MANIFESTO
da 4ª PRÉ-ROMARIA da 20ª ROMARIA DAS ÁGUAS E DA TERRA DE MINAS GERAIS, em
ARINOS, dia 09/6/2017.
BREVE
HISTÓRICO DAS ROMARIAS DA TERRA NO NOROESTE de MG.
A 1ª Romaria da Terra do noroeste de
Minas Gerais, Diocese de Paracatu, aconteceu no Município de Arinos, na Fazenda
Menino, distrito de Igrejinha, em 25/7/1991, após os posseiros Januário Emídio dos Santos e José Natal Romão terem sido
assassinados dia 14/11/1990, de emboscada, enquanto trabalhavam
na carvoeira, na posse deles. Devido a esse fato, foi organizada pela Comissão
Pastoral da Terra (CPT), pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Sindicatos
de Trabalhadores Rurais (STRs), Padres e lideranças comprometidas com a luta
por justiça social e agrária, sendo esta o início das Romarias da Terra no
Noroeste de Minas Gerais.
A 2ª Romaria da Terra, também
organizada pelas forças vivas que organizaram a primeira Romaria, aconteceu na
cidade de Arinos, na praça ao lado da Prefeitura, dia 25/7/1993, reunindo
milhares de pessoas, de várias regiões do Estado de Minas Gerais, numa
celebração cheia de espiritualidade profética e libertadora. O grande clamor à
época era por terra, uma vez que a mãe terra estava concentrada nas mãos de
poucos, enquanto centenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras não a
tinham, vivendo como empregados e/ou agregados, sob o mando dos patrões, donos
dos latifúndios.
Com a conquista da terra, porém, com a
escassez hídrica, o clamor dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais passou
a ser por ÁGUA, uma vez que a irmã
água, fonte de vida, é fundamental para a permanência dos/as camponeses/as na
área rural, produzindo para a sua sobrevivência, de sua família e para alimentar
também o povo da cidade.
Assim, na data de 26 de outubro de
1996, aconteceu a 1ª Romaria das Águas e
da Terra, já em nível de Estado de Minas Gerais, na Diocese de Januária, na
cidade de Manga, região Norte de Minas Gerais, tendo sido o padre João Délcio o
anfitrião dessa 1ª Romaria. A Romaria das Águas e da Terra do estado de Minas
Gerais busca a reflexão sobre os problemas atuais, envolvendo o povo do campo e
da cidade e são realizadas, geralmente, em locais onde estão acontecendo algum
conflito relacionado à disputa pela terra ou por água.
20ª ROMARIA DAS ÁGUAS
E DA TERRA DE MINAS GERAIS, NO NOROESTE, EM 2017.
Este evento religioso, reflexivo e de
compromisso ético e cristão deste ano foi acolhido pela Diocese de Paracatu,
pelo Bispo Dom Jorge e terá a Celebração
Final na cidade de Unaí, MG, no parque de exposições, na data de 23 de julho de
2017, das 06h00 às 17h00, sob a
promoção da CPT (Comissão Pastoral da Terra), da Cáritas Diocesana de Paracatu,
das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), da Pastoral da Criança, dos Movimentos
de Pequenos Agricultores e Agricultoras, do Movimento dos(as) Atingidos(as) por
Barragens (MAB), alguns Sindicatos dos (as) Trabalhadoras (es) Rurais, do Levante
Popular da Juventude, do MST, dos Quilombolas e outros movimentos populares.
O Tema da 20ª Romaria das Águas e da
Terra de MG é: POVOS DA CIDADE E DO
SERTÃO, CLAMANDO POR ÁGUA, TERRA E PÃO. E o Lema: POVOS, RIOS, VEREDAS E NASCENTES SÃO DONS DE DEUS EM ROMARIA E
RESISTÊNCIA.
Por que foi escolhido o Município de Unaí? Os
municípios de Unaí e Paracatu são os campeões do Brasil em número de pivôs de
irrigação e em área irrigada. Juntos, somam mais de 120.903 mil hectares irrigadas
(Dados da ANA, 2014). Um Unaí, em 2104, havia 663 pivôs irrigando 61.151
hectares de lavouras. Em Paracatu, em 2014, havia 882 pivôs irrigando 59.752
hectares de lavoura. O exagero de agrotóxico jogado na agricultura empresarial
tem causado uma “epidemia” de
câncer, alzheimer e outras doenças. O Município de Unai-MG tem hoje a maior
área de terras irrigada do Brasil, com mais de 70 mil hectares. Isto está
causando forte impacto socioambiental, secando rios, córregos, nascentes,
veredas e a extinção do bioma cerrado, considerado a esponja das águas.
4ª PRÉ-ROMARIA da 20ª
ROMARIA DAS ÁGUAS E DA TERRA DE MG, em ARINOs, MG.
É um evento menor que está sendo
realizado em vários dos 14 municípios da Diocese de Paracatu e tem como
objetivo refletir sobre a realidade socioambiental local e mobilizar a
sociedade civil organizada, do campo e da cidade, para participar do evento
maior em Unaí, dia 23/7/2017.
Por que foi escolhida a Vereda Vaca,
especialmente a Barragem José Moreira de Souza e a Pontinha da Vereda, como
pontos de partida e parada intermediária, antes de se chegar à Igreja Matriz?
Exatamente porque esta vereda, que é tombada por lei municipal como patrimônio
histórico, artístico, paisagístico e cultural, tão importante para o micro-clima
de Arinos, está sendo destruída, sob os olhares de nossas autoridades,
entidades e da sociedade arinense, que por sua vez, de braços cruzados, assistem
a tudo, como se nada estivesse acontecendo.
No ano 2012, a Vereda Vaca sofreu com
incêndio com grande potencial de destruição, na altura do Bairro Frei Pio,
sendo controlado com a intervenção do Sargento Ferreira e de diversos(as)
voluntários(as), lutando bravamente até quase a meia noite; no ano de 2016, outro
incêndio, desta feita na atura da pontinha, destruindo boa parte dos buritizais
e da vegetação; no final do ano 2016, a Vereda Vaca agonizou-se durante longos 48
(quarenta e oito) dias, com um volume enorme de esgotos, sem tratamento, sendo
lançado na altura da referida pontinha, próximo à Prefeitura, destruindo boa
parte da Vereda, contaminando-a.
Os reatores da ETE (Estação de Tratamento de Esgotos) não estão funcionando há
mais de 02 (dois) anos, cujos esgotos da Cidade de Arinos estão sendo lançados
a céu aberto, numa várzea, no final da Vereda Vaca, causando, dentre outras
consequências, concentração de insetos e um mau odor insuportável à população da
Rua Minas Gerais e adjacências. Por isto
e muito mais, pelo que a Vereda Vaca representa para nós, arinenses, que amamos
esta terra, é que foi escolhido este importante bioma para nossa reflexão/ação.
Aliás, por se falar em bioma, a Campanha
da Fraternidade deste ano – 2017 -, promovida pela CNBB, traz como Tema “Fraternidade:
biomas brasileiros e defesa da vida”, tendo como Lema “Cultivar e guardar a Criação”
(Gênesis 2,15). Ano passado, o Papa Francisco sugeriu e a CNBB acolheu
como Tema: “Casa comum, nossa responsabilidade” e como
Lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que
não seca” (Amos 5,24).
Os nossos rios estão com o volume d’água
super-reduzido, como, por exemplo, o Rio Pacari, afluente do Rio Claro, que é
afluente do Rio Urucuia, está secando em épocas jamais visto, devido ao
desmatamento, à monocultura de eucalipto (milhares de hectares) próximo à sua
nascente/cabeceira; o Rio São Gonçalo, afluente do Rio Piratinga, que por sua
vez é afluente do Rio Urucuia, está secando, devido ao desmatamento na sua
cabeceira/nascente, provocando o assoreamento e também devido ao pisoteio
constante de gado em seu leito. O Rio Claro também está secando, porque a empresa
Sidersa e outros plantaram milhares de hectares de eucalipto próximo as
nascentes do rio Claro.
Assim, diversos rios, riachos, córregos, nascentes, veredas,
etc., estão agonizando, pedindo socorro ou já morreram, vítimas de queimadas, do
capitalismo e dos capitalistas, que não levam em conta o ser, e sim, o ter.
Portanto, caríssimos irmãos e irmãs, vamos nos conscientizar
da gravidade do problema socioambiental, temos que ter responsabilidade
ambiental e geracional. Nossa missão é cuidar de toda a criação e não devastar.
Eis algumas boas maneiras que contribuem para a preservação do
meio ambiente: tomar banho o mais rápido possível, reaproveitar a água que lava
as roupas, captar água da chuva para molhar plantas ou outras finalidades,
fechar a torneira da pia enquanto escovar dentes ou barbear, verificar se há
vazamentos em casa, evitar a queima do lixo, não jogar plástico no ambiente,
não jogar objetos não biodegradáveis às margens de rodovias e ruas, dentre
outras ações.
Veja também os vídeos e textos que estão no Blog da 20ª
Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais:
Um abraço
fraterno e até Unaí, no noroeste de MG, dia 23/07/2017, para a Celebração Final
da 20ª Romaria das Águas e da Terra de MG.
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