MST
de MG não aceitará despejo na sede e nem nos escombros da ex-usina Ariadnópolis
em Campo do Meio, Sul de Minas.
Nota da CPT/MG. Belo
Horizonte, MG, 03/03/2016.
Dias 1 e 2 de março de 2016,
um militante do MLB e eu, frei Gilvander, da CPT/MG, participamos da luta do
MST no Sul de Minas Gerais, no município de Campo do Meio. No Sul de MG, o MST
já conquistou 3 assentamentos: O P.A Primeiro do Sul e o P.A Nova Conquista II,
no município de Campo do Meio, e o P.A Santo Dias, no município de Guapé. No
latifúndio da ex-usina Ariadnópolis, em cerca de 5 mil hectares, o MST está com
12 acampamentos com cerca de 600 famílias. Em 25/09/2015, o Governador Pimentel
assinou decreto desapropriando grande parte da área da ex-usina Ariadnópolis, a
Fazenda Gravatá em Novo Cruzeiro e a Fazenda Nova Alegria, em Felisburgo,
repassando para cerca de 800 famílias do MST, que estão acampadas há 18 anos.
Mas faltam ainda 864 hectares da ex-usina Ariadnópolis para ser desapropriada e
26 hectares da sede e a parte onde está a carcaça e os escombros da ex-usina
Ariadnópolis. Pior: o Geovane, gerente da massa falida CAPIA, entrou com
recurso no TJMG para derrubar o decreto de desapropriação do governador de MG. As
centenas de famílias acampadas nas terras da Ariadnópolis estão muito indignadas
com este questionamento do Geovane. Dia 11/10/2015, o MST, com cerca de 2 mil
Sem Terra ocuparam a sede da ex-usina Ariadnópolis e a área do escombros da
ex-usina da Ariadnópolis, formando, assim, o 12º acampamento nas terras da
Ariadnópolis. Fomentando o gravíssimo conflito agrário nas terras da Ariadnópolis,
um dos maiores conflitos agrários do país, que se arrasta há 18 anos, o juiz da
Vara Agrária de MG, sem visitar a área, acreditando em mentiras do
Geovane/CAPIA, deferiu liminar de reintegração de posse e um desembargador do
TJMG confirmou a liminar. Está marcado para se tentar fazer o despejo dia 10 de
março próximo, prazo concedido pelo juiz da Vara Agrária. Mas as 600 famílias
do MST da Ariadnópolis e cento e poucas famílias dos 3 assentamentos da região e
uma grande Rede de Apoio não aceitarão jamais o despejo do MST da sede da Ariadnópolis
e nem da área dos escombros da ex-usina. Não dá mais para tolerar a violência
que o latifúndio vem perpetrando nas terras da Ariadnópolis. Há mais de 100
trabalhadores assentados na Ariadnópolis que eram trabalhadores na Usina. Um nos
disse que há 18 anos, quando o MST chegou na região, a dívida trabalhista dele
era de 135 mil reais. Hoje deverá estar acima de 500 mil reais. São cerca de
500 trabalhadores violentados pela ex-usina Ariadnópolis sem receber suas
dívidas trabalhistas. A massa falida da ex-usina Ariadnópolis devem milhões ao
erário público e dívidas trabalhistas. A mansão da sede tem 5 andares, com
elevador e luxo que não acaba mais. É um escárnio, uma indecência, uma
imoralidade, uma mansão daquela no meio do povo Sem Terra que sua para se
libertar da escravidão do capital. Em volta da mansão da sede há mais de 20
grandes casas, incluindo um grande castelo e casas históricas. O MST tem
projeto para implantar na sede e nessas 20 grandes casas uma Escola estadual,
um Centro de Formação Eduardo Galeano, que será uma “filial” da Escola Nacional
Florestan Fernandes. O Instituto Federal de Machado, do Sul de MG, já tem
parceria com o MST e quer colocar lá também cursos em várias áreas técnicas.
Dia 01/03/2015, em reunião, in loco, com representantes do Governo
de MG (casa civil, sec. do Planejamento e AGE) e com 4 comandantes da PM, lideranças
do MST e representantes da Rede de Apoio deixaram claro que não aceitarão o
despejo marcado para dia 10/03/2016, que caso a PM tente fazer o despejo,
poderá acontecer um grande massacre, pois as 600 famílias da Ariadnópolis já
sofreram 12 despejos, já foram muito humilhadas pelo Geovane e Rose, gerentes
da massa falida. E não abrem mão de instalar na sede e nas 20 casas grandes ao
redor uma Escola Estadual e um Centro de Formação Eduardo Galeano. Se o juiz da
Vara Agrária tivesse ido visitar e tivesse visto o luxo e a ostentação da mansão
e os escombros da ex-usina, provavelmente não teria concedido a liminar de
reintegração, que é injusta e inconstitucional. Despejar o MST da sede e dos
escombros da ex-usina Ariadnópolis é premiar mais uma vez o latifúndio, a
corrupção, a especulação em cima do sequestro da terra, é impedir a instalação
de uma necessária Escola estadual e de um grande Centro de Formação Eduardo
Galeano. Os Sem Terra e o MST toleraram 18 anos sem ocupar a sede da ex-usina e
a área dos escombros da ex-usina Ariadnópolis, mas dia 11/10/2015 ocuparam para
não sair mais. Esperamos que o Governo de MG, o TJMG e o alto comando da PM
tenham a sensatez de não tentar despejar essa nova ocupação e que desaproprie
inclusive a sede da ex-usina Ariadnópolis e a área dos escombros da ex-usina
Ariadnópolis. Isso será justiça agrária tardia. Isso é o justo que deve
prevalecer.
Obs.: Veja, abaixo, algumas fotografias la luta digna e justa dos Sem Terra do MST lá nas terras da ex-usina Ariadnópolis. Fotos de 01/03/2016, de Gilvander Moreira.
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