IZIDORA
RESISTE E CAMINHA PARA A REGULARIZAÇÃO, MAS PIMENTEL PREMIA SUSPEITO DE ESPECULAÇÃO
E GRILAGEM
Dia
06 de julho de 2018, mais de cinco anos (5) após o início das ocupações Rosa
Leão, Esperança e Vitória, na região da Izidora, em Belo Horizonte e Santa
Luzia, MG, onde resistem 8.000 famílias, no último dia antes de iniciar o
período de vedação eleitoral, de forma eleitoreira (Por que não assinou
antes?), foi assinado pelo Governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, um
despacho governamental que autoriza a COHAB (Companhia de Habitação de Minas
Gerais) a realizar permutas de terrenos com os pretensos
"proprietários" das áreas ocupadas para transformar os terrenos das
ocupações em áreas públicas destinadas a regularização fundiária.
O
despacho governamental, na prática, ainda não é uma garantia de regularização,
o que dependerá de muita luta do povo das ocupações e dos movimentos Brigadas
Populares, MLB, CPT e Coletivo Margarida Alves. Mas representa um pequeno
avanço, pois uma vez que as áreas passem a ser do Estado elas podem e devem
receber a infraestrutura urbana e os equipamentos públicos necessários a uma
vida digna como postos de saúde, escolas, creches, saneamento e eletrificação.
Direitos que têm sido negados até então para o povo das Comunidades da Izidora.
Lutamos
pela regularização das Ocupações da Izidora, para que as comunidades Rosa Leão,
Esperança e Vitória sejam reconhecidas no novo Plano Diretor de Belo Horizonte
como AEIS - Área de Especial Interesse Social -, e para que as terras que não
cumpriam a sua função social sejam passadas a seus legítimos possuidores: as 30
mil pessoas que vivem e constroem três grandes bairros populares e de
resistência em Belo Horizonte e Santa Luzia.
No
entanto, desconhecemos o teor do acordo realizado, se é que já foi firmado,
entre o Estado de Minas e os pretensos "proprietários" das áreas
ocupadas e repudiamos a forma como a negociação excluiu as ocupações e os
movimentos sociais (Brigadas Populares, CPT e MLB), que até hoje não foram
recebidos em uma reunião com o Governador Pimentel para tratar deste assunto.
Injusta a postura do Pimentel que em 3 anos de 6 meses de gestão estadual não
recebeu nem uma vez as coordenações das Ocupações da Izidora e repudiamos, mais
uma vez, as violências cometidas pelo Estado de Minas, cujo ápice foi a
repressão na MG 10 dia 19 de junho de 2015, quando mais de 100 companheiros
foram feridos, entre eles Ricardo Freitas (o Kadu), e mais de 50 pessoas
presas. Foi repressão covarde, estúpida e asquerosa, pois a marcha de mais de 2
mil pessoas seguia pacificamente pela MG 010 rumo à Cidade Administrativa. Do
helicóptero da PM de MG foi jogada bomba de gás lacrimogêneo que caiu no colo
de Alice, uma criança de 9 meses que estava no carrinho de bebê. Por um milagre
não foi assassinada pela PM uma criança de 9 meses.
Além
disso, entendemos que a permuta de terrenos e a desapropriação com dinheiro não
são as medidas justas a serem tomadas pelo Estado, pois premiam a especulação
imobiliária e a grilagem de terras, sobretudo da Granja Werneck S.A, cujo
título de propriedade da Matrícula 1202 apresenta 09 fortes indícios de
grilagem, o que foi denunciado pelas ocupações, movimentos e rede de apoio. A
Granja Werneck S.A, além de pressionar por cinco anos (5) pelo despejo da
Izidora, avançou sobre as terras do Quilombo Mangueiras e ainda, por meio de
familiares da Granja Werneck, processou Frei Gilvander, da Comissão Pastoral da
Terra, porque ele também denunciou os fortes indícios de grilagem de terra. É
uma injustiça que a família Werneck seja premiada com um terreno valioso na
região metropolitana. A granja Werneck já recebeu ou vai receber um terreno que
vale 47 milhões de reais? E a existência de fortes indícios de grilagem de
terra, milhões em dívida de IPTU, terreno que estava abandonado, sem cumprir a
função social, no momento em que foi ocupado? Isso não conta? Especuladores e
grileiros não merecem ficar com a terra que é do povo. Por que o Estado de
Minas não faz o estudo da cadeia dominial que comprovará a grilagem conforme já
atestado por parecer de advogados especialistas em grilagem de terras?
Ressaltamos,
por fim, que se a Izidora está caminhando para a regularização é porque houve
muita luta do povo organizado. Izidora, o maior conflito fundiário urbano do
Brasil, é exemplo de resistência e luta para todo o povo trabalhador. É Vitoriosa,
assim como vitoriosas são as ocupações Dandara, Camilo Torres, Irmã Dorothy,
Eliana Silva, Paulo Freire, Carolina Maria de Jesus e tantas outras que
ensinaram com o exemplo a maior lição de todas: só a luta muda a vida! E,
direito se conquista na luta!
Pátria Livre! Venceremos!
Assinam essa Nota:
Coordenações
das Ocupações-comunidades Rosa Leão, Esperança e Vitória
Brigadas
Populares - BP
Coletivo
Margarida Alves - CMA
Comissão
Pastoral da Terra – CPT/MG
Movimento
de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas - MLB
Associação Arquitetas Sem
Fronteira – ASF
Belo Horizonte, MG, 08 de
julho de 2018.
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