quinta-feira, 20 de junho de 2024

Nota urgente! Prefeito de Belo Horizonte, Fuad, deixará as Ocupações Esperança e Vitória, da Izidora, fora do projeto de Urbanização?

 Nota urgente! Prefeito de Belo Horizonte, Fuad, deixará as Ocupações Esperança e Vitória, da Izidora, fora do projeto de Urbanização?

Dia 19 de junho de 2024, cedo, a sede da URBEL[1] da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) foi ocupada pelo Povo da Ocupação Esperança com participação do Povo das Ocupações Carolina Maria de Jesus e Maria do Arraial, juventude do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) e da UP (Unidade Popular pelo Socialismo), e com o apoio da Comissão Pastoral da Terra da Região Metropolitana de BH (CPT/RMBH).

A ocupação da URBEL durou quase dois dias. O presidente da  URBEL, Claudius Vinícius, se negou a reunir com uma Comissão do Povo que ocupava a URBEL. Postura intransigente, inadmissível e absurda de um gestor público que tem a missão de coordenar a política habitacional da PBH. Cerca de 70 policiais da Guarda armada da Prefeitura de BH foram mobilizados com ordens para não deixar ninguém mais entrar e nem alimento durante o 1º dia. O Povo passou fome o dia inteiro dentro da URBEL, pois quando as panelas com o almoço chegaram não deixaram entrar o almoço. Assim, centenas de pessoas ficaram passando fome, entre as quais, crianças, idosos, gestantes, mulheres.

Tivemos que ocupar a sede da URBEL, porque a URBEL e Prefeitura de BH ainda não abriram mão de demolir cerca de 1.000 casas – ação higienista - nas Ocupações Vitória e Esperança com proposta de Urbanização que não é Justa, nem Ética e não considera a Participação Popular. Não aceitamos um modelo de urbanização que implique em despejo de centenas de casas construídas com muito trabalho, suor e sangue. Honraremos Manoel Baía, Kadu e outros companheiros que foram mortos na luta das Ocupações da Izidora por moradia própria e adequada.

De forma autônoma, as Ocupações Esperança e Vitória já realizaram estudos, construído com assessoria aliada das ocupações e os próprios moradores participando de forma coletiva, e apresentaram Proposta de Urbanização alternativa onde se reduz para menos de 100 as casas a serem demolidas. Por que não construir na fazenda de um grande supermercado ao lado da Ocupação Esperança a Avenida que a URBEL diz que deve ser construída rasgando a Ocupação Esperança ao meio, evitando demolir 300 casas? Na Ocupação Vitória não há necessidade de um grande supermercado, mas, sim, de dezenas de pequenos mercados.

A PBH teve a postura absurda de pedir judicialmente a reintegração de posse da sede da URBEL, ou seja, pedir ao judiciário decisão para jogar a tropa de choque da PM para despejar centenas de pessoas que lutam por direitos humanos fundamentais. Se houvesse abertura para o diálogo da direção da URBEL, não seria necessário ocupar a URBEL. Resolvemos sair do prédio da URBEL na iminência da tropa de choque da PM e Guarda Municipal entrar, pois com postura ética preferimos evitar que crianças, idosos, mulheres fossem machucadas, presas e aterrorizadas pela truculência da tropa de choque. Entretanto, se a posição injusta da PBH e da URBEL não mudar, se URBEL e PBH não assumirem compromisso com um Plano de Urbanização Justa, Ética e com Participação Popular, VOLTAREMOS também com o Povo da Ocupação Vitória em número muito maior e com mais força.

Como toda ação gera uma reação, a ocupação do prédio da URBEL se tornou necessária e justa também pelo que segue abaixo.

Dia 8 de maio último (de 2024), o presidente Lula anunciou a liberação de milhões de reais pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para Prefeitura de Belo Horizonte (PBGH) fazer a urbanização de duas Ocupações da região da Izidora, em Belo Horizonte, MG: as ocupações Rosa Leão e Helena Greco, as duas com cerca de 2.000 famílias; Rosa Leão há 11 anos e Helena Greco com 13 anos de luta. A imprensa divulgou valores diferentes. Um site noticiou 250 milhões de reais; outro, 191 milhões de reais e outro, 41 milhões de reais. Pelo princípio da transparência, exigimos saber ao certo os valores anunciados, onde serão aplicados e como?

Foi anunciada a construção de 275 unidades do Minha Casa Minha Vida na região da Izidora, em Belo Horizonte. Construir onde? Na Ocupação Helena Greco, onde a URBEL, da PBH, tem projeto para demolir todas as 400 casas que foram autoconstruídas ao longo de 13 anos de luta? Se sim, as outras 125 famílias irão morar onde? Quanto tempo todas as famílias da Ocupação Helena Greco ficarão sem moradia própria?

Por mais de uma década, a prefeitura esteve do outro lado da barricada e em diversos momentos fez de tudo para que as ocupações fossem despejadas. A resistência das 9.000 famílias das quatro Ocupações da Izidora manteve as casas de pé e, mais, construíram de forma autônoma, verdadeiros bairros consolidados.

A urbanização justa, ética e popular é uma luta histórica das Ocupações da Izidora e não pode ser realizada de forma atropelada e sem a participação do povo. As ocupações Vitória e Esperança estão hoje fora do plano de urbanização da prefeitura, porque não conciliaram com as propostas absurdas feitas pelo poder público municipal. Dia 30 de outubro de 2023, lideranças das Ocupações da Izidora, com integrantes da CPT[2], das Brigadas Populares, do MLB[3] e assessoria técnica foram recebidas em reunião pelo prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, que iniciou a reunião dizendo que a Prefeitura de BH, através da URBEL, já estava com projetos prontos para encaminhar ao presidente Lula para urbanizar as Ocupações Rosa Leão e Helena Greco com dinheiro do PAC, mas que as outras duas Ocupações, as maiores, - Esperança e Vitória -, ficariam fora porque as famílias destas duas Ocupações não aceitaram o projeto de urbanização apresentado pela URBEL, no qual está claro que a Prefeitura e a URBEL querem demolir cerca de 1.000 casas nas duas ocupações. Não assinamos embaixo de nenhuma proposta de despejo, ou que não traga nenhuma alternativa prévia, digna e justa ao nosso povo.

De forma independente, as ocupações já realizaram estudos, construídos com assessoria aliada das ocupações e os próprios moradores participando de forma coletiva e apresentaram uma proposta alternativa onde se reduzia para menos de 100 as casas a serem demolidas.

Estudos como esse mostram o verdadeiro caráter higienista da prefeitura, que acha que para urbanizar é importante remover pobres e dar características que atraiam pessoas de poder aquisitivo maior para a região.

Companheiras e companheiros das Ocupações da Izidora, ao longo de mais de uma década, nosso rumo, o que guiou nossos caminhos foi a luta. Exigimos que a prefeitura de Belo Horizonte e a URBEL cumpram o seu papel e urbanizem as quatro Ocupações da Izidora - Helena Greco, Rosa Leão, Esperança e Vitória -, mas também exigimos que todo esse processo seja feito com respeito e em colaboração com as famílias que já vivem nas Comunidades da Izidora. Por isso, não podemos esperar parados quaisquer ações do poder público, devemos lutar para que a urbanização aconteça e que aconteça de forma justa para o bem do povo. Não aceitaremos despejos disfarçados de urbanização.

Assinam esta Nota Pública:

Coordenação da Ocupação Esperança

Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)

Comissão Pastoral da Terra (CPT/RMBH)

Unidade Popular pelo Socialismo

Belo Horizonte, MG, 20 de junho de 2024

Obs.: As videorreportagens no link, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - URBEL/PBH ocupada pelo Povo da Ocupação Esperança, Izidora, BH/MG: Urbanização Justa e Popular, JÁ!




 



[1] Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte.

[2] Comissão Pastoral da Terra.

[3] Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas.

terça-feira, 11 de junho de 2024

JUSTIÇA PARA MARIA CRISEIDE DA SILVA E WELLINGTON MARCELINO ROMANA, defensores de Direitos Humanos injustamente condenados e vítimas de tortura e ela, de estupros na prisão

JUSTIÇA PARA MARIA CRISEIDE DA SILVA E WELLINGTON MARCELINO ROMANA, defensores de Direitos Humanos injustamente condenados e vítimas de tortura e ela, de estupros na prisão



A trajetória e a jornada de horrores enfrentada por Maria Criseide da Silva e Wellington Marcelino Romana por conta da sua combatividade e coerência em histórica defesa dos Direitos Humanos fundamentais à terra e à moradia adequada estão imbricadas: são companheiros inseparáveis de vida e de luta. Começaram a militância muito jovens no Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, um dos maiores redutos do agronegócio do país.

Maria Criseide da Silva tem origem cigana. Começou sua militância em 2001 no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na Ocupação Emiliano Zapata (hoje, Assentamento Florestan Fernandes), em Uberlândia/MG. Aí conheceu e se casou com o companheiro Wellington Marcelino Romana, em 2005.  Ele assumiu e ajudou-a a criar seus três filhos.  

Wellington Marcelino Romana, conhecido como Marron, iniciou sua militância ainda adolescente, em Uberaba/MG, nas comunidades pobres, nos movimentos de favelas, no hip hop e nas rodas de samba.  Participou do movimento negro a partir da escola de samba e dos centros de culto de matriz africana da comunidade.  Integrou o MST na ocupação da Fazenda Saudade, em Santa Rosa/Uberaba. Esta foi brutalmente despejada pelo então governador Aécio Neves (PSDB/MG). Os trabalhadores sem-terra despejados foram para Uberlândia. Lá se estabeleceram na Ocupação Emiliano Zapata.

De 2005 em diante, Wellington e Maria Criseide continuaram juntos na luta permanente por terra, moradia e pelos Direitos Humanos. Em 2011 participaram da criação do Movimento dos Sem Teto do Brasil (MSTB). Juntamente com 2.350 famílias fundaram o Acampamento Glória/Élisson Pietro, em Uberlândia, o maior da América do Sul. Enfrentaram fazendeiros, multinacionais e grandes construtoras – o latifúndio e a especulação imobiliária.

Em 2014, Maria Criseide e Wellington foram condenados a 15 anos de prisão por um homicídio que não cometeram. Sofreram inquérito e processo sumários e fraudulentos, eivados dos mais escabrosos erros, irregularidades e falsidades - processo farsesco levado a cabo pela justiça burguesa sempre a serviço da propriedade e do capital. Wellington e Maria Criseide já estavam a tempos jurados de morte pelos latifundiários e empreiteiros da região. Não tiveram ainda o direito de se defender no processo. Mesmo sendo inocentes, foram condenados sem direito ao contraditório e ao devido processo legal.

No dia 13/03/2020, depois de seis anos de clandestinidade, foram presos em Goiás.  Um ano e quatro meses depois foram transferidos para Uberlândia: Maria Criseide para a Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga e Wellington para o Presídio Professor Jacy de Assis. Permaneceram lá por dois anos e quatro meses. Foram torturados física e psicologicamente. Maria Criseide foi colocada em cativeiro clandestino dentro do sistema prisional - juntamente com Camila, sua colega de cela. Ficaram quase dois anos sem banho de sol e sem alimentação minimamente adequada.  Passaram 15 dias sem tomar banho, sem eletricidade e sem a luz do sol. Foram espancadas e estupradas pelo policial penal Wendel de Souza, chefe dos agentes penitenciários.

Maria Criseide e Wellington sofreram nos seus corpos o cotidiano das masmorras deste país: superlotação, torturas, assassinatos por espancamentos ou negligência, tratamentos cruéis e degradantes. Estão agora em liberdade graças a um alvará de soltura enquanto aguardam a revisão criminal de seu processo. São inocentes: foram condenados porque não negociam princípios, não abrem mão da luta pelos Direitos Humanos, por uma sociedade justa e igualitária. Reafirmam sempre a convicção de que nem o Estado nem ninguém tirarão deles sua dignidade e sua história de vida e de luta.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) já marcou e adiou quatro vezes o julgamento desta revisão criminal, o que prolonga a tortura psicológica dos companheiros os colocando em situação permanente de extrema ansiedade. Finalmente, está agora marcado o julgamento para o dia 17/06/2024, às 13h, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Exigimos justiça para Maria Criseide e Wellington: que sua inocência seja confirmada juridicamente.

Solicitamos a todes que enviem e-mails exigindo justiça para Maria Criseide e Wellington aos desembargadores do TJMG que farão o julgamento da revisão criminal. Seguem os endereços e uma proposta de texto.

 

·        Proposta de texto:

Prezado Dr. xxx, boa tarde!

Nós, da ................................................................................., estamos acompanhando com atenção o julgamento da Revisão criminal nº 2940611-30.2022.8.13.0000 do processo de MARIA CRISEIDE DA SILVA e WELLINGTON MARCELINO ROMANA.

Somos inteiramente solidários com Maria Criseide e Wellington. Temos certeza que a justiça se fará presente do lado deles.

Ass.:........................................................

 

·        E-mails dos desembargadores:

2º Cartório de feitos especiais: segundocafes@tjmg.jus.br

Desembargador relator - Doorgal Borges de Andrada: gab.doorgalandrada@tjmg.jus.br

Desembargador revisor - Julio Cesar Lorens: gab.jclorens@tjmg.jus.br

Desembargador vogal - Correa Camargo: gab.correacamargo@tjmg.jus.br

 

Pedimos que copiem o escritório do advogado de defesa no e-mail: gregadvogados@gmail.com

 

Belo Horizonte, 11 de junho de 2024

 

Obs.: As videorreportagens no link, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 - “Sou inocente!” Defensor de Direitos Humanos, Wellington Marcelino é inocente. Revisão Criminal, Já

2 - Homenagem a Maria Criseide e Wellington Marcelino. TJMG, são inocentes! Tortura/estupro, NUNCA MAIS!

3 - Maria Criseide, defensora DH, inocente, presa, estuprada várias vezes por Policial Penal na prisão

4 - Maria Criseide e Wellington, INOCENTES, mas pena 15 anos de prisão, presos a 4 anos, tortura/estupro