Confrontados
com a amplitude e a importância das várias ações que foram aprovadas na
plenária do Encontro Arquidiocesano, o grupo resolveu criar um Coletivo
de Fé e Política da Arquidiocese.
O Coletivo atuará como uma instância que, incialmente, terá os seguintes objetivos:
a) Auxiliar o Nesp na articulação, formação e ampliação dos grupos e práticas de fé e políticas existentes na Arquidiocese;
b) Articular a implementação das ações resultantes do 3° Encontro Arquidiocesano de Fé e Política;
c) Ajudar
na elaboração das macro-diretrizes das ações de fé e politica no âmbito
arquidiocesano, subsidiando o Nesp e o Vicariato da Ação Social e
Política na tomada de decisões estratégicas;
d) Auxiliar o Nesp na produção da “Campanha Eleições 2016.”
O
Coletivo é composto por representantes de grupos de fé e política e de
outros movimentos cristãos que associam a vivência da fé a partir de
compromissos éticos com a justiça social, equidade, fraternidade e
construção da paz. Apesar de ter um número limitado de participantes, o
coletivo está aberto à participação de representantes de movimentos que
atuam nessa perspectiva.
O próximo encontro do Coletivo de Fé e Política da Arquidiocese de Belo Horizonte será no dia 27 de abril.
Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail: nesp@pucminas.br
DOCUMENTO SÍNTESE DO TERCEIRO ENCONTRO ARQUIDIOCESANO DE FÉ E POLÍTICA
Em 28 de novembro de 2015, realizou-se na PUC Minas o 3º Encontro Arquidiocesano de Fé e Política. Naquela
ocasião, após diversas explanações sobre o contexto sociopolítico
brasileiro à luz das propostas do Papa Francisco, os participantes
reuniram-se em grupos de discussão visando ao debate sobre os desafios
para a formação, a organização e a ação de grupos de fé e política
atuantes na Arquidiocese de Belo Horizonte.
Ao
final, os resultados dos trabalhos foram apresentados ao plenário. Esse
material foi posteriormente organizado e categorizado, na forma como se
apresenta a seguir, de modo a contemplar o conjunto de ideias,
experiências e sugestões apresentadas pelos grupos, incluindo tanto
posições convergentes quanto contraditórias.
Espera-se
que este documento sirva como estímulo à reflexão e ao aprofundamento
sobre cada uma das questões levantadas, e que inspire os grupos e outros
coletivos de fé e política em suas próprias decisões de encaminhamento.
A - Formação
1. Temas a serem trabalhados
Segurança
pública, violência, assassinatos (homicídio, trânsito); reforma urbana
(habitação, concentração fundiária, precarização, expulsão dos pobres,
mobilidade urbana, transporte como direito e tarifa de transporte);
reforma do Judiciário; auditoria cidadã da dívida, sistema financeiro
global de exploração; barragens, em especial de rejeitos de mineração,
com destaque para o projeto de construção de uma barragem em Rio Acima
que afetaria toda a região metropolitana.
2. Conhecer e aprofundar as orientações do Papa
Estudo
da carta dos movimentos populares na Bolívia e do discurso do Papa aos
movimentos populares em Roma e na Bolívia. Promoção de um encontro
arquidiocesano preparatório ao Encontro Brasileiro dos Movimentos
Populares, em diálogo com o Papa Francisco.
3. Formar novas lideranças
Incentivar
o protagonismo leigo, na perspectiva de que sejam agentes de mudança;
oferecer formação especializada tendo em vista uma atuação mais eficaz.
4. Resgatar a memória de grupos de luta da Igreja Católica
5. Promover formação continuada com estímulo à participação dos jovens. Promover o protagonismo jovem e sua atuação em suas comunidades e no mundo.
6. Fazer uso de ferramentas virtuais, tais como vídeos e redes sociais e outras mais.
B - Atuar na Igreja, para atuar na sociedade
7. Incidir na formação dos seminaristas a partir da perspectiva do Papa Francisco, com ênfase em temas sociais e políticos.
8. Atuar segundo a estrutura da Arquidiocese (regiões, foranias, paróquias) visando descentralizar e fortalecer os grupos.
Estimular o trabalho dos grupos observando que não se mantenham
vinculados exclusivamente à Igreja. Atuar no âmbito das paróquias e
foranias buscando mobilizar a própria comunidade. Estimular a formação
de grupos de modo que cada paróquia venha a ter um grupo de fé e
política, conforme proposto na APD.
9. Ocupar os espaços institucionais da Igreja (paróquias,
foranias e regiões), participando, por exemplo, do Conselho Pastoral
Paroquial e do Setor Social e Político das regiões.
10. Estimular a criação em cada paróquia de um Núcleo de Acolhida e Articulação da Solidariedade Paroquial (NAASP).
11. Promover e ampliar os trabalhos que já existem,
em âmbito paroquial, e também arquidiocesano, tais como a Casa de Apoio
Nossa Senhora da Conceição, que acolhe moradores de rua e portadores de
HIV.
12. Trabalhar os temas políticos e sociais nas escolas católicas,
buscando estimular o jovem como ser social e político, que não tenha
medo de professar sua fé e saiba se posicionar em relação aos problemas
sociais e políticos.
13. Participar da V Assembleia do Povo de Deus (V APD), buscando
fortalecer a articulação do setor social e político; aprofundar uma
cultura sociopolítica que se torne uma agenda arquidiocesana; articular
as várias agendas.
C - Comunicação e ação
14. Descentralizar informações e fortalecer comunicação alternativa,
de modo a contribuir para romper o bloqueio da mídia. Estimular meios
alternativos, apoiar o jornal Brasil de Fato (socializar formas de
acesso ao jornal), e criar canais de apoio. Buscar fazer com que as
informações cheguem não somente aos grupos e lideranças, mas a toda a
comunidade.
15. Construir e fortalecer redes virtuais (internet) entre grupos, movimentos e paroquias.Utilizar as rádios da internet.
16. Fortalecer a comunicação nas paróquias, buscando uma comunicação motivadora e envolvente.
17. Fortalecer as semanas sociais nas paróquias, principalmente naquelas onde não há grupo de fé e política.
D - Organização e ação
18. Oferecer apoio e orientação sobre como construir grupos de fé e política.
19. Atuar conforme o tripé “organização, formação e luta”.
20. Atuar em rede. Romper
as estruturas dos grupos isolados e atuar articuladamente, contribuindo
para que a articulação política promova coesão, capacidade de
planejamento e efetividade na ação, criando um calendário de eventos
comuns, com articulação a partir de temas.
21. Participar de redes amplas que
incluam órgãos municipais, integrando comissões locais; articular-se
com centros de saúde e demais órgãos públicos da região, igrejas,
associações comunitárias, CEBI, círculos bíblicos, Pastoral da
Juventude, pastorais sociais, Pastoral da Catequese, escolas e comércio
da região.
22. Contribuir para a unidade dos movimentos populares.
23. Estimular os grupos para que atuem articulados, de forma ecumênica e inter-religiosa.
24. Trabalhar na perspectiva da diversidade, visando
ao fortalecimento das mulheres, ao envolvimento de diferentes etnias,
dos indígenas, ciganos, afrodescendentes e quilombolas presentes nos
municípios que integram a Arquidiocese de Belo Horizonte.
25. Trabalhar o termo “política”,
para vencer resistências. Desconstruir a associação da política com
práticas de ódio e reconstruir a ideia de política como ação com vistas
ao bem comum.
26. Driblar a resistência das pessoas ao termo política, fazendo uso do termo Fé e Vida, Fé e Cidadania, Justiça e Fé, Fé e Compromisso.
27. Trabalhar com o olhar voltado para o bairro,
para solução dos problemas locais, começando pelas comunidades;
articular-se com as associações de bairro; fortalecer a concepção de fé e
política na vida comunitária.
28. Que as bases envolvam os padres em
suas ações de modo a estimular o comprometimento deles com questões
sociais. Incentivar os párocos para que abordem questões sociais e
políticas nas homilias.
29. Trabalhar iniciativas e grupos específicos com juventude e adolescentes.
30. Realizar uma semana de fé e política na Arquidiocese.
31. Fortalecer a luta pela Reforma Política,
promovendo assembleias populares, tal qual proposto pela Campanha
Nacional de Luta pela Constituinte Exclusiva; realizar encontro
específico dos grupos de fé e política para traçar metas.
32. Estimular um encontro com todas as pastorais da Igreja visando a maior conscientização social e a união de esforços e práticas entre os movimentos e pastorais.
33. Envolvimento pessoal nas agendas e lutas dos vários coletivos,
a exemplo da Coalizão para a Reforma Política, o Fórum Nacional pela
Democratização dos Meios de Comunicação, a Campanha pela Reforma
Política via uma Constituinte Exclusiva do Sistema Político, a luta pela
reforma do judiciário, os movimentos de moradia, etc.
34. Para o próximo encontro arquidiocesano de fé e política,
trabalhar nos grupos por temas; propor posições divergentes na
composição das mesas; melhorar a divulgação dos encontros nas casas
parlamentares.
35. Realizar o Encontro Estadual do Movimento Mineiro de Fé e Política em setembro de 2016, em parceria com as CEBs; participar dos encontros preparatórios, incluindo o tema fé e política nos encontros de CEBs.
36. Participar do 10a Encontro Nacional de Fé e Política, em Campina Grande (PB), de 22 a 24 de abril de 2016.
E - Políticas públicas e atuação na institucionalidade
37. Estimular a construção de um projeto político a partir das bases para pautar as eleições de 2016. Atuar de modo independente dos poderes públicos.
38. Criar rede dos parlamentares e executivos eleitos com compromisso com fé e política, para partilha de experiência, em âmbito forâneo, regional e arquidiocesano.
39. Que os políticos sejam chamados, independentemente de partido, a prestar contas, participar de debates, apresentar projetos, alimentando o diálogo.
40. Que os grupos procurem conhecer os candidatos e que façam o estudo cuidadoso dos projetos ou programas deles, recomendando aqueles que se mostram comprometidos com os projetos de interesse social, sem, no entanto, “fechar” em um nome.
41. Promover ações articuladas para fortalecimento das políticas públicas.
42. Promover a formação e a articulação de conselheiros.
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NÚCLEO DE ESTUDOS SOCIOPOLÍTICOS - Nesp
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Avenida Dom José Gaspar, 500 – Prédio 04 – Sala 205
30.535-901 – Belo Horizonte – MG
Fone: + (55) 31 3319-4978 E-mail: nesp@pucminas.br
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