terça-feira, 31 de março de 2015

A TARDE MAIS TRISTE: COMPANHEIRO BAHIA ASSASSINADO. BH, 31/03/2015.

A TARDE MAIS TRISTE: COMPANHEIRO BAHIA ASSASSINADO. 

        Hoje, 31 de março de 2015, a tarde mais triste das ocupações da região da Isidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG. Morreu Manoel Ramos, o Bahia, coordenador da Ocupação Vitória e valoroso militante da luta das famílias sem-teto da capital de Minas Gerais e da Região Metropolitana de BH. Por volta das 15:00h o Bahia foi assassinado a golpes de machado e facão por oportunistas infiltrados na comunidade Vitória, indivíduos que pretendiam lucrar com a luta de milhares de famílias que lutam aguerridamente por moradia própria, digna e adequada. Bahia tombou no lugar onde sonhou viver, um sonho que não era só dele, mas compartilhado por milhares de famílias que desejam se libertarem do aluguel e da humilhação de sobreviver de favor; um sonho de outras tantas pessoas, dentro ou fora das ocupações, que assumem o compromisso de construir uma cidade onde caibam todos e todas.
Bahia foi morto por se opor à venda de espaços dentro da ocupação, por procurar garantir que aquela comunidade acolhesse apenas aqueles e aquelas que realmente necessitam de teto. Morreu por ser justo e por fazer do princípio da igualdade seu maior estandarte. Foi vítima da cobiça intolerável de poucos, da intransigência dos poderes públicos em construir uma solução justa, pacífica, negociada e rápida para o maior conflito social urbano do Brasil, hoje instalado na Região do Isidora. Foi a ausência de uma política efetiva de Reforma Urbana que fez do Bahia uma vítima, e nos privou a todos da presença deste gigante em coragem e generosidade.
Bahia era há meses vítima de ameaças, por seguir as determinações coletivas que impedem a venda de lotes em áreas ocupadas. Também foi sobrevivente de um atentado contra sua vida executado por PMs, fato que quase o levou à morte, isso por se opor às violações de direitos promovidas por policiais militares contra os moradores da Ocupação Vitória. Bahia nunca se intimidou. Seguiu lutando, denunciando e construindo o futuro de milhares. Um futuro que lhe pertence e que lhe foi negado.
Um pedaço de nós morreu com Bahia, porém aquilo que é vivo em nós se fortalece nesta dor. Não será inútil o sacrifício deste amigo e companheiro. Bahia morreu por defender a justa luta por dignidade, por uma cidade aberta, na qual todos/as e cada um/a possam conviver em plenitude. Diante de um gesto de tanta coragem, não temos o direito de desistir. Devemos levar às últimas consequências o exemplo deste extraordinário ser humano. Devemos lutar, resistir e vencer, coletivamente. 
Se tentaram, pelo medo, impor uma ordem injusta, será pela coragem de moradores/as, apoiadores/as e organizações que prevalecerá a igualdade e a Vitória. Seguiremos combatendo toda e qualquer tentativa de utilização indevida da luta de tantos e tantas.
Cabe aos governos evitar que esta situação se repita, e que de uma vez por todas garanta o direito de todas as famílias sem-teto das ocupações urbanas de Minas Gerais.
Não toleramos mais pagar com sangue a intransigência dos governantes, a insensibilidade do judiciário e os interesses dos empresários.
A tarde mais triste nos desola. Esta noite choramos sobre o corpo de um de nós. Amanhã nos daremos conta que estamos vivos, e que o tributo cobrado pelo que tombou, é a marcha firme dos que vivem. Nos manteremos sempre de pé.
Companheiro Bahia. PRESENTE!

Belo Horizonte, MG, Brasil, 31 de março de 2015.

Assinam essa Nota,
Brigadas Populares;
Comissão Pastoral da Terra (CPT);
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB);
Coordenação das Ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão
e Rede de Apoio.


segunda-feira, 23 de março de 2015

Livros Paulo Freire Gratuitos [9 Anexos]

[Anexos de Plebiscito Popular incluídos abaixo]

Lutadoras e lutadores do povo.
Recebi esse e-mail do companheiro Leo Koury e penso que vale muito a leitura desse material do Paulo Freire - um grande educador popular.

"Na atual conjuntura, qual questionam a legitimidade da contribuição de Paulo Freire para a educação no Brasil, indico o e-mail que recebi sobre uma coleção de livros disponíveis gratuitos de Paulo Freire".



​Foto da manifestação do dia 15 (pelos coxinhas)​


Atenciosamente,

Carol
Secretaria Operativa - Minas Gerais
(31) 3238-5000 / (31)3238-5041

Por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.

"O povo quer tá no poder,
o povo quer participar,
por isso vamos construir o plebiscito popular"


__._,_.___
Anexo(s) de Plebiscito Popular | Exibir anexos na web
9 de 9 arquivo(s)

Enviado por: Plebiscito Popular <plebiscitopopularmg@gmail.com>

sexta-feira, 20 de março de 2015

quinta-feira, 19 de março de 2015

Quilombolas enfrentam mineradora em Paracatu-MG agencia brasil 16 mar 15

QUILOMBOLAS E MINERADORA VIVEM EMBATE APÓS AUMENTO DE EXPLORAÇÃO EM PARACATU

Quilombolas da comunidade de Machadinho, no município mineiro de Paracatu, reivindicam da empresa canadenseKinross Gold Corporation, que lidera a atividade de extração de ouro na cidade, uma compensação pelo uso de terras que pertenceram ao grupo.
A reportagem é de Paula Laboissière, publicada pela Agência Brasil, 16-03-2015.
Mais de mil quilombolas fazem parte da comunidade, mas a maioria vive na zona urbana. As sete famílias que permaneciam no local negociaram, há mais de dez anos, a venda das terras com a empresa canadense. Agora, os demais membros da comunidade tentam negociar uma compensação a ser paga pela mineradora a eles.
A comunidade de Machadinho se localiza no norte do município. A compra desse território pela empresa canadense fez parte do processo de expansão da mineradora.
De acordo com o diretor da Federação Quilombola de Minas GeraisGilberto Coelho de Carvalho, o termo de reconhecimento de que a comunidade de Machadinho é terra quilombola foi publicado pela Fundação Cultural Palmares em 1994, mas o processo de regularização ainda estava em curso. “Não foi suficiente [ter o termo de reconhecimento de comunidade remanescente de quilombo]. Algumas famílias moravam no local, viviam do plantio, do garimpo. Mas funcionários da mineradora fizeram pressão”, explicou.
A presidenta da Associação Quilombola de MachadinhoMaria Abadia Vaz da Costa, classifica a atual situação do grupo de insustentável. “Já são dez anos que estamos na luta. Queremos receber pela parte que a mineradora ocupou com a expansão. Pagaram para as famílias que estavam morando lá, mas não para nós”, disse, ao destacar que ainda há uma parte da comunidade que não foi ocupada pela empresa.
“Minha mãe e meu avô moraram em Machadinho. Agora, minha mãe vive na cidade, mas pede que a gente vá atrás disso. Ela tem 86 anos e não recebeu nada pela terra que perdeu”, completou.
A história de Maria Abadia é parecida com a de José Benedito de Moraes Lima, que deve assumir o posto de presidente da associação. Ele garante ter frequentado a comunidade quando criança, tem parentes que receberam pela venda das terras, mas cobra na Justiça uma compensação para si.
Kinross Gold Corporation informou que a negociação das terras foi feita de forma idônea e que as pessoas em situação de vulnerabilidade receberam acompanhamento e foram realocadas em outras regiões de Paracatu, como prevê a legislação.
Fundação Cultural Palmares confirmou que a comunidade de Machadinho foi certificada como território quilombola em 2004, mas esclareceu que esse é apenas o primeiro passo no processo de titulação. Os procedimentos seguintes seriam de responsabilidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Incra, por sua vez, informou que o processo de reconhecimento como terra quilombola foi iniciado, mas nunca concluído e que, nesse meio tempo, as famílias que viviam ali tinham o direito de negociar a terra que, atualmente, é considerada particular.
Ainda de acordo com o instituto, em março de 2009, foram publicados os Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação da comunidade no Diário Oficial da União. O documento inclui relatório antropológico e outros estudos necessários para a regularização. “Foram apresentados recursos administrativos ao Incra-MG. O Comitê de Decisão Regional da superintendência em Minas indeferiu a maioria deles em março de 2013. Novos recursos foram apresentados e levados ao Conselho Diretor do Incra em Brasília, onde aguardam julgamento”, informou.
Incra destacou ainda que, como foi identificada sobreposição do território delimitado com área de mineração, o processo foi encaminhado para a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal na Advocacia-Geral da União (AGU), que deve definir qual interesse público deve prevalecer no caso. Dados do órgão indicam que, apenas em Minas Gerais, existem 194 processos abertos para a regularização de comunidades remanescentes de quilombos.

Mineradora Vale é autuada por trabalho escravo

DIREITOS HUMANOS
18.03.2015
Mineradora Vale é autuada por trabalho escravo
Brasil de Fato
Adital

A Vale, uma das maiores empresas de mineração do mundo, foi autuada pelo governo federal por reduzir trabalhadores à condição análoga à escravidão. A autuação é fruto de uma ação conjunta do Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal, realizada na primeira semana de fevereiro, em um centro de operações no município de Itabirito, Estado de Minas Gerais.
apublica.org
Motoristas dirigiam caminhões para a Vale em condições análogas à de escravidão.

A fiscalização verificou que trabalhadoras e trabalhadoras responsáveis por dirigirem caminhões com minério de ferro entre duas minas da empresa estavam submetidos a condições degradantes e jornadas exaustivas. 
Os motoristas eram terceirizados, ou seja, contratados por uma empresa que prestava serviços à Vale. Segundo os órgãos fiscalizadores, o transporte de minério é uma atividade fim na mineração, o que torna a terceirização ilegal nesse caso, permitindo responsabilizar a mineradora. 
Foram encontrados 411 motoristas terceirizados. Destes, 309 foram considerados em situação análoga a de escravos. Foram lavrados 32 autos de infração, cobrindo todas as infrações encontradas. "A Vale é a responsável por esses motoristas, não há dúvida disso”, afirmou a procuradora do Trabalho Adriana Augusta de Moura Souza, que abriu um inquérito para investigar a caracterização de trabalho escravo. 
"A Vale sabia de tudo e deixou correr solto. Temos um relatório em que eles detectam e registram mais de 30 inconformidades nessa terceirizada”, diz o auditor fiscal Marcelo Campos, coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho Análogo ao de Escravo em Minas Gerais e responsável pela ação. 
Situação degradante 
De acordo com os agentes que participaram da fiscalização, o banheiro usado pelos motoristas jamais havia sido limpo. Muitas vezes, os trabalhadores eram obrigados a fazer suas necessidades ao ar livre, na estrada. 
Também não havia acesso à água potável ou locais para tomar banho, o que fazia com que tivessem de voltar sujos para suas casas. Além disso, a empresa terceirizada "incentivava” jornadas extras em troca de prêmios, nunca pagos. Houve o relato de um caso em que um motorista dirigiu por 23 horas seguidas, com apenas um intervalo de 40 minutos. 
Em nota, a Vale negou qualquer irregularidade nas operações em Itabirito. A empresa terceirizada, Ouro Verde, afirmou que as infrações constatadas em relação à jornada de trabalho seriam "decorrentes de problemas sistêmicos no relógio ponto”. Sobre as premiações, disse que "por conta dos problemas nos relógios pontos, não foi possível apurar os resultados obtidos pelos empregados e realizar o pagamento dentro do prazo prometido. A empresa, no entanto, por medida de justiça com o trabalhador, optou por pagar a premiação a todos os elegíveis, independentemente da aferição ou não do resultado”.

Brasil de Fato

Agência Brasil de Fato. Uma visão popular do Brasil e do Mundo
Fonte: Site ADITAL - http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=84416

quarta-feira, 18 de março de 2015

Ocupações urbanas de BH, RMBH e de Uberlândia, em MG, fazem luta histórica. BH, 18/03/2015.

Ocupações urbanas de BH, RMBH e de Uberlândia, em MG, fazem luta histórica.
Hoje, dia 18/03/2015, as Ocupações urbanas de Belo Horizonte, Região Metropolitana de BH e de Uberlândia, irmanadas com ocupações urbanas de outros 12 estados, fizeram um Dia Nacional de Lutas das Ocupações Urbanas. A periferia ocupou dezenas de cidades na luta por Reforma Urbana de verdade. O trânsito foi bloqueado na parte da manhã em 03 pontos em Uberlândia e em 09 pontos de BH e RMBH:
1)   MG 10 (Linha Verde), a que dá acesso ao aeroporto de Confins, foi bloqueada em 3 pontos: a) diante da Cidade Administrativa; b) em Vespasiano, próximo à Cidade Administrativa; c) Ao lado da Carbel, logo após o Hospital Risoleta Neves, bloqueando a Av. Cristiano Machado e a Av. Dom Pedro I;
2)   Anel Rodoviário, em 2 pontos: a) Ao lado do Viaduto São Francisco; b) Ao lado da Ocupação Novo Paraíso, no Palmeiras, em BH;
3)   Av. Antônio Carlos, na entrada da UFMG;
4)   BR 040, em Contagem, MG, ao lado do CEASA;
5)   No Barreiro, em BH, 2 pontos: a) Via do Minério; b) Av. Senador Levindo Coelho;
Na parte da tarde, povo das Ocupações se reuniu na Cidade Administrativa, em BH, onde acompanhou reunião de uma Comissão dos Movimentos Sociais (Brigadas Populares, MLB e Luta Popular), da Comissão Pastoral da Terra e representantes das Ocupações Vitória, Esperança, Rosa Leão, Nelson Mandela, Novo Paraíso, Eliana Silva e Olaria (em BH), Santa Maria (em Vespasiano), Guarani Kaiowá e William Rosa (em Contagem) e Barreirinho (em Ibirité).
Pelo Governo de MG participou da reunião o Secretário de Governo Odair Cunha, Fernando Tadeu, Claudius e Cel. Hebert, além de outros funcionários.
Ficou acordado, segundo Ata de Reunião, que:
1)   Reafirmado que o Governo de MG não fará despejo sem apresentar alternativa digna de moradia;
2)   O Comandante Geral da PM de MG deverá receber em reunião na próxima semana uma Comissão dos Movimentos sociais e Ocupações;
3)   O secretário de Governo Odair Cunha assegurou que o Governador Pimentel receberá em Audiência uma Comissão dos Movimentos sociais e Ocupações urbanas, após alinharmos Decreto que instituirá oficialmente a Mesa de Negociação com as ocupações e após apresentarmos proposta de lei para aprimorar a Lei 13.604/2000, buscando assegurar legalmente em MG que não poderá haver despejo forçado sem alternativa digna e prévia;
4)   A Secretaria de Governo analisará buscando a suspensão/abolição do TAC firmado entre Ministério Público de MG, prefeitura de BH, COPASA e CEMIG, TAC que proíbe a COPASA E A CEMIG colocar água e energia nas ocupações, pois água e energia são bens comuns e não podem continuar sendo negados ao milhares de famílias que estão vivendo em Ocupações consolidadas, tais como as Ocupações Dandara, Camilo Torres, Irmã Dorothy, Eliana Silva, Rosa Leão, Esperança, Vitória e muitas outras em BH. Teremos uma resposta em 15 dias.
Assim, por volta das 17:00h, o resultado da Reunião com o Governo de MG foi apresentado em Assembleia ao povo das Ocupações que estava acampado na Cidade Administrativa esperando o fim da reunião. Animado e feliz com as várias vitórias das lutas de hoje, o povo voltou para as ocupações-comunidades, certos de que só será respeitado ao demonstrar a força do Poder Popular em lutas coletivas, com organização e cumplicidade na luta que é de todos por uma cidade e sociedade que caiba todos/as.
Pela CPT,
frei Gilvander Moreira. www.freigilvander.blogspot.com.br


UM CRIME ANUNCIADO!

UM CRIME ANUNCIADO!
 CASAS DE FAMÍLIAS DO ACAMPAMENTO VIDA NOVA EM JORDÂNIA SÃO QUEIMADAS E DESTRUÍDAS. 
 
CLIQUE AQUI para ver nota em anexo com fotos.
 
A Comissão Pastoral da Terra - MG vem informar e denunciar a destruição de casas de famílias do Acampamento Vida Nova em Jordânia – Minas Gerais, bem como as ameaças de morte que as famílias vêm sofrendo há mais de um ano. As ameaças que destruiria e queimaria as casas das famílias foram anunciadas em recados enviados aos trabalhadores, diante das ameaças, as autoridades foram acionadas, mas nenhuma providência concreta foi tomada e ninguém foi punido pelas 03 (três) casas queimadas em 2014, cabe informar também, que todos os bens das famílias foram destruídos. Diante da impunidade, na noite do dia 14/03/2015, destruíram mais uma moradia. 
Os trabalhadores/as dizem que o principal suspeito pelas ameaças e destruição das casas está presente na região e mora próximo do Acampamento e as autoridades têm nome e endereço do suspeito. Se existe alguma investigação para descobrir quem realmente são responsáveis pelos atos, não é informado aos trabalhadores/as e nem para os diretores do STR de Jordânia que não acreditam mais numa solução por parte das autoridades.A Comissão Pastoral da Terra - MG vem informar e denunciar a destruição de casas de famílias do Acampamento Vida Nova em Jordânia – Minas Gerais, bem como as ameaças de morte que as famílias vêm sofrendo há mais de um ano. As ameaças que destruiria e queimaria as casas das famílias foram anunciadas em recados enviados aos trabalhadores, diante das ameaças, as autoridades foram acionadas, mas nenhuma providência concreta foi tomada e ninguém foi punido pelas03 (três) casas queimadas em 2014, cabe informar também, que todos os bens das famílias foram destruídos. Diante da impunidade, na noite do dia 14/03/2015, destruíram mais uma moradia.
Diante da impunidade, as famílias temem que as ameaças de morte recebidas frequentemente, possam acontecer a qualquer momento. Neste sentido, viemos cobrar das autoridades uma investigação e punição para o/s responsável/is pelos crimes praticados contra os/as trabalhadores do Acampamento Vida Nova. E alertamos como ocorrido em Felisburgo, muitas ameaças foram registradas, nenhuma solução foi tomada e cinco trabalhadores foram brutalmente assassinados, será que vão esperar acontecer o mesmo em Jordânia - MG?
                                                                                                             17/03/2014
Comissão Pastoral da Terra – Minas

Ato Nacional Periferia ocupa a cidade! Reforma Urbana de Verdade! Release e Nota à Imprensa e à sociedade.

Ato Nacional Periferia ocupa a cidade! Reforma Urbana de Verdade!
Release e Nota à Imprensa e à sociedade.

De 13 estados do Brasil, 18 de março de 2015.

As cidades, espaços de vida da maioria do povo brasileiro, são historicamente produzidas e reproduzidas pelo manto do capital imobiliário, segundo interesses das elites políticas e econômicas, fortalecendo a segregação urbana e a desigualdade social. Milhões de pessoas, trabalhadores e trabalhadoras, constroem coletivamente as cidades, mas são privadas de exercitarem os direitos mais elementares no espaço urbano e sofrem violências diversas do Estado.
No Brasil há uma crise urbana aguda em função do enorme déficit habitacional que ultrapassa 7 (sete) milhões de moradias. Além disso, milhões de brasileiros vivem em áreas urbanas sem acesso à água, sem serviços de coleta de lixo, sem sistema de saneamento básico, com graves restrições no que toca à mobilidade urbana, sofrendo com a militarização das cidades e com a violência policial.
O modelo de política urbana adotado pelo governo federal nos últimos anos privilegia abertamente o setor imobiliário - as construtoras, incorporadoras e os proprietários de terra urbana - que lucraram e lucram bilhões de reais. Não há uma política urbana que contenha os avanços do capital imobiliário e que seja capaz de fortalecer as políticas públicas de habitação de interesse social e de urbanização no país. Prova dessa postura foi a indicação de Gilberto Kassab para o Ministério das Cidades como representante do setor imobiliário em detrimento de políticas que produzam justiça urbana.
O projeto de reforma urbana baseado em um modelo de desenvolvimento que entende a cidade como uma mercadoria, o povo enquanto consumidor e privilegia as grandes construtoras e empresas é incapaz de sanar a crise urbana e resolver os problemas de falta de moradia digna, transporte e serviços públicos de qualidade. O maior programa de moradia do país - Minha Casa, Minha Vida - lançado para dar resposta à crise internacional de 2008 - foi incapaz de reduzir o déficit habitacional no país, pois ao mesmo tempo que construiu moradias, alimentou a concentração fundiária e a especulação imobiliária: cerca de 70% dos contratos do Minha Casa, Minha Vida estão concentrados nas dez maiores construtoras e incorporadoras do país. Não será fortalecendo a lógica do capital imobiliário que resolveremos a crise urbana.
A reforma urbana de verdade é construída a partir da iniciativa do povo de periferia organizado que ocupa terras improdutivas, constrói o espaço urbano e luta pelo direito à cidade e pela efetividade dos mecanismos de controle urbano do capital.
A periferia que ocupa a cidade faz o Brasil parar, hoje, dia 18 de Março de 2015 para colocar para todo o País a necessidade de uma reforma urbana popular e de massas nos seguintes termos:

1. O Governo Federal deve lançar imediatamente a terceira etapa do Programa Minha Casa Minha Vida - barrado até o momento pelo ajuste fiscal antipopular - e modificando profundamente a configuração em relação às primeiras duas etapas. O programa deve priorizar a gestão direta pelos movimentos em detrimento das empreiteiras; a localização central e maior qualidade das moradias; e a garantia de ao menos 70% das moradias para famílias com renda inferior a 3 salários mínimos, mantendo o subsídio.

2. As comunidades e os movimentos sociais devem ser tratados como caso de política e não de polícia pelos governos e pelo judiciário. É necessário que se suspenda todos os despejos e urbanize as áreas ocupadas, garantindo o pleno acesso aos bens e serviços públicos essenciais para o exercício do direito à cidade.

2. Os municípios devem efetivar os mecanismos de regulação urbana e controle da especulação imobiliária previstos no Estatuto das Cidades, como o IPTU progressivo, a desapropriação sansão e as áreas de especial interesse social. Sem a contenção da especulação, construir mais moradias para sanar o déficit habitacional é como enxugar gelo!

3. É necessário promover o controle social dos alugueis mediante a mudança na lei federal nº 8.245/1991. O aumento no valor dos aluguéis, impulsionado pela especulação imobiliária, tem despejado de maneira silenciosa milhões de pessoas no Brasil.

4. Tarifa zero nas cidades brasileiras como forma de garantir o direito de ir e vir de toda a população. Efetivação do transporte público como direito social, financiado por tributação progressiva, caracterizado como serviço público fundamental que assegura o acesso a outros direitos tais como o direito ao lazer, trabalho, saúde e educação.

5. Combate à Violência Policial, uma das principais materializações da Violência do Estado. A violência policial em vilas, favelas, aglomerados, ocupações e bairros de periferia é sistemática e estrutural, ceifando centenas de milhares de vidas, principalmente voltada para jovens negros e pobres. A lógica da Polícia Militar é a lógica do inimigo interno materializado no povo pobre das periferias. Como resposta faz-se urgente a desmilitarização da Polícia Militar!    

PERIFERIA OCUPA A CIDADE! REFORMA URBANA DE VERDADE!

Assinam o manifesto:
RESISTÊNCIA URBANA - Frente Nacional de Movimentos:
MUST (Movimento Urbano Sem Teto de SJC/Pinheirinho)
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)
Brigadas Populares
Movimento Luta Socialista (MLS)
Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB)
Nós da Sul
Comitê Popular da Copa/RS
         Movimento Luta Popular (MLP)
Comissão Pastoral da Terra – CPT/MG
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
           Frente Terra e Autonomia (FTA)

Contatos para maiores informações com:
Rafael, cel. 31 8812 0110; Bela, cel.: 31 8629 0189; Leo, cel.: 31 9133 0983; Lacerda, cel.: 31 9708 4830; Deise, cel.: 31 86005895; Charlene, cel.: 31 9338 1718; cel.: Elielma, cel.: 31 9343 9696; Edna, cel.: 31 8816 1672; Romerito, cel.: 31 9609 8281.

Um abraço terno.
Gilvander Luís Moreira, frei carmelita.
facebook: Gilvander Moreira