Alvimar
Ribeiro dos Santos, “Alvimar da CPT”: um pai, mestre e profeta na luta pela
terra e por direitos no Norte e Noroeste de Minas Gerais.
Por frei Gilvander Moreira.
Ontem, dia 11/07/2016, a
Carlúcia e eu tivemos a alegria de visitar o Alvimar Ribeiro dos Santos, “o
Alvimar da CPT”: um pai, mestre e profeta na luta pela terra e por direitos
sociais no Norte e Noroeste de Minas Gerais. Bem cedo chegamos ao Hospital
Santa Casa, de Montes Claros, MG. Encontramos o Alvimar já com o papel da alta médica em mãos. Leila,
a enfermeira que retirou a agulha do braço dele, disse: “Minha irmã de 15 anos
ficou apenas 25 dias na fila de transplante de fígado. Ela recebeu um fígado há
três meses e está muito bem. Com você também, Alvimar, vai dar certo. Deus está
na guia.”
Alvimar recebeu alta médica
e está inscrito na fila de espera por transplante de fígado. Ao chegar a sua casa,
Alvimar abençoou e acolheu nos braços Maria Clara, a netinha dele e da Lúcia
que completou ontem, dia 11/07/2016, dois meses de vida. Após tomarmos café,
conversamos a manhã inteira. Registramos inclusive 130 minutos de Roda de
Conversa com Alvimar, sua companheira Lúcia, os filhos Samuel e Daniel, a filha
Graziela e Carlúcia, ex-agente da CPT ao lado de Alvimar por vários anos.
Jônatas, o terceiro filho, estava trabalhando.
Amanhã, dia 13/07/2016,
Alvimar da CPT, como carinhosamente é chamado por muitos, completará 61 anos de
vida, bem vividos a serviço dos pobres da terra na luta pela terra e por muitos
outros direitos sociais. Alvimar, aos 9 anos de idade, se tornou arrimo de
família. Trabalhou com servente de pedreiro, vaqueiro, pedreiro e em várias
outras profissões. “Já trabalhei em muita coisa, mas o que mais gostei foi de
ser foi pedreiro”, diz Alvimar. Foi presidente da CUT regional de Montes
Claros. Ingressou na CPT desde sua origem, em Minas, em 1978. Contribuiu para a
criação de muitos Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR) no Norte e Noroeste
de Minas. Nos quase 40 anos da CPT em Minas Gerais, Alvimar participou de
inúmeras lutas por terra e por direitos sociais. “Certa época, fizemos a conta
e enumeramos 32 companheiros assassinados na luta pela terra no Norte e
Noroeste de Minas, quase todos eram lideranças que, após muitas ameaças, foram
assassinados pelo latifúndio, pelos fazendeiros, coronéis da região. Eu convivi
com eles. Lutamos juntos e ajudei a enterrar vários deles. Cavamos o túmulo do Sr.
Júlio Miranda, pai da Cida assassinado em Unaí, e fizemos a exumação do corpo
dele, três dias após a morte, para que o delegado da polícia civil fizesse a
perícia. Ajudei a lavar o corpo do Eloy Ferreira, presidente do STR de São
Francisco, assassinado por grileiros de terra. Lutei ao lado de Rosalino e do
povo indígena Xacriabá no início da luta deles, antes do CIMI chegar”, disse
Alvimar.
Alvimar: “São inúmeras as
cenas que não esqueço. Por exemplo, quando abracei uma criança que chorava
desesperada no meio de despejo que a polícia promovia. A criança agarrava no
meu pescoço e gritava: “socorro, tio Alvimar! Não deixe nos matar!” Eu sempre
pergunto: como podem fazer despejos que agridem tanto as crianças? Por que nem
as crianças são respeitadas?”
Vários indígenas foram
visitar o Alvimar e rezaram sobre ele. O povo reconhece em cada terra
conquistada no norte de Minas a participação de Alvimar. “Alvimar se tornou pai
não apenas de Graziela, Jônatas, Daniel e Samuel, mas de muita gente que o
chama de pai e lhe pede a bênção”, disse Lúcia, a esposa de Alvimar há 45 anos,
sempre sorridente, uma bondade irradiante, mulher lutadora que sempre
compreendeu as inúmeras vezes que teve que ficar só com os filhos, enquanto
Alvimar estava no mundo lutando na defesa dos pobres da terra. “Uma vez Alvimar
estava na região do município de São Francisco e teve que ficar sem poder
voltar para casa por 15 dias, porque o Rio São Francisco estava muito cheio e não
tinha como atravessar para o lado de cá. Naquela época chovia muito”, disse Lúcia.
Alvimar lutou muito para que
o MST se instalasse no Norte de Minas também. Depois vamos publicar no youtube
a Entrevista que gravamos com Alvimar Ribeiro dos Santos, “o Alvimar da CPT”,
de fato, um pai, mestre e profeta na luta pela terra e por muitos direitos
sociais no Norte e Noroeste de Minas Gerais.
Alvimar, parabéns por mais
um aniversário, amanhã, dia 13/07/2016: 61 anos de vida bem vividos na luta em
defesa dos direitos dos camponeses, sendo luz no mundo dos pobres, fermento na
massa e sal na comida da luta pela terra e por tantos outros direitos.
Obs.: A quem teve a alegria
e a responsabilidade de conviver com o Alvimar na luta pela terra e por direitos,
sugiro que escreva e poste aqui, abaixo, o seu “comentário.”
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