Cansadas e desacreditadas em uma solução pelo INCRA e Justiça Federal, as famílias do Assentamento Dom Luciano Mendes sentiram obrigadas a agir com as próprias forças.
Durante 03 meses as famílias do Assentamento Dom Luciano Mendes tiveram suas plantações destruídas por animais do gerente do ex - proprietário que ocupava indevidamente as terras e a sede da fazenda.
Além da quantidade já existente, no dia 01/02/2015, as famílias foram surpreendidas com mais de 70 cabeças de gado entrando no assentamento, guiados por vaqueiros desconhecidos que diziam estar a serviço de Vicente de Souza Gonçalves – ex gerente da propriedade. As famílias assentadas proibiram os invasores de entrar com o gado, mesmo assim, entraram pelos fundos da fazenda e colocaram os animais no curral. Indignadas, as famílias proibiram a retirada destes, como também da permanência dos vaqueiros e retirada de qualquer coisa na propriedade sem a presença da Polícia. Houve muitos momentos de conflitos, pois tentaram retirar o gado à força.
A polícia de Salto da Divisa/MG foi acionada, que compareceu no mesmo dia, mas não houve nenhuma solução e foi embora imediatamente. O conflito se estendeu até o dia seguinte. Só foi resolvido com a chegada de policiais enviados pelo comando do 44º Batalhão de Polícia Militar sediado em Almenara/MG. Depois de muita tensão, com a mediação da Polícia Militar e da Comissão Pastoral da Terra, o gerente cumpriu a reivindicação das famílias, ou seja, desocupar imediatamente a sede da fazenda e retirar os animais que estavam na área de uso coletivo e no prazo de até 20 dias retirar o restante dos animais da outra parte da propriedade.
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No dia 22 de outubro de 2014, o INCRA/MG foi imitido na posse da Fazenda Monte Cristo e no mesmo dia a área foi entregue a 30 famílias do Acampamento Dom Luciano, que as quais passaram a ocupar e desenvolver suas atividades agropecuárias. Durante o momento de imissão da posse, apareceu um senhor que dizia ser vaqueiro do antigo dono, informou também que existia um gerente, os quais possuíam dentro da propriedade 90 bovinos e cerca de 50 animais de serviço. Durante a imissão de posse o oficial de justiça e o procurador do INCRA informaram a ele que tinha até o dia 11 de novembro de 2014 para desocupar a área.
Nos dias 11 e 12 de novembro de 2014, o procurador do INCRA voltou à fazenda para verificar se o antigo dono havia desocupado, porém ainda encontrou a propriedade ainda ocupada, diante do exposto o procurador notificou o antigo gerente Vicente de Souza Gonçalves e o vaqueiro Antônio Alves de Souza para desocupar a terra e retirar os animais e todos os materiais em até 05 dias.
Apesar de não terem acesso a recursos financeiros, as famílias conseguiram com muito esforço fazer plantações de mandioca, abóbora, milho, banana e outras culturas e que foram destruídas pelo gado do Vicente que estavam na fazenda. Indignados, os (as) agricultores (as) encaminharam uma nota de repudio aos parceiros e ao INCRA no dia 18/01/2015, relatando toda situação de sofrimento, desrespeito e injustiça que vinha sofrendo com a destruição das plantações que é o principal meio de sobrevivência das famílias. Tomando conhecimento da nota de repúdio a CPT encaminhou no dia 20/01/2015 um oficio ao INCRA pedindo urgência na resolução do problema. Mas não houve nenhuma solução.
Salto da Divisa/MG – 03/02/2015
Comissão Pastoral da Terra e Assentamento Dom Luciano Mendes/MST.
ABAIXO Nota com fotos em anexo:
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Conflitos no Assentamento Dom Luciano Mendes em Salto da Divisa – MG.
Trabalhadores/as do Assentamento Dom Luciano Mendes – MST impedem gado do antigo dono da fazendo entrar na propriedade e o conflito pode ficar pior se houver resistência por parte do ex proprietário. Tal ação se justifica, pois os trabalhadores já não suportam ser insultados e ter suas plantações comida e pisoteadas pelos animais de serviços e gado do fazendeiro que insistem em desocupar a propriedade. Os trabalhadores/as estão cansados de esperar o INCRA MG e a Justiça Federal, que desde novembro de 2014 ficaram de retirar os vaqueiros e animais do Assentamentos, os quais, ocupam a terra indevidamente, uma vez, que a terra foi desapropriada e pertence ao INCRA e foi entre aos trabalhadores desde outubro de 2014. Os trabalhadores/as já fizeram várias solicitações ao INCRA reivindicando a retirada do gado, cavalos, vaqueiro e gerente, mas até o momento não haviam acontecido. Hoje no início, da tarde, quando os vaqueiros tentaram entrar com outras dezenas de cabeças de gado, os trabalhadores/as impediram e dizem não mais deixar o gado e nem vaqueiros entrar e pedem que sejam tomadas as providências para evitar conflitos maiores no local. Os trabalhadores/as dizem que os órgãos competentes (INCRA e JUSTIÇA) serão os principais responsáveis, caso ocorra algum conflito com vítimas. Nós da Comissão Pastoral da Terra, também mandamos ofício ao INCRA informando que deveria tomar providências e como não houve solução até o momento, novamente, viemos informar ao INCRA que tome providências urgentes, pois o conflito está inflamado e poderá haver enfrentamento e até morte.
Belo Horizonte – 01/02/2015
Comissão Pastoral da Terra MG.
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