Informe-denúncia
sobre a pressão infernal sobre a Ocupação Vila da Conquista, em Belo Horizonte.
Cresce a pressão para o despejo, mas também cresce a resistência.
Hoje,
2f., dia 09/10/2017, foi um dia inteiro de luta e resistência na Ocupação Vila
da Conquista, no Ventosa, em Belo Horizonte, MG, na zona Oeste, à Alameda do
Grotão, número 23. Desde quinta-feira passada, 05/10, a PMMG vem fazendo
várias incursões na Ocupação Vila da Conquista tentando intimidar e causando
pânico nas crianças.
As
notícias boas de hoje – 09/10/2017 – são: 1) Cerca de 100 famílias da Ocupação
Vila da Conquista seguem resistindo e a Rede de Apoio está crescendo; 2)
Protocolamos na Cidade Administrativa junto à Mesa de Diálogo com as ocupações
Ofício exigindo Negociação justa e que a Defesa Civil estadual faça junto com o
geólogo imparcial Dr. Carlos Von Sperling novo laudo geológico na área da
Ocupação; 3) Uma Comissão do Programa Diálogos Comunitários, do Ministério
Público e da Cáritas, passou a tarde junto com as famílias ouvindo e fazendo
relatório psicossocial que poderá contribuir para um justo desfecho do
conflito; 4) Um MC (MC ConiHD) da comunidade da Ventosa fez uma música e gravou
um vídeo em apoio à Ocupação Vila da Conquista.
Entretanto,
hoje foi um dia de muita tensão e tivemos notícias muito ruins. Logo cedo
várias viaturas da tropa de choque da PM/MG chegaram à Ocupação Vila da
Conquista e muitos policiais ficaram a manhã toda rondando a Ocupação, na parte
de baixo e na parte de cima. Uma assessora do prefeito de BH nos informou que a
ordem para despejar de forma iminente a Ocupação Vila da Conquista foi dada
pelo 2º alto comando da PM. Um tenente do 5º BPM nos disse que “é iminente o
cumprimento da liminar de reintegração.” Vimos crianças agarradas na perna de
várias mães chorando e pedindo para ir ficar com a avó, porque “os policiais
querem nos matar”, clamavam. Isso nos fez recordar do despejo da 1ª Ocupação
Eliana Silva, no Barreiro, em BH, quando 350 famílias sitiadas pela PMMG, com
helicóptero da PMMG fazendo vôos rasantes, terminaram despejando a Ocupação,
mas esta ressuscitou no terceiro mês. Hoje vimos essa cena: crianças chorando
agarradas às suas mamães e dizendo em meio às lágrimas que “os policias querem
nos matar. Por que eles vão destruir nossas casas? Por que são tão maus?”
Perguntamos:
cadê os/as Conselheiros/as Tutelares das Crianças e dos Adolescentes? Cadê a
Promotoria do MP da área da infância e do adolescente? Quando acionarão o juiz
da Vara da Infância e da adolescência para que o Estatuto da Criança e dos
Adolescentes seja respeitado? São dezenas de crianças e dezenas de adolescentes
morando há mais de 2 anos na Ocupação Vila da Conquista.
Por
volta das 14h15 eis que um alvoroço tomou conta novamente da Ocupação Vila da
Conquista. Vários moradores viram e chegaram à Ocupação Vila da Conquista
alertando que um Caveirão da tropa de choque estava a 200 metros da ocupação
com muitos policiais. Não conseguiram tirar fotos temendo serem presos.
Subitamente, inúmeros jovens chegavam de vários lugares e fogo em uma das
barricadas foi ateado. Vimos mais uma vez que é gravíssimo o conflito social
que envolve diretamente cerca de 100 famílias. Alertamos mais uma vez que há
muitos indícios que demonstram que se a PMMG for fazer o despejo, poderá, sim,
acontecer massacre. Não podemos brincar com fogo. O povo está determinado a não
aceitar a destruição de suas quase 100 casas. O povo sabe que a decisão liminar
de reintegração de posse não é justa e nem constitucional. O povo sabe que não
está em área de risco. Os dois barracos que estavam em área de risco já foram
demolidos e as famílias acolhidas em terreno firme. O povo sabe que a empresa
Lima Drumond não tinha posse do terreno antes, até porque era um lixão, de onde
o povo retirou mais de 13 caminhões de lixo. O povo está indignado com a falta
de abertura para negociação séria por parte da Mesa de Negociação do Governo de
MG. É injustiça que clama aos céus termos ouvido várias vezes do secretário da
Mesa que não dá para negociar, pois “a área é de risco”. Isso é mentira. Por
que o Governo de MG, antes de enviar a PMMG, não envia a Defesa Civil estadual
para junto com o nosso Geólogo Dr. Carlos Von Sperling constatar que o laudo de
30 páginas do Dr. Carlos é sensato ao demonstrar que não se trata de área de
risco?
Após
o povo interditar a Alameda do Grotão, por volta das 14h20, chegou de novo
policiais militares. Por volta das 16h00, enquanto o povo, em vigília, fazia assembleia
e gravava entrevistas, novamente várias viaturas da PMMG chegaram à Ocupação,
com policiais também em motocicleta fazendo desnecessária abordagem em dois
jovens que passavam de moto.
Para
aumentar a indignação do povo, o Cláudio Vinícius, presidente da URBEL, que
tinha recebido uma Comissão de Moradores da Vila da Conquista na 6f., dia
06/10, retornou telefonema para uma das coordenadoras da Ocupação e disse que o
prefeito de BH, Alexandre Kalil, não quer receber uma comissão da Ocupação e
nem se comprometer em declarar de utilidade pública por interesse social para
fins de habitação popular a área ocupada. Kalil, não esqueça que você foi
eleito graças ao voto das Ocupações Urbanas e sua imensa rede de apoio. Você,
Kalil, prometeu regularizar as Ocupações já existentes. A Ocupação Vila da
Conquista já tem mais de 2 anos e está em franco processo de consolidação. Dar
uma de Pilatos diante desse conflito pode significar jogar mais gasolina no
fogo de um gravíssimo conflito social que só será superado de forma justa e
pacífica com Política/Negociação e jamais com repressão policial.
Outro
sinal perigoso: uma assessora do Ministério Público de Minas Gerais, ao ir para
a Ocupação Vila da Conquista, viu em bairro próximo à ocupação dois policiais
militares em motocicletas abrindo caminho para um trator que vinha não se sabe
para onde. Será trator para derrubar as casas?
No
final da tarde apareceu uma luzinha no final do túnel: uma professora
universitária e advogada da Comissão dos Direitos Humanos da OAB/MG, a pedido
nosso, conseguiu falar com o desembargador Dr. Newton Teixeira, que está com o
processo em mãos. Ele aceitou receber os/as advogados/as, frei Gilvander e
etc., amanhã, terça-feira, dia 10/10/2017, às 14h00 na 17ª Câmara Cível do
TJMG. Oxalá seja revista a decisão liminar de reintegração.
Obrigado a todas as pessoas de boa vontade que irmanadas estão lutando ao lado da querida Ocupação Vila da Conquista. Clamamos por sensatez de todas as autoridades envolvidas abram-se ao diálogo sério, pois no meio do caminho não havia apenas uma pedra, mas há um povo aguerrido na luta pelos seus direitos sociais a partir do direito a moradia.
Obrigado a todas as pessoas de boa vontade que irmanadas estão lutando ao lado da querida Ocupação Vila da Conquista. Clamamos por sensatez de todas as autoridades envolvidas abram-se ao diálogo sério, pois no meio do caminho não havia apenas uma pedra, mas há um povo aguerrido na luta pelos seus direitos sociais a partir do direito a moradia.
Na
última madrugada, às 03h00 da madrugada, um grupo de mulheres da Ocupação Vila
da Conquista passou de casa em casa na Ocupação abençoando todas as casas. E,
também, ontem à noite, na Assembleia Geral da Ocupação, frei Gilvander entregou
ao povo da Ocupação Vila da Conquista uma Muda de árvore recebida no Festival
de Arte e Cultura da Reforma Agrária. Em um momento de mística, oramos e
pedimos à comunidade para plantar aquela muda de uma árvore nativa de MG, assim
como o profeta Jeremias profetizou "plantando em um sítio" como sinal
de que o povo não seria pisado.
Obs.:
Mais informações:
No
face: Ocupação Vila da Conquista
Nos
facebooks de frei Gilvander
No
faceboook do MLB – Minas Gerais
Belo
Horizonte, MG, 09/10/2017, às 22h00.
Assinam
esse Informe-Denúncia:
Movimento
de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
Comissão
Pastoral da Terra (CPT)
Coordenação
da Ocupação Vila da Conquista
Contatos
para maiores informações:
Thales
Viote – thalesviote@gmail.com
e (31)99486-6845
Com
Roseli – cel. 31 98631 8071
Frei
Gilvander – gilvanderlm@gmail.com
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