Vale supera meta de produção apesar de acidente em MG
Por Francisco Góes e Alessandra Saraiva
Apesar do acidente da Samarco e da paralisação de operações menos eficientes em Minas Gerais, a Vale bateu recordes de produção e superou a meta que havia estabelecido, em termos de volumes, para o minério de ferro em 2015. A Vale produziu 345,9 milhões de toneladas de minério de ferro no ano passado, quase seis milhões acima das 340 milhões de toneladas fixadas como objetivo pela própria empresa. O número inclui a produção adquirida de terceiros. Nos metais básicos, porém, a mineradora não conseguiu atingir os objetivos de produção que havia se proposto para o níquel e o cobre no ano passado e desapontou, mais uma vez, parte do mercado.
Logo depois do rompimento da barragem da Samarco, em novembro de 2015, surgiram dúvidas se a Vale conseguiria cumprir a meta de produção do ano. Isso porque a tragédia de Mariana (MG) afetou parte da operação da Vale no município. No relatório de produção divulgado ontem, a Vale afirmou que tomou medidas para melhorar a performance em outras operações e assim mitigou a perda de produção no complexo de Mariana, de propriedade da empresa, vizinho à Samarco. No terceiro trimestre, a Vale já havia paralisado operações menos eficientes com capacidade total de 13 milhões de toneladas. No entanto, os ganhos registrados em outras minas e o crescimento da produção em unidades de beneficiamento em Minas Gerais compensaram as perdas registradas em Mariana.
A produção em Carajás, no sudeste do Pará, também cresceu, sobretudo como resultado de maiores volumes em novas minas que a Vale começou a explorar na região. A performance dos principais sistemas de produção da Vale (em Minas e no Pará) permitiu obter recordes no quatro trimestre do ano passado, quando a empresa produziu 88,4 milhões de toneladas de minério de ferro, incluindo compra de terceiros, com alta de 2,4% sobre o mesmo período de 2015. Se for excluída a compra de minério de outras empresas, a produção própria da Vale entre outubro e dezembro ficou em 85,3 milhões de toneladas, 2,9% a mais do que no quarto trimestre de 2014.
Para 2016, a Vale indicou uma "banda" flexível de produção de minério de ferro, que se situa entre 340 milhões e 350 milhões de toneladas. E disse que vai privilegiar margens ao invés de volumes. Entre analistas, a visão é de que o mercado "desafiador"de preços continuará a pressionar o fluxo de caixa da Vale este ano. Em relatório aos clientes, o Credit Suisse onsiderou como "neutro"o efeito do relatório de produção divulgado ontem sobre as ações da Vale. Na quinta-feira, a empresa vai divulgar o balanço financeiro de 2015 e a expectativa, entre bancos, é de que a empresa anuncie um prejuízo bilionário como resultado direto da queda nos preços (minério de ferro, carvão, cobre e níquel) e também pelo efeito contábil, na dívida em dólares da companhia, da desvalorização do real.
O ponto decepcionante do relatório de produção ficou, na visão de analistas, com os metais básicos. No comentário aos clientes, o Credit Suisse reconheceu que a produção de níquel e cobre cresceu no quatro trimestre, mas mesmo assim desapontou. Os volumes de níquel produzidos pela Vale totalizaram 291 mil toneladas no ano passado, 2% abaixo da meta de 296 mil toneladas indicada pela empresa em encontro com investidores, em dezembro. Na comparação com 2014 (27 5 mil toneladas), a produção de níquel subiu 5,7 %. No cobre, o volume de produção anualizado ficou em 424 mil toneladas, aquém da meta de 430 mil toneladas. Para 2016, a meta de produção da Vale no níquel prevê 324 mil toneladas e, no caso do cobre, de 459 mil toneladas. No carvão, a Vale produziu 7 ,3 milhões de toneladas no ano passado, queda de 15,1% sobre 2014.
NB: repassando email do MST sgeral@mst.org.br
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