Prefeitura de alguma forma, seja bem-vindo/a!

 Assinam essa Nota Pública:
Coordenações das Ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória),
Brigadas Populares,
MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas)
CPT (Comissão Pastoral da Terra).
Coletivo Margarida Alves

 Contatos para maiores informações:

Isabella, cel.: (31) 99383 2733; Charlene, cel.: 31 98534 4911; Edna, cel.: 31 9946 2317; Eliene, cel. 31 98636 5712; Luiz, cel.: (31) 99227 1606; Leonardo, cel: (31) 991330983; e Gilvander (31) 994739000.

sábado, 1 de outubro de 2016