terça-feira, 29 de outubro de 2019

O sonho de conquistar terra: “Minha ideia está é na roça”.


O sonho de conquistar terra: “Minha ideia está é na roça”.
Por Gilvander Moreira[1]

Dia da conquista da fazenda Monte Cristo, em Salto da Divisa, MG, que se tornou o Assentamento Dom Luciano Mendes. Foto: Arquivo da CPT/MG.
As famílias do Acampamento Dom Luciano, no município de Salto da divisa, região do Baixo Jequitinhonha, MG, precisamente as 43 – com total de pessoas flutuante - que perseveram na luta há mais de dez anos, têm demonstrado convicção de que estão no rumo certo e não vacilaram em momento algum. Sabiam muito bem que não há ventos favoráveis para quem não sabe aonde quer chegar. Carregavam sempre consigo o sonho construído em mutirão, com as próprias mãos e acordado: o da conquista da terra. Esse sonho coletivo que foi sendo sonhado acordado, na luta coletiva, se tornou um dos trunfos que fez a luta pela terra seguir rumo a emancipação. Após dezenas de anos sendo sem-terra, na luta pela terra, em luta coletiva, se tornaram Sem Terra. É óbvio que as palavras não são unívocas, mas sempre análogas, podem ter significados diversos e, inclusive, mudar de sentido ao longo do tempo conforme novas interpretações. Na luta pela terra, sob a liderança do MST, se convencionou que sem-terra é a pessoa realmente sem-terra e que continua isolado sendo expropriado e explorado pelos latifundiários, pelo latifúndio e pelo sistema do capital. E, Sem Terra é o sem-terra que se torna militante ao abraçar a luta coletiva pela terra. A experiência e a história de luta pela terra indicam que quem se torna Sem Terra conquistará a terra mais cedo ou mais tarde caso não desista da luta, mas continuará tendo a identidade de Sem Terra e não se tornará um Com Terra, pois enquanto tiver uma pessoa sem-terra a luta pela terra deve estar de pé.
Eis uma amostra da realidade social e da luta histórica dos Sem Terra que, após ficarem acampados no Acampamento Dom Luciano durante muitos anos, conquistaram a fazenda Monte Cristo que se tornou Assentamento Dom Luciano. Antes de abraçarem a luta pela terra, esses camponeses derramaram muito suor na terra trabalhando para fazendeiros, conforme o relato do camponês Sem Terra Getúlio Lopes do Nascimento, que era da coordenação do Acampamento Dom Luciano: “Eu nasci em Vitória da Conquista, BA, mas fui criado aqui em Gabiarra, cidadezinha aqui perto, onde cheguei com dois meses de idade. Já lutei demais por aqui na região. Tomei conta de fazendas muito tempo por aqui. Eu fui vaqueiro e eu conhecia o Salto da Divisa porque era linha para a gente passar tocando gado. Quem não tem um sustento pra viver, em qualquer canto é o certo pra viver. A gente não tinha um lugar pra sobreviver e então a gente achou por bem enfrentar a luta com os companheiros aqui para ver se a gente arruma um pedacinho de terra para a gente viver com dignidade. A gente precisava de uma ariazinha para a gente sobreviver, pois a gente não tem. Na cidade do Salto da Divisa quem tem, tem demais, e quem não tem, não tem nada. Aqui só tem a empresa Mineradora Nacional de Grafite e a prefeitura para o povo trabalhar. Em Salto da Divisa quando se arruma um emprego se recebe no máximo meio salário. Fui a Belo Horizonte duas vezes. Na primeira vez, estive lá dez dias e voltei para trás. Depois, voltei lá em Belo Horizonte e fiquei mais 20 dias e voltei pra trás. Achei bonito lá, mas para trabalhar lá na cidade não gostei. Nunca passou pela minha cabeça mudar para uma cidade grande. Estudei só a primeira série, só mesmo para assinar o nome. Minha ideia está é na roça. Na cidade quem quer dar emprego para um idoso? Já sofri muito trabalhando de fazenda em fazenda como empregado. Há muito que procuro um lugarzinho para a gente ficar sossegado, sem ser empurrado ou pisado, até Deus mandar chamar. Não vamos desistir da luta pela terra junto com os companheiros. Queremos a terra. A melhor alternativa é o caminho que nós estamos seguindo, primeiro, com Deus; depois, com o MST, com irmã Geraldinha, com frei Gilvander e com todos que nos apoiam”.
No Acampamento Dom Luciano Mendes havia um significativo número de pessoas acima de 50 anos de idade. Tinha mais de dez pessoas aposentadas. As normas de seleção do Plano Nacional de Reforma Agrária não excluem os aposentados por idade como trabalhador rural. Exclui, sim, os aposentados por invalidez e muitos obstáculos legais são colocados para dificultar o acesso à terra.[2] No passado, quando assentado, o normal era colocar o lote em nome do homem, chefe de família, mas ultimamente a prioridade passou a ser colocar o lote em nome da mulher, por vários motivos: a) porque a bolsa família é em nome da mulher; b) há pesquisas que asseguram que há um índice de êxito maior nos empréstimos realizados por mulheres; c) também para frear o machismo; e d) também porque há casos de mulheres viúvas, divorciadas ou mães solteiras.
De fato, quem nasce e é criado no campo, mesmo que seja forçado a migrar para a cidade, sempre trará o campo dentro de si e o sonho de retornar ao campo estará sempre vivo dentro de si. O MST, dezenas de outros movimentos sociais camponeses e os Povos e Comunidades Tradicionais, na luta coletiva, têm tornado esse sonho realidade. Com a exaustão das condições de vida nas grandes cidades a solução será cada vez mais voltar para o campo, reconquistar a terra que expropriada e construir um modo de vida simples e sóbrio no estilo do Bem Viver e Conviver dos povos originários.

Belo Horizonte, MG, 29/10/2019.

Obs.: Abaixo, vídeos que versam sobre o assunto apresentado, acima.
1 - Palavra Ética, na TVC/BH: frei Gilvander-Acampamento Dom Luciano/MST, Salto da Divisa/MG. 22/09/14



2 - De Acampamento Dom Luciano Mendes, CPT/MST, MG, a Assentamento. IV congresso da CPT. 13/07/15



3 - Povo do Acampamento Dom Luciano, do MST, em Salto da Divisa, MG, não arreda o pé da luta. 22/09/14




[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; mestre em Ciências Bíblicas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; assessor da CPT, CEBI, SAB, CEBs e Movimentos Sociais Populares; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br             www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Segundo a NORMA DE EXECUÇÃO Nº 45, DE 25 DE AGOSTO DE 2005. DOU 166, de 29/8/2005, seção 1, p. 122, que dispõe sobre procedimentos para seleção de candidatos ao Programa Nacional de Reforma Agrária, podem ser beneficiários (as) do Programa Nacional Reforma Agrária: Art. 5º. O assentamento de famílias contemplará as seguintes categorias de trabalhadores e trabalhadoras: 2 I - Agricultor e agricultora sem terra; I - Posseiro, assalariado, parceiro ou arrendatário; II - Agricultor e agricultora cuja propriedade não ultrapasse a um módulo rural do município. Art. 6º. Não poderá ser beneficiário(a) do Programa de Reforma Agrária, a que se refere esta norma, seguindo os seguintes Critérios Eliminatórios: I - Funcionário(a) público e autárquico, civil e militar da administração federal, estadual ou municipal, enquadrando o cônjuge e/ou companheiro(a); II - O agricultor e agricultora quando o conjunto familiar auferir renda proveniente de atividade não agrícola superior a três salários mínimos mensais; III - Proprietário(a), quotista, acionista ou coparticipante de estabelecimento comercial ou industrial, enquadrando o cônjuge e/ou companheiro(a); IV - Ex-beneficiário(a) ou beneficiários(a) de regularização fundiária executada direta ou indiretamente pelo INCRA, ou de projetos de assentamento oficiais ou outros assentamentos rurais de responsabilidade de órgãos públicos, de acordo com a Lei nº 8.629/93, enquadrando o cônjuge e/ou companheiro(a), salvo por separação judicial do casal ou outros motivos justificados, a critério do INCRA; V - Proprietário(a) de imóvel rural com área superior a um módulo rural, enquadrando o cônjuge e/ou companheiro(a); VI - Portador(a) de deficiência física ou mental, cuja incapacidade o impossibilite totalmente para o trabalho agrícola ressalvados os casos em que laudo médico garanta que a deficiência apresentada não prejudique o exercício da atividade agrícola; VII - Estrangeiro(a) não naturalizado, enquadrando o cônjuge e/ou companheiro(a); VIII - Aposentado(a) por invalidez, não enquadrando o cônjuge e/ou companheiro(a) se estes não forem aposentados por invalidez; IX - Condenado (a) por sentença final definitiva transitado em julgado com pena pendente de cumprimento ou não prescrita, salvo quando o candidato faça parte de programa governamental de recuperação e reeducação social, cujo objeto seja o aproveitamento de presidiários ou ex-presidiários, mediante critérios definidos em acordos, convênios e parcerias firmados com órgãos ou entidades federais ou estaduais.


sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Pesquisa mostra que mineração na Serra do Brigadeiro, MG, será devastado...



Pesquisa mostra que mineração na Serra do Brigadeiro, MG, será devastadora. Prof. Lucas. Vídeo 3 - 23/10/2019.

Dia 23/10/2019, aconteceu na Assembleia Legislativa (ALMG) de MG, na Comissão de Direitos Humanos da ALMG uma audiência pública para debater os impactos ambientais, sociais e econômicos decorrentes das atividades minerárias no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, situado na Zona da Mata mineira, e as reiteradas violações de direitos humanos dos atingidos pela mineração nos municípios da região. Frei Gilvander participou e registrou em vídeo vários pronunciamentos. Aqui no vídeo 3 a apresentação feita pelo prof. Lucas, do Instituto Federal, de Pesquisa que demonstra que, caso se instale, mineração na Serra do Brigadeiro será devastadora socioambientalmente.

Professor Lucas, do Instituto Federal de Juiz de Fora, MG, apresentando, dia 23/10/2019, em Audiência Pública na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do estado de Minas Gerais, pesquisa científica que demonstra a devastação socioambiental que a mineração vem causando na zona da mata mineira e poderá ser mais devastadora caso amplie para o entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, em MG. Foto: Divulgação / MAM
*Filmagem: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Belo Horizonte, MG, 23/10/2019.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Claudiane, 11 anos, e frei Gilberto lutam contra mineração na Serra do B...



Claudiane, 11 anos, e frei Gilberto na luta contra mineração na Serra do Brigadeiro, MG. Vídeo 2 - 23/10/2019.

Dia 23/10/2019, aconteceu na Assembleia Legislativa (ALMG) de MG, na Comissão de Direitos Humanos da ALMG uma audiência pública para debater os impactos ambientais, sociais e econômicos decorrentes das atividades minerárias no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, situado na Zona da Mata mineira, e as reiteradas violações de direitos humanos dos atingidos pela mineração nos municípios da região. Frei Gilvander participou e registrou em vídeo vários pronunciamentos. Aqui no vídeo 2 a fala da criança Claudiane, 11 anos, e do frei Gilberto Teixeira.

Frei Gilberto Teixeira falando na ALMG em Audiência Pública contra mineração na Serra do Brigadeiro, na zona da Mata mineira. Foto: Divulgação / MAM
*Filmagem: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Belo Horizonte, MG, 23/10/2019. *Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Em defesa da Vargem das Flores, povo protesta na Câmara de vereadores de...



Em defesa da Vargem das Flores, povo protesta na porta da Câmara de vereadores de Contagem, MG. Vídeo 1 - 23/10/2019.

Na noite de 23/10/2019, muita gente foi impedida de entrar na Câmara de Vereadores de Contagem, MG, para participar de Audiência Pública sobre o manancial de abastecimento público Lagoa Vargem das Flores. O povo protestou na porta da Câmara de vereadores de Contagem. Eis aqui o Vídeo 1 de reportagem em vídeo feita por frei Gilvander.

Povo luta na Câmara de vereadores de Contagem, MG, dia 23/10/2019, pela preservação do manancial de abastecimento público: a lagoa Vargem das Flores. Foto: Divulgação / SOS Vargem das Flores
*Filmagem: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. A Adélia também ajudou a filmar enquanto frei Gilvander falava diante da filmadora.
Contagem, MG, 23/10/2019.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Memórias inspiradoras da luta pela terra


Memórias inspiradoras da luta pela terra
Por Gilvander Moreira[1]

Visão parcial de parte interna do Salão Comunitário do Acampamento Dom Luciano, atualmente, Assentamento Irmã Geraldinha, em 22/9/2014. Foto: Gilvander Moreira.
Segundo Geralda Magela Fonseca - carinhosamente conhecida como Irmã Geraldinha -, cerca de 85% das famílias que vieram para o Acampamento Dom Luciano Mendes, no município de Salto da Divisa, na região do Baixo Jequitinhonha, MG, eram atingidas/massacradas pela barragem de Itapebi. De fato, grandes obras de infraestrutura que viabilizam o sistema do capital, entre as quais, as grandes barragens, têm gerado conflitos agrários e socioambientais, expropriação de terra dos camponeses e, consequentemente luta pela terra. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi criado também por meio da luta pela terra dos camponeses/as atingidos/as pela barragem de Itaipu. Há inúmeros outros casos de grandes projetos econômicos de hidrelétricas e barragens gerando miséria e opressão pelo Brasil afora, como em Andradina, SP, no final da década de 1960, como atesta Fabiano Coelho: “Na região de Andradina, a construção da barragem da usina Engenheiro Souza Dias, mais conhecida como Jupiá, provocou migração muito grande de pessoas para o local. Com o findar da construção, grande parte dessas pessoas continuaram na região, porém desempregadas e tendo que se concentrar nas periferias das cidades, principalmente em Andradina. Neste período, também em Andradina, havia a luta dos posseiros para impedir a expulsão da fazenda Primavera, os quais estavam sendo expulsos das terras que cultivavam há anos” (COELHO, 2010, p. 57).
Aldemir Silva Pinto, um dos coordenadores do Acampamento Dom Luciano Mendes, de forma eloquente, se apresentou assim em uma reunião com a Comissão Pastoral da Terra (CPT): “Eu era um cara muito estúpido, enquanto eu trabalhava como empregado. Na luta pela terra, com o Movimento Sem Terra, a gente aprende muito. A gente tem que pensar no próximo. Esse movimento educa muito as pessoas.” A luta pela terra inclui também necessariamente a luta pela educação. Romper as cercas do latifúndio e romper as cercas da ignorância, eis duas faces da moeda que constituem a luta pela terra. Nesse sentido, Aldemir Silva Pinto narra o compromisso também com a luta pela educação. “Estou aqui lutando junto com a turma que faz parte do Setor da Educação aqui no acampamento Dom Luciano Mendes. Não podemos deixar a meninada só. A gente precisa estar junto para ir encaminhando as crianças na escola. Volta e meia precisa da gente fazer alguma reunião com o povo da Educação lá no Salto da Divisa, lá na Secretaria Municipal de Educação. É preciso estar junto pedindo, exigindo. Não pode facilitar, senão eles brincam com a gente. Se deixar, eles querem fazer do jeito deles. Temos que brigar com eles. Aqui no acampamento Dom Luciano não tem escola. As crianças estão indo estudar lá na cidade de Salto da Divisa. Daqui lá é cerca de sete quilômetros. Tem um micro-ônibus que vem pegar as crianças cedo e volta ao meio dia. No início, eles não queriam mandar o carro. Disseram que não iam mandar o carro para buscar as crianças, porque o acampamento não era registrado. Dissemos que isso não tem nada a ver, pois as crianças precisam estudar. As pessoas que estão no Acampamento são humanas e têm direitos. O governo está dando o carro pra buscar crianças em qualquer lugar. Por que aqui no acampamento não poderia ir buscar? Com muita luta conseguimos que eles mandassem o carro para buscar as crianças para a escola, que funciona normalmente na parte da manhã, mas tem alguns que estudam também na parte da tarde. Na parte da manhã vão as crianças e tem uns grandes também estudando no ginásio. Deve ter uma faixa de umas vinte e poucas crianças estudando. Também as crianças dos posseiros que moram aqui ao lado do acampamento Dom Luciano vão junto com as crianças daqui do Acampamento.”
As famílias do Acampamento Dom Luciano durante nove anos, em apenas dez hectares de terra agricultável, produziram de forma agroecológica o sustento de 43 famílias. Como? Qual a fonte de sustentação econômica das famílias? O Sem Terra nascido em Salto da Divisa, MG, Hélio Amorim, 62 anos, da coordenação do Acampamento Dom Luciano, explica. “Eu mesmo trabalho de pedreiro lá na cidade de Salto da Divisa recebendo de 50 ou 60 reais por dia. Trabalho fora quando precisamos e quando arrumamos trabalho. Recebemos também bolsa família. Há famílias comerciantes que vendem alface, tomate e biscoito lá na rua. Alguns dos filhos dos acampados que estão morando na cidade grande nos ajudam com um pouquinho, mas há muitos filhos nossos que foram embora e não têm condições de nos ajudar.”

Belo Horizonte, MG, 23/10/2019.

Referência.
COELHO, Fabiano. A Prática da Mística e a Luta pela Terra no MST. Dissertação (Mestrado em História). Dourados, MS: UFGD, 2010.

Obs.: Abaixo, vídeos que versam sobre o assunto apresentado, acima.

1 - Acampamento Dom Luciano, do MST, tomando posse da Fazenda Monte Cristo, em Salto da Divisa. 22/10/14



2 - Acampamento Dom Luciano, do MST, em Salto da Divisa, MG, festeja conquista da Fazenda Monte Cristo



3 - Palavra Ética, na TVC/BH: frei Gilvander-Acampamento Dom Luciano/MST, Salto da Divisa/MG. 22/09/14.







[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; mestre em Ciências Bíblicas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; assessor da CPT, CEBI, SAB, CEBs e Movimentos Sociais Populares; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br             www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III

Dom Vicente: "CNBB criou Comissão de Ecologia Integral e Mineração. Revo...



Dom Vicente Ferreira: "CNBB criou Comissão da Ecologia Integral e Mineração. Temos que fazer Revolução Ecológica.’’ 22/10/2019.

Dia 22 de outubro de 2019, após reunião com Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, e com o padre Jean, coordenador dos padres da Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida (RENSA), Frei Gilvander gravou entrevista com  Dom Vicente sobre a luta pela superação da mineração devastadora socioambientalmente.



*Filmagem: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Belo Horizonte, MG, 22/10/2019.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


segunda-feira, 21 de outubro de 2019

João Pacheco de Oliveira (Parte I), Dr. em Antropologia/VI Colóquio/Povo...



Prof. João Pacheco de Oliveira (Parte I), Dr. em Antropologia, no VI Colóquio/Povos Tradicionais/UNIMONTES - 26/9/2019.

O Programa de Pós–Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros – PPGDS/UNIMONTES realizou, em Montes Claros, MG, o VI Colóquio Internacional Povos e Comunidades Tradicionais, com o tema: “Direitos e Bem Viver”, dos dias 23 e 27 de setembro de 2019. A programação incluiu Mesas redondas, Conferências, Oficinas e Espaços de diálogos. Entre as mesas, destacam-se: Diversidade Sociocultural e Territorialidades: experiências no Brasil e no Mundo; Saber, Plantar e Comer: sociobiodiversidade e sistemas agroalimentares no Brasil e no Mundo; Crimes Ambientais e Sujeitos Afetados; Direitos Humanos, Territoriais e Povos Tradicionais (Audiência Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais). João Pacheco de Oliveira, Dr. em Antropologia e professor da UFRJ e do Museu Nacional, fez a Conferência Final propondo um resgate da história do Brasil a partir dos Povos Indígenas. Ele falou mais de 50 minutos. Segue aqui a Parte I da Conferência do prof. Dr. João Pacheco de Oliveira.

Prof. Dr. em Antropologia João Pacheco de Oliveira, da UFRJ e do Museu Nacional. Foto: Divulgação / cipif.net
*Filmagem de Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Montes Claros, MG, 26/9/2019.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


sábado, 19 de outubro de 2019

XXII Romaria/Águas/Terra/MG: 10/11/2019, em Romaria. Convite por Wilson ...




Vem aí a XXII Romaria das Águas e da Terra de MG: 10/11/2019, em Romaria. Convite por Wilson Dias e Carlos Farias - Vídeo 1.
Aproxima-se a XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, a ser realizada na Arquidiocese de Uberaba,, na cidade de Romaria, no Alto Paranaíba, dia 10 de novembro próximo (2019), um domingo, das 8h30 às 16h. A XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais tem como lema "Com a Mãe Abadia, os filhos e filhas e toda a Natureza clamam em dores de parto." e como lema "Das águas sujas, em Romaria, na luta pela terra e pelas águas, fontes de vida." A concentração para a romaria vai acontecer a partir das 8h30, na entrada de Monte Carmelo e às 9h se dará a abertura oficial da XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, com acolhida da imagem de São Francisco de Assis, patrono da Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais. A caminhada dos romeiros e das romeiras será acompanhada de músicas, orações, reflexões, testemunhos, apresentações culturais, na terna companhia da Mãe Abadia, Com certeza, serão lindos e proféticos momentos de fortalecimento na luta dos filhos e filhas de Deus em defesa da mãe terra, da irmã água, de toda a criação, em defesa da nossa única Casa Comum, o planeta Terra. O encerramento dessa romaria está previsto para as 16 h, após a missa, com a leitura da Carta da XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais. Informações importantes: 1) Aos romeiros e romeiras será servido o almoço, no preço simbólico de R$5,00. 2) A quem interessar, está disponível para venda a camiseta da XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, no valor de R$20,00. Os pedidos devem ser feitos diretamente à secretaria do Santuário de Nossa Senhora da Abadia da Água Suja; falar com Celeida. Contato: 0xx34 3848 1125. Sugere-se que se se faça a divulgação nas Paróquias e Comunidades e o pedido seja feito em conjunto, para facilitar o processo. Todas as pessoas de boa vontade são convidadas a participar da XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais. Vamos organizar caravanas em nossas cidades, em nossas Comunidades e seguirmos, em romaria, em defesa da vida em toda sua biodiversidade, como verdadeiros seguidores e seguidoras de Jesus de Nazaré, que defendeu e defende a vida em abundância para todos e todas e para toda a criação (cf. Jo10,10).

O violeiro Wilson Dias e o cantor Carlos Farias. Foto: frei Gilvander

*Filmagem de Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 15/10/2019.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Carlos Farias e Wilson Dias convidam para a XXII Romaria/Águas/Terra/MG:...



Carlos Farias e Wilson Dias convidam para a XXII Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais: dia 10/11/2019, em Romaria, MG - Vídeo 2.

Aproxima-se a XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, a ser realizada na Arquidiocese de Uberaba,, na cidade de Romaria, no Alto Paranaíba, dia 10 de novembro próximo (2019), um domingo, das 8h30 às 16h00. A XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais tem como lema "Com a Mãe Abadia, os filhos e filhas e toda a Natureza clamam em dores de parto." e como lema "Das águas sujas, em Romaria, na luta pela terra e pelas águas, fontes de vida." A concentração para a romaria vai acontecer a partir das 8h30, na entrada de Monte Carmelo e às 9h se dará a abertura oficial da XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, com acolhida da imagem de São Francisco de Assis, patrono da Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais. A caminhada dos romeiros e das romeiras será acompanhada de músicas, orações, reflexões, testemunhos, apresentações culturais, na terna companhia da Mãe Abadia, Com certeza, serão lindos e proféticos momentos de fortalecimento na luta dos filhos e filhas de Deus em defesa da mãe terra, da irmã água, de toda a criação, em defesa da nossa única Casa Comum, o planeta Terra. O encerramento dessa romaria está previsto para as 16 h, após a missa, com a leitura da Carta da XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais.
Informações importantes: 1) Aos romeiros e romeiras será servido o almoço, no preço simbólico de R$5,00. 2) A quem interessar, está disponível para venda a camiseta da XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, no valor de R$20,00. Os pedidos devem ser feitos diretamente à secretaria do Santuário de Nossa Senhora da Abadia da Água Suja; falar com Celeida. Contato: 0xx34 3848 1125.
Sugere-se que se se faça a divulgação nas Paróquias e Comunidades e o pedido seja feito em conjunto, para facilitar o processo. Todas as pessoas de boa vontade são convidadas a participar da XXII Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais. Vamos organizar caravanas em nossas cidades, em nossas Comunidades e seguirmos, em romaria, em defesa da vida em toda sua biodiversidade, como verdadeiros seguidores e seguidoras de Jesus de Nazaré, que defendeu e defende a vida em abundância para todos e todas e para toda a criação (cf. Jo10,10).


O cantor Carlos Farias e o violeiro Wilson Dias. Foto: frei Gilvander
*Filmagem de Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 15/10/2019.
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"Lá na ponta, a PM comete abusos, arbitrariedades, ilegalidades." Dra. A...



"Lá na ponta, a PM comete abusos, arbitrariedades, ilegalidades." (Dra. Ana Cláudia, da DPE/MG). Vídeo 4 - 11/10/2019.

Dia 11/10/2019 aconteceu em Belo Horizonte, MG, na Cidade Administrativa reunião da Mesa de Negociação do Governo de MG com as Ocupações Urbanas e Camponesas. O assunto foi pressão da PM de MG para se despejar uma área de 26 hectares/sede da ex-usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, sul de Minas Gerais. No vídeo 4 aqui a legitimidade dessa luta, apelo ao Governo de MG para que não despeje o MST nas terras da ex-usina Ariadnópolis e denúncia das arbitrariedades cometidas pela PM “lá na ponta”.
*Filmagem e edição amadora: frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Belo Horizonte, MG, 11/10/2019.

Dra. Ana Cláudia Alexandre, defensora Pública da DPE/MG da área de Conflitos Agrários e socioambientais. Foto: frei Gilvander
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quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Tributo a Epaminondas Alves Ribeiro, da Pastoral Rural, CPT, CEBs, STR -...



Tributo a Epaminondas Alves Ribeiro, grande lutador em Teófilo Otoni, MG, e região: na Pastoral Rural, nas CEBs, no STR e na CPT/MG: de 9/4/1950 a 14/10/2019.

Dia 14 de outubro 2019, o Vale do Mucuri, em Minas Gerais, amanheceu triste e sombrio, mas os anjos e as anjas no céu cantam e preparam uma festa para receber o nosso grande amigo, irmão e companheiro de longa jornada Epaminondas Alves Ribeiro Epaminondas Alves Ribeiro, 69 anos, camponês da Comunidade de Itamunheque município de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, MG, foi para a morada definitiva junto do Pai. Epaminondas faz parte da equipe da Pastoral Rural da Diocese de Teófilo Otoni e da Comissão Pastoral da Terra Minas Gerais (CPT/MG). Na década de 1970 abraçou a causa em defesa dos direitos dos empobrecidos, sobretudo dos camponeses e camponesas, posseiros e posseiras, da região de Teófilo Otoni no Vale do Mucuri. Por muito tempo Zilah de Mattos teve a graça e a responsabilidade de conviver e caminhar ao lado de Epaminondas em muitas lutas. Sempre presente e disposto a colaborar com as Pastorais sociais e os movimentos sociais. Contribuiu para o nascimento e fortalecimento de várias organizações populares. Junto com Silvio da Lajinha, lutou para a criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teófilo Otoni e outros sindicatos da região, na Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (FETAEMG). Epaminondas foi um grande educador sindical de base. Epaminondas deixa um grande legado espiritual, ético e profético para todos/as que trabalharam e conviveram com ele, na humildade, simplicidade, na vida de doação e solidariedade. Epaminondas, você continuará presente na caminhada e vivo em nós, na luta por direitos, sempre! Gratidão eterna a você, Epaminondas!

Epaminondas Alves Ribeiro, grande lutador em Teófilo Otoni, MG, e região: na Pastoral Rural, nas CEBs, no STR e na CPT/MG: de 9/4/1950 a 14/10/2019. Foto: frei Gilvander
*Filmagem: frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Teófilo Otoni, MG, 09 de março de 2018.
Edição: Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. *Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

I Palavra Ética na TVC/BH: APAC de Lagoa da Prata, MG. Respeito à dignid...





I Palavra Ética na TVC/BH: APAC de Lagoa da Prata, MG. Respeito à dignidade humana. 12/9/2018.

Por ocasião da realização das missões da XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, em Lagoa da Prata, Diocese de Luz, MG, em 2018, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), durante dois dias, visitou a APAC – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (e às suas famílias e às vítimas e/ou suas famílias), que há 11 anos foi implantada na cidade. O objetivo da APAC é promover a humanização dos condenados que devem cumprir penas nas prisões, sem perder de vista a finalidade punitiva da pena. Seu propósito é evitar a reincidência no crime e oferecer alternativas para o condenado se recuperar e se ressocializar após o cumprimento da pena. O trabalho da APAC dispõe de um método de valorização humana, vinculada à espiritualidade, para oferecer ao condenado condições de recuperar-se, buscando em perspectiva mais ampla, a proteção da sociedade, o socorro às vítimas e a promoção da justiça restaurativa. Na APAC os presos são chamados de recuperandos e são corresponsáveis por sua recuperação. A presença de voluntários é fundamental oferecendo aos recuperandos a assistência espiritual, médica, psicológica e jurídica. Na APAC, os recuperandos são tratados com respeito. Com uma disciplina necessária, a APAC conta com um conselho formado por recuperandos que contribui decisivamente para a ordem, o respeito e o seguimento das normas e regras. Para isso, contam com o suporte de voluntários/as e funcionários/as, sem o concurso de policiais ou agentes penitenciários. A APAC conta com uma rotina diária que inicia às 6 horas da manhã e termina às 10 horas da noite. Durante o dia todos trabalham, estudam e se profissionalizam, evitando a todo custo a ociosidade. Na APAC as famílias são respeitadas e coparticipes da recuperação. Por meio de encontros formativos, celebrações e visitas aos lares, a APAC tenta, a todo custo, reatar os laços entre recuperandos e seus entes. A APAC recupera também a família de quem cumpre pena. Na APAC a espiritualidade é ecumênica. Cada recuperando é incentivado a assumir a fé que professa, de forma que possa fazer um encontro profundo com o Deus da Vida. O respeito à religião do outro é fundamental e orienta a espiritualidade apaqueana. Enfim, na APAC o cumprimento de pena é individualizado. Por isso as APACs são pequenas unidades, construídas nas próprias comunidades onde os recuperandos cumprem sua pena. São unidades idealizadas para receber no máximo 200 recuperandos. Um presídio que aplica a metodologia APAC é infinitamente mais vantajoso para o Estado, visto que um preso na APAC custa um terço do valor gasto no sistema prisional comum. Além disso, a construção de uma APAC é muito mais barata que a construção de um presídio grande que, quando superlotado, violenta os direitos humanos dos presos. Os resultados positivos tais como baixo índice de reincidência, baixo custo, ausência de violência e rebeliões e poucas fugas têm contribuído para que a metodologia APAC seja conhecida e aplicada. Nesse vídeo, 1º Palavra Ética, com frei Gilvander, reportagem em vídeo que frei Gilvander fez em sua visita à APAC de Lagoa da Prata, no centro-oeste de Minas Gerais, na Diocese de Luz.

Recuperandos fazendo blocos de concreto na APAC Lagoa da Prata/MG. FOTO: Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC)

*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Lagoa da Prata, 12 de setembro de 2018.
*Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

ASCALP: Do lixo à dignidade de vida/XXI Romaria/Águas/Terra/MG/Lagoa da ...



ASCALP: Do lixo à dignidade, à cidadania - Vídeo 2 - Missões da XXI Romaria das Águas e da Terra de MG - Lagoa da Prata, Diocese de Luz, MG - 15/9/2018.

No dia 16 de setembro de 2018, aconteceu em Lagoa da Prata, Diocese de Luz, MG, a culminância da XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, que teve como tema “Das nascentes do São Francisco às Terras da Justiça” e lema “Cuidando da Mãe TERRA e da Irmã ÁGUA”. A XXI Romaria teve início às 8h, na Igreja de São Francisco, seguindo em caminhada até a Praça dos Trabalhadores, ao lado da lagoa-praia da cidade, terminando por volta das 14h. Na semana que antecedeu a culminância da XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas, realizada em Lagoa da Prata, mais de cinquenta missionários e missionárias vindos de diversas regiões do Estado de MG realizaram missões nas onze comunidades da Paróquia São Francisco, de Lagoa da Prata. A XXI Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais foi promovida pela Comissão Pastoral da Terra Regional Minas, pela Cáritas Regional Minas Gerais e pela Diocese de Luz. Nesse vídeo, a segunda parte da reportagem feita na Associação de Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis de Lagoa da Prata (ASCALP), por frei Gilvander Moreira.


*Filmagem e entrevista: Frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.

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ASCALP: Cooperativa que transforma vidas/XXI Romaria/Águas/Terra/MG/Lago...



ASCALP: Cooperativa que transforma vidas - Missões da XXI Romaria das Águas e da Terra de MG – Vídeo 1 - Lagoa da Prata, Diocese de Luz/MG – 15/9/2018.

 No dia 16 de setembro de 2018, aconteceu em Lagoa da Prata, Diocese de Luz, MG, a culminância da XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas Gerais, que teve como tema “Das nascentes do São Francisco às Terras da Justiça” e lema “Cuidando da Mãe TERRA e da Irmã ÁGUA”. A XXI Romaria teve início às 8h, na Igreja de São Francisco, seguindo em caminhada até a Praça dos Trabalhadores, ao lado da lagoa-praia da cidade, terminando por volta das 14h. Na semana que antecedeu a culminância da XXI Romaria das Águas e da Terra do Estado de Minas, realizada em Lagoa da Prata, mais de cinquenta missionários e missionárias vindos de diversas regiões do Estado de MG realizaram missões nas onze comunidades da Paróquia São Francisco, de Lagoa da Prata. A XXI Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais foi promovida pela Comissão Pastoral da Terra Regional Minas, pela Cáritas Regional Minas Gerais e pela Diocese de Luz. Nesse vídeo, a primeira parte da reportagem feita na Associação de Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis de Lagoa da Prata (ASCALP) por frei Gilvander Moreira.

Casal da Associação de Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis de Lagoa da Prata (ASCALP). Foto: frei Gilvander
*Filmagem e entrevista: Frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.
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Ocupação Vitória na Izidora em BH celebra 6 anos de luta: 5 mil família...



Ocupação Vitória na Izidora em BH celebra 6 anos de luta: 5 mil famílias com casas. Vídeo 2 - 12/10/2019.

Dia 12/10/2019 aconteceu a Festa de 6 anos de luta e muitas conquistas da Ocupação/comunidade Vitória, na Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG. Quase 5.000 famílias estão construindo suas casas na luta suada cotidianamente, libertadas da cruz do aluguel e da humilhação que é sobreviver de favor. Mas, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, está sendo muito injusto com as ocupações de BH, pois, tendo sido eleito graças aos milhares de votos do povo das Ocupações, não está cumprindo as promessas de urbanizar e regularizar fundiariamente. No entanto, as Ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança, Vitória e Helena Greco), com mais de 8 mil famílias, continuam sem rede de energia (CEMIG), sem rede de água e saneamento (COPASA). Isso já deveria ter sido encaminhado pela Prefeitura de BH junto com COPASA e CEMIG (Governo de MG). Eis aqui o vídeo 2 do registro e entrevistas que frei Gilvander fez durante a festa.

Na festa de 6 anos da Ocupação/Comunidade Vitória, na Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, noite de 12/10/2019. Foto: Carla Cristina.
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terça-feira, 15 de outubro de 2019

De Acampamento a Assentamento Dom Luciano Mendes: da dor à dignidade.


De Acampamento a Assentamento Dom Luciano Mendes: da dor à dignidade.
Por Gilvander Moreira[1]

Maria Aparecida Alves, a Cidona do MST, na luta pela terra em Salto da Divisa, MG. Foto: frei Gilvander
Após o MST[2] nascer e se fortalecer na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, com o assentamento Franco Duarte, em Jequitinhonha; o acampamento Terra Prometida, em Felisburgo; e o assentamento Esperança/Santa Rosa, em Almenara, e após ter acontecido em Unaí, MG, dia 28 de janeiro de 2004, o massacre dos quatro fiscais do Ministério do Trabalho, no mesmo ano, dia 20 de novembro de 2004, o massacre de cinco Sem Terra em Felisburgo, impulsionado pelo trabalho pastoral da irmã Geraldinha, de outras irmãs dominicanas e de militantes do GADHH[3], eis que o MST fincou pela primeira vez sua bandeira em Salto da Divisa, um município sob hegemonia do latifúndio e do capital no campo. O Acampamento Dom Luciano Mendes, do MST, em Salto da Divisa, município com seis mil habitantes, distante 7 km da cidadezinha de Salto[4] e a 880 km de Belo Horizonte, na região do Baixo Jequitinhonha, MG, após um longo processo de gestação, nasceu na madrugada do dia 26 de agosto de 2006, exatamente no dia em que o arcebispo da Arquidiocese de Mariana, MG, Dom Luciano Mendes de Oliveira, faleceu. Por isso e, principalmente, por ele ter sido ao longo de várias décadas uma referência para a igreja popular na linha da Teologia da Libertação, para as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), as pastorais sociais e para os movimentos populares, Dom Luciano foi escolhido para ser o patrono do acampamento.
Assim como irmã Geraldinha, Maria Aparecida Alves, carinhosamente conhecida como Cidona do MST, contribuiu muito com a luta pela terra no Acampamento Dom Luciano Mendes. Inesperadamente, aos 48 anos, Cidona faleceu dia 27 de junho de 2014, às 21h30, enquanto dançava forró em uma festa de aniversário no Assentamento Franco Duarte, município de Jequitinhonha, onde residia há 12 anos após vários anos de acampamento à beira da BR 367.
Irmã Geraldinha recorda como foi a primeira ocupação no município de Salto da Divisa: “A ocupação que se tornou o Acampamento Dom Luciano Mendes aconteceu por volta das 4 horas da madrugada do dia 26 de agosto de 2006, com 186 famílias sem-terra que logo depois foram cadastradas no INCRA[5].[6] O povo levantou de madrugada, pôs os cacaios nas costas e cortou a cerca de mais um latifúndio iniciando o Acampamento Dom Luciano. Com a lona preta nas mãos entramos nessa fazenda chamada Manga do Gustavo. A gente sabia que era terra devoluta” (Irmã Geraldinha).
Naquela madrugada lá estava Cidona, ao lado de 186 famílias, fincando a bandeira do MST no Acampamento que três dias depois foi batizado de Acampamento Dom Luciano Mendes. Na Assembleia que decidiu qual seria o nome do acampamento, Cidona afirmou: “Ocupamos aqui no mesmo dia em que morreu o grande bispo Dom Luciano Mendes, um irmão na luta dos pobres. Por isso proponho a gente homenageá-lo colocando o nome de Dom Luciano no nosso acampamento, pois cultivar a memória profética dele é dever de todos nós” (CIDONA DO MST, dia 29/8/2006).
Nascido na zona rural do município de Vitória da Conquista, criado em Salto da Divisa e pai de 14 filhos, Sr. Manoel Santiago Rocha, Sem Terra, atualmente assentado no Assentamento Dom Luciano Mendes, atesta: “Aqui tudo era mata. Estrada não existia. Tivemos que mudar para a cidade para estudar a meninada”. O Sem Terra José da Silva, nascido em Iguaí, BA, cresceu sendo vaqueiro e se tornou gerente de uma fazenda em Itapetinga, BA. Ele narra as peripécias da história dele até se tornar um Sem Terra assentado no Assentamento Dom Luciano Mendes, assim: “O ex-gerente da fazenda meteu um revólver na minha cara e quase me matou quando soube que o fazendeiro tinha me passado a responsabilidade sobre a fazenda. Eu disse para ele: ‘Eu também tenho revólver, mas não vou puxar minha arma para você. Você tem que me respeitar’. As nossas mulheres chegaram e entraram no nosso meio. A mulher dele gritou com ele: ‘Respeite esse homem’. Ele ficou com o revólver na minha cara e eu com o dedo na cara dele durante quase uma hora. Isso sem motivo nenhum. Ao chegar em casa, eu disse para minha esposa: ‘Essa fazenda me serviu até hoje’. Saí sem receber o que eu tinha direito e fui para São Paulo e fiquei uma temporada lá. A passagem eu paguei após trabalhar em São Paulo. Quando apareceu o MST eu comecei a acompanhar na Bahia em uma área de 900 hectares em Arataca. A gente fazia marchas pra Salvador. Conquistamos a área, fizemos o loteamento e tocou 1500 pés de cacau para cada família. Em uma briga, um assentado matou outro. Naquele tempo, a polícia não entrava no assentamento sem nossa autorização. A partir desse dia, vários amigos passaram a se dizer bravos. “‘Meu revólver queima’, ‘Minha faca é afiada’”, diziam. Vendi os pés de cacau por trezentos contos e resolvi sair. Voltei a ser empregado em uma fazenda por mais cinco anos. Depois entrei em outro acampamento no trevo de Camacã, mas a mulher que morava comigo começou a ficar brava e eu resolvi largar a mulher em uma noite e vim me juntar aos companheiros aqui no Acampamento Dom Luciano Mendes. Na hora que a terra estiver na nossa mão, eu vou procurar meus filhos e convidá-los para vir morar aqui na terra. Luto pela terra pensando nos meus filhos, pois já estou idoso.”
O camponês agregado José Mendes Batista foi expulso pelo fazendeiro Marcos Peixoto, da fazenda Cansanção, e foi morar na cidade de Salto da Divisa. Lá na fazenda, vivendo como agregado, um dia, à noite, ele acordou com tiros dados na sua casa. Aí ele não teve mais condições de continuar morando como agregado. Dona Maria Pereira Rocha, Sem Terra assentada no PA Dom Luciano Mendes, diz: “Entramos na luta pela terra no Acampamento Dom Luciano e, aqui, agora assentados no Assentamento Dom Luciano estamos em paz.” A Sem Terra Cleonice dos Santos Silva Souza, assentada no Assentamento Dom Luciano Mendes, narra o processo de emancipação dela na luta pela terra, assim: “Nós começamos junto com as irmãs fazendo as místicas com as sementes de milho e feijão. Eu não entendia o porquê daquelas místicas. Eu era lavadeira para inteirar o dinheiro do meu esposo Carlos Dias de Souza. Às 4h da madrugada, do dia 26 de agosto de 2006, eu chamei meu filho e fomos para a ocupação que estava nascendo na fazenda Manga do Gustavo. O povo já tinha feito café para todos. Fomos bem recebidos. Não deixaram nós fazermos nossos barracos debaixo da fiação elétrica da CEMIG. Começamos a plantar e produzir naquela terra. Organizamos uma roça coletiva. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) apoiou com o projeto para plantarmos banana. Nós ressuscitamos aquela terra, porque lá só tinha capim. Estamos assentados aqui no Assentamento Dom Luciano Mendes desde 22 de outubro de 2014, mas ainda não recebemos nem um centavo de ajuda do governo. Na nossa primeira plantação aqui colhemos muita mandioca, quiabo e melancia. Mas o ano de 2016 foi difícil por causa da falta de chuva e também porque a mineradora Nacional de Grafite, pela exploração do grafite, está acabando com a água do rio Piabanha. Eu tive uma bênção no Acampamento Dom Luciano: meu filho era viciado em droga e se libertou. Eu vivia insufrida, magrinha, lá na cidade de Salto da Divisa. Depois que eu vim para a terra, eu me libertei desse sofrimento. Melhoramos a saúde. Morar na terra é uma bênção. Todos os meus cinco filhos estão planejando para vir morar comigo aqui na nossa terra conquistada. Eu não sei como, mas a luta pela terra faz muita diferença na sociedade. Aqui na terra a gente vive em paz, cultivando a terra sem agrotóxico e sem ser escravo de patrão. A gente trabalha pra gente e pra quem precisa, sem patrão para gritar conosco, mandar na gente e nos explorar. Essa terra aqui não é só minha, é nossa, de todas as companheiras e todos os companheiros que nos ajudaram a conquistar essa terra. Essa terra é sua também, frei Gilvander. Nós ajudamos inclusive a quem nos discriminou e nos perseguiu. O Assentamento Dom Luciano Mendes fez muita gente adquirir fé na luta pela terra, com a ajuda do MST, dos Direitos Humanos, da CPT, dos freis, do bispo Dom Hugo Maria van Steekelenburg (bispo da Diocese de Almenara), da Irmã Geraldinha e as irmãs Dominicanas, da Defensoria Pública e do Ministério Público da área dos conflitos agrários. Mineradora só estraga a terra, as árvores e as águas. Um filho meu, o Rodrigo, já voltou e está morando conosco aqui no assentamento. Há outros filhos de várias famílias nossas que já voltaram.”

Belo Horizonte, MG, 15/10/2019.

Referência.

Obs.: Abaixo, vídeos que versam sobre o assunto apresentado, acima.
1 - Acampamento Dom Luciano, do MST, tomando posse da Fazenda Monte Cristo, em Salto da Divisa. 22/10/14



2 - Acampamento Dom Luciano, do MST, em Salto da Divisa, MG, festeja conquista da Fazenda Monte Cristo



3 - Palavra Ética, na TVC/BH: frei Gilvander-Acampamento Dom Luciano/MST, Salto da Divisa/MG. 22/09/14.






[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB, CEBs e Movimentos Sociais Populares; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.br - www.freigilvander.blogspot.com.br             www.twitter.com/gilvanderluis             Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – www.mst.org.br
[3] Grupo de Apoio e Defesa dos Direitos Humanos de Salto da Divisa.
[4] Quando era necessário ir à cidade de Salto da Divisa, as pessoas do Acampamento Dom Luciano iam a pé, de jegue ou de bicicleta. Raramente aparecia uma carona. Podia-se também pegar o ônibus da empresa Mineradora Nacional de Grafite que levava os funcionários da empresa. Esse ônibus passava indo para o Salto às 08h00 da manhã e voltava às 14h00. E ia novamente para o Salto às 16h00 e voltava às 22h00.

[5] Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
[6] “Já passaram pelo Acampamento Dom Luciano mais de 220 famílias”, informa irmã Geraldinha.