Betim,
MG, com déficit habitacional de 65 mil moradias.
As Ocupações
de Betim não aceitam despejos sem alternativa digna prévia. Nota de
esclarecimento.
1 - Qual é a situação hoje dos integrantes das duas ocupações
(Dom Tomás Balduíno e Nova Canaã)? Onde eles estão alojados? Quantas famílias e
quantas pessoas estão em cada uma delas?
As famílias da Ocupação-comunidade
Dom Tomás Balduíno, de Betim, MG, estão atualmente tentando dar andamento no
acordo feito com o município de Betim, tal seja, de que o município doaria o
terreno a uma entidade cadastrada no MCMV Entidades de indicação das famílias,
o que já foi feito. As famílias Indicaram o Movimento de Lutas nos bairros,
Vilas e Favelas (MLB) entregando toda documentação ao município no prazo
acordado. Em razão de tal acordo o processo judicial encontra-se suspenso ate
abril de 2016 ou até que o acordo seja cumprindo. Hoje vive na ocupação cerca
de 120 famílias em casas de alvenaria.
Com Relação à Ocupação-comunidade
Nova Canaã a ordem de despejo pode ser cumprida a qualquer momento pela PMMG,
embora tenha uma Mesa de Negociação no Governo Estado de MG através da COHAB. As
negociações pouco avançaram ao passo que a proposta do Município não atende as
famílias. A prefeitura oferece apenas Aluguel social de R$350,00 e inclusão na
fila do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) e a promessa de que as famílias
irão receber tal beneficio até o empreendimento ser entregue. Porém, tal
proposta não atende as famílias, pois tal: valor não é suficiente para
pagamento de aluguel na cidade; não há qualquer previsão de empreendimento do
MCMV para cidade; o cadastro realizado pela prefeitura serviu apenas para
desqualificar as famílias que atualmente moram na ocupação, pois segundo a
prefeitura apenas 15 famílias se enquadram nos critérios do aluguel social e
este seria fornecido apenas a estas famílias. Hoje se encontram na ocupação-comunidade
Nova Canaã cerca de 90 famílias em casas de alvenaria. Diante isso e da
situação econômica do município que seria onerado em cerca de 30 mil reais
mensais com tais pagamentos de aluguel social e ainda a não comprovação da
destinação do terreno (desocupar p terreno, demolir 90 casas, para deixar
novamente vazio?) as famílias apresentaram a seguinte proposta: Aceitam entrar no
cadastro no MCMV, mas até que o empreendimento seja entregue propõe permanecer
no local não causando nenhum prejuízo financeiro ao município ou ao estado.
2 - Ao pedir a reintegração de posse, o que alegou a
prefeitura e qual solução para o impasse (para onde a prefeitura de Betim direcionou
essas famílias?) foi sugerida pelo governo municipal?
A prefeitura alegou apenas
que é proprietária do terreno. Porém na mesa de negociação tem falado que o
terreno será destinado para uma Unidade Básica de Saúde (UBS), mas não
apresentou projeto, nem de onde vem recursos para construção da mesma. Vale
ressaltar que no início a alegação era a construção de uma creche e nas últimas
mesas passou a ser UBS. É nítida a falácia da construção de UBS, sendo essa uma
manobra midiática para colocar a sociedade contra os moradores da ocupação,
tendo em vista o péssimo quadro da saúde em Betim a construção de uma UBS
justificaria o despejo das famílias e não causaria o desgaste político de um
despejo forçado.
3 - A
prefeitura deu prazo para realizar o cadastro das famílias, cujo objetivo é
verificar se elas se enquadram nos critérios estabelecidos para receberem
benefícios sociais ofertados pelo município?
Foi realizado um
cadastro pela prefeitura apenas na Ocupação-comunidade Nova Canaã, porém de
forma muito questionável e apenas com o intuito de desqualificar o maior número
possível de famílias, alegou que apenas 15 famílias se enquadraram nos
critérios do aluguel social, mas em nenhum momento deixou a lideranças ter
acesso a tais cadastros.
4 -
Você sabe me dizer quantas ocupações a cidade tem hoje?
A cidade de Betim tem
cerca de 35 Ocupações de pequeno e médio porte. O déficit habitacional no
município de Betim, MG, hoje (segundo a própria Superintendência de Habitação)
é de 40.000 unidades (número este da fila no MCMV), segundo os movimentos
sociais este numero pode chegar a 65.000 unidades, pois muitas famílias não
acreditam mais no programa e sequer fazem o cadastro.
5 - Como
as duas ocupações avaliam os programas habitacionais existentes na cidade? Eles
contemplam as famílias que, de fato, precisam desse benefício?
Não existem programas
habitacionais na cidade que atenda a população empobrecida. O atual governo
ainda está entregando empreendimentos do MCMV que foram conquistas do governo
passado. Ademais a atual gestão municipal não busca outras alternativas para
política habitacional, apoiando-se apenas na muleta do programa do governo
federal MCMV, que é paliativo, injusto em seus critérios e um ótimo negócio
para os empresários da construção civil.
Lado outro, o Governo
federal suspendeu por tempo indeterminado o MCMV faixa 1, que é justamente o
que atente as famílias de baixa renda (Renda familiar de até R$1.600,00 apenas),
e a quase um ano vem adiando o lançamento do MCMV 3, sendo que este, se for
lançado, será minguado, e pode não contemplar a modalidade Entidades, que é a
única que atende as camadas mais pobres da população com efetiva dignidade
Há uma grande
contradição colocada no espaço urbano brasileiro: muita casa sem gente, muita gente sem casa! São 5,9 milhões de
domicílios vagos enquanto o déficit habitacional é estimado em 5,7 milhões. Logo,
não basta construir novas moradias. É preciso reforma urbana pra valer. Durante
o MCMV 1 o déficit habitacional aumentou em 1,7 milhão de moradias. Uma
política urbana efetiva deve atentar-se para isso e não apenas para a
construção de novas moradias.
Nos últimos dois
meses, tivemos cerca de um despejo por semana na Região Metropolitana de Belo
Horizonte. O Governo do Estado claramente escolheu um lado: cumprir seus
compromissos com o capital imobiliário e rasgar o acordo que o Governador Pimentel
estabeleceu com as ocupações de Minas Gerais onde estava previsto que o novo
governo não faria despejos no campo ou na cidade sem alternativa de moradia
digna prévia.
Em Betim é nítida a
opção que o governo municipal faz em governar para os ricos em detrimentos dos empobrecidos.
O desrespeito ao direito humano fundamental da moradia é apenas mais um exemplo
disso. Para os empresários, tudo o que permite um tratamento VIP, para os que
mais precisam o último lugar na fila das prioridades.
Em Betim, estão sendo
construídos mais três hospitais particulares luxuosos enquanto o povo amarga na
fila do SUS cada vez mais raquítico.
Assinam
essa Nota:
Fórum das Ocupações de Betim
Brigadas Populares
Comissão Pastoral da Terra
MLB - Movimento de Lutas nos bairros, Vilas e
Favelas
Os
contatos para as entrevistas são:
Renivaldo Baiano 31 7156-6815
Dalila 31 9121-1762
Betim, MG, Brasil, 11 de agosto de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário