Há 8 anos, em 16 de fevereiro de 2008, nascia na periferia de Belo Horizonte, na região do Barreiro, a primeira ocupação horizontal (de terra urbana ociosa, não edifício construído) organizada pelas Brigadas Populares de Minas Gerais, juntamente com o Fórum de Moradia do Barreiro.
A ocupação Camilo Torres representou um marco histórico na retomada das ocupações organizadas na cidade, depois de anos e anos de gestão petista marcada pela cooptação de lideranças populares e apatia dos movimentos de moradia vinculados às sucessivas administrações.
Ao longo desse tempo, a comunidade se consolidou, apesar das investidas do poder instituído para a realização do despejo em várias ocasiões. Contra a intolerância do poder, venceu a resistência da comunidade Camilo Torres que se somou à resistência de inúmeras outras ocupações na cidade, como Dandara (2009), Irmã Dorothy (2010), Eliana Silva (2012), ocupações da Izidora (2013), etc.
Tanto a comunidade Camilo Torres, como as demais ocupações organizadas desde então, ainda vivem o drama da insegurança da posse, lutando contra o despejo e pela regularização fundiária dos seus territórios.
Em verdade, a luta das ocupações urbanas em Belo Horizonte é retrato da falência da política pública de provimento habitacional que trata a moradia como mercadoria.
Os movimentos organizados, articulados em rede, têm conseguido superar de longe, em termos quantitativos e qualitativos, a política pública de habitação de interesse social (Minha Casa Minha Vida faixa 1).
Somente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, as ocupações de terrenos acompanhadas por movimentos organizados, realizadas pelas (os) sem teto, sobretudo a partir de 2008, conseguiram assentar mais de 10 mil famílias pobres.
Por outro lado, o poder público segue intransigente em sua postura hostil contra as pessoas que decidiram lutar pela garantia do direito à cidade.
As Brigadas Populares não acompanham mais a organização interna do território na comunidade Camilo Torres, mas não poderíamos deixar de dar os parabéns pelos seus 8 anos de ousadia e resistência. Vida longa à ocupação Camilo Torres! Vida longa a todas ocupações! "Se a moradia é um luxo, ocupar é um direito".
Por Bruno Cardoso
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